Origem: Revista O Cristão – Jardins

O Jardim do Getsêmani

O jardim do Getsêmani é bem conhecido, não só nos círculos Cristãos, mas também entre muitos que não conhecem o Senhor. Encontra-se no lado oriental de Jerusalém, em uma encosta que se eleva suavemente do vale de Cedrom, a caminho de aldeias que estavam presentes quando nosso Senhor estava na Terra – Betânia e Betfagé. Assim que um viajante atingisse o seu cume, o terreno inclinava-se acentuadamente para baixo em direção a Jericó.

A área era bem conhecida há milhares de anos, pois Davi atravessou o ribeiro de Cedrom e “subiu Davi pela subida das Oliveiras” (2 Sm 15:30). Era um lugar onde Jesus “muitas vezes Se ajuntava ali com os Seus discípulos” (Jo 18:2). Era um lugar de refúgio do barulho e das multidões de Jerusalém que cercavam nosso Senhor e Mestre durante o dia, e não parece que essas multidões O seguissem até lá, como às vezes faziam ao redor do Mar da Galileia. O nome Getsêmani significa “lagar de azeite” ou “lagar de azeitona”, já que a encosta estava coberta de oliveiras. Na verdade, algumas oliveiras muito antigas ainda estão lá, provavelmente datando do século XII. Quaisquer oliveiras que lá estavam durante o tempo de nosso Senhor provavelmente foram cortadas pelos romanos durante o cerco de Jerusalém em 69-70 d.C.

Um lugar de paz 

Era um lugar de paz e sossego, e não só o Senhor ia lá com Seus discípulos, mas às vezes ia sozinho, para ter um tempo de oração e até mesmo para passar a noite – veja Lucas 21:37. Se havia um jardim separado do olival é difícil dizer, mas era evidentemente um lugar que era cuidado e cultivado – um lugar agradável para visitar!

No entanto, quando o nome “o jardim do Getsêmani” vem à mente, ele imediatamente traz diante de nós o tempo que nosso Senhor passou lá com três de Seus discípulos pouco antes de ir para a cruz. Que cena foi essa! E certamente inigualável nos anais do tempo, ou mesmo da eternidade! Na mesma noite em que Ele seria preso e finalmente crucificado, vemos o Criador e Sustentador do universo, como Homem, contemplando a cruz e tudo o que ela significava. Ele poderia dizer: “Agora, a Minha alma está perturbada” (Jo 12:27), e Marcos 14:35 registra que Ele “prostou-Se em terra”. Que agonia era a d’Ele, ao enfrentar a questão do pecado – uma questão que Ele resolveria por toda a eternidade! Finalmente, tudo isso resultou em “Seu suorcomo grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão” (Lc 22:44 – AIBB). Esta é uma condição médica muito rara chamada hematidrose, na qual, sob terrível estresse, pequenas quantidades de sangue saem dos vasos sanguíneos e se misturam com o suor. Quando pensamos em Quem nosso Senhor era, toca nosso coração em suas maiores profundezas, pensar que Ele passou por tudo isso.

O jardim do Éden 

Muito do que temos dito foi comentado em outras edições de O Cristão, mas como esta edição é sobre “Jardins”, vamos nos concentrar mais de perto nesse tema. Quando Deus criou o homem, Ele o colocou em um jardim – o jardim do Éden – onde tudo era belo e quando o pecado ainda não havia estragado este mundo. Aqui havia tudo para tornar o homem perfeitamente feliz e confortável, mas ele falhou no único mandamento que Deus lhe deu. Vários milhares de anos depois, Aquele de Quem havia sido profetizado a respeito de Satanás que “Este te ferirá a cabeça” (Gn 3:15 – ARA) também estava em um jardim.

Foi pela graça que Deus não permitiu que os efeitos totais da queda dominassem este mundo. Ainda havia jardins nos dias do ministério de nosso Senhor, e ainda há jardins hoje, embora estragados pelo pecado. É precioso pensar no nosso Senhor Se recorrendo ao jardim no monte das Oliveiras, mas como foi diferente daquilo que Adão e Eva experimentaram! O jardim era de descanso e alívio para Ele de tempos em tempos, mas agora, pouco antes da cruz, não devia experimentar o descanso, mas sim passar por toda a agonia da cruz com Seu Pai. Aqui eram as lágrimas, o medo, o suor, a oração para que Ele fosse libertado de beber aquele cálice de ira. Mas depois de nosso Senhor ter passado por tudo isso, Ele pôde submeter-Se calmamente à vontade do Pai. Quando mais tarde Ele enfrentou o mundo, tanto o Judeu como o gentio, Ele pôde fazê-lo em perfeita paz e no controle completo de todas as Suas circunstâncias.

Um tiro de pedra 

Nenhum dos Seus poderia seguir o Senhor Jesus ao ir para a cruz. Quando Ele passou pela angústia de enfrentar o que significava beber o cálice que Seu Pai havia dado a Ele, está registrado que, “apartou-Se deles cerca de um tiro de pedra” (Lc 22:41). No entanto, desde que a redenção foi realizada, muitos dos Seus passaram por uma agonia com Deus sobre o que estavam enfrentando em sua vida, e então eles foram capazes de passar por tudo isso com uma força e coragem que só Deus poderia dar. O mundo nunca viu as lágrimas e a agonia que enfrentaram em particular na presença de Deus, viram somente o resultado da calma e da paz.

Nosso Senhor, na presença de Seu Pai e em fervorosa oração a Ele, nunca sucumbiu à tentação como Adão e Eva. Ele foi Fiel e Obediente onde eles falharam, e Sua vitória na cruz do Calvário é o meio não apenas de nossa salvação, mas também de glorificar a Deus quanto ao pecado. No entanto, a agonia no jardim do Getsêmani não seria a última vez que o monte das Oliveiras veria o Senhor Jesus. Virá um tempo em que nosso Senhor realmente retornará àquele monte, o lugar chamado Getsêmani, mas então será em poder e glória. Grandes mudanças geográficas ocorrerão (veja Zc 14:4-5), das quais não falaremos agora. Mas Aquele que agonizou lá antes de ir para a cruz voltará para reivindicar Seu lugar de direito. Assim como nosso coração ficou admirado e reverente diante dessa cena de agonia, também podemos estar entre aqueles “que amam a Sua Aparição” (2 Tm 4:8 – JND).

W. J. Prost

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