Origem: Revista O Cristão – Primogênito

Jacó no Egito

Nos conflitos dos santos, não somente Satanás é derrotado, mas o santo que foi provado aprende novos segredos sobre sua própria fraqueza e sobre os recursos e a graça de Deus. Então, posso acrescentar, nas andanças do coração, ao se afastar do poder da fé e da esperança, não somente a alma recebe correção e é exercitada, como também ela aprende, para a glória de Deus, que deve retornar àquela postura na qual o Senhor a colocou primeiro. Esses pensamentos podem nos introduzir ao período de encerramento da história de Jacó.

No começo, Jacó tinha um título para a herança na graça e soberania de Deus. “O mais velho servirá ao mais moço” (TB) foi o decreto que Deus havia pronunciado em seu favor. Não foi permitido que os direitos da natureza na pessoa de Esaú ficasse em seu caminho. O propósito da graça de Deus garantiu tudo a ele; esse é o seu único, porém todo-suficiente título, assim como é o nosso. Ele se afastou dessa confiança simples. Ele procurou obter o selo de seu irmão para esse título (Gn 25:31), e depois, com astúcia, obter o de seu pai também (Gn 27). Isso foi uma fraude, e vinte anos de exílio, suportados em meio a injustiças e opressões, foram a disciplina divina.

Confiança em Deus 

Mas isso também era “confiança na carne” (TB). Era Galacianismo – uma busca para obter nosso título de bênção, ou direito de primogenitura, ou herança de Deus, selado por alguma outra mão que não a d’Ele.

No final, porém, sua alma se encontra no exercício da mais simples confiança. Ele está prestes a morrer, e os filhos de José, que ele teve com a egípcia, são trazidos diante dele. Ele imediatamente os adota. Eles não tinham título – pelo menos nenhum aos direitos dos primogênitos, mas Jacó os adota e os coloca no lugar dos primogênitos, dando-lhes uma porção dobrada e tratando-os como se eles fossem Rúben e Simeão.

Em tudo isso, houve a severa recusa de consultar carne e sangue. As suas entranhas podem ter intercedido pelo seu primogênito. Mas, não, Rúben deve ceder lugar a José, que, em seus filhos Efraim e Manassés, terá uma porção acima de seus irmãos. A graça prevalecerá. Fé é o que se lerá em seu título de primogenitura, bênção, herança divina e todas as coisas, em total contradição às reivindicações da carne e do sangue, ou aos direitos da natureza.

O propósito de Deus em graça 

Mas, além disso, Manassés, o mais velho, cederá a Efraim, o mais novo, assim como Rúben, o primogênito, foi obrigado a ceder a José, o décimo primeiro, e isso, também, apesar das mais comoventes súplicas e lutas da natureza. Nas entranhas de um pai, José contende pelos direitos de Manassés, e Jacó se compadece dele nesses anseios. Em resposta a eles, ele diz: “Eu o sei, meu filho, eu o sei”. Mas ele deve prosseguir, até deixar de dar ouvidos ao clamor da natureza e publique o propósito de Deus e o título da graça, colocando Efraim acima de Manassés (Gn 48).

Assim, ele é levado a ocupar o próprio terreno onde a mão de Deus o havia colocado no princípio, e do qual, por confiança na carne, ele se afastou. Ele agora aprende que aqueles a quem Deus abençoa serão abençoados, que Sua graça não precisa da ajuda da carne, nem Sua promessa do selo do homem. Não, mas que, em vez disso, apesar da carne, e na independência do homem, Deus a cumprirá. Se havia sido necessário para Jacó, de modo a garantir a herança divina para ele, obter a bênção de seu pai moribundo Isaque, Jacó agora vê, ao colocar Efraim acima de Manassés, apesar de José, que Deus poderia e teria feito isso acontecer. Ele havia desejado o próprio selo de Isaque para o seu título sob Deus, mas agora ele aprende que Deus pode vindicar o título que Ele confere e pode cumprir os compromissos e promessas de Sua graça, apesar, por assim dizer, até mesmo da terra e do inferno, da relutância da natureza, ou de todas as lutas da carne e do sangue.

J. G. Bellett

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