Origem: Revista O Cristão – Jó: O caminho de Deus é com ele

Jó – a Verdade da Ressurreição

Fé na ressurreição 

A ressurreição também tem sido, desde o princípio, uma profissão de fé do povo de Deus; e, sendo tal, era também a lição que tiveram que aprender e praticar, o princípio da vida deles; porque o princípio de uma dispensação divina é sempre a regra e o caráter da conduta dos santos. A compra e ocupação do lugar de sepultura em Macpela nos dizem que os pais de Gênesis aprenderam a lição. Moisés aprendeu e praticou isso, quando escolheu a aflição com o povo de Deus, levando em consideração a recompensa do galardão. Davi a tinha em seu poder quando fez o concerto, a promessa de ressurreição, toda a sua salvação e todo o seu desejo, embora sua casa, sua casa presente, ainda não brotara (2 Samuel 23). Toda a nação de Israel aprendeu isso repetidas vezes por seus profetas, e em breve eles aprenderão e então testemunharão isso para o mundo inteiro, os ossos secos vivendo novamente, a azinheira (ou terebinto) castigada pelo inverno florescendo de novo; pois “qual será a sua admissão, senão a vida dentre os mortos?” O Senhor Jesus, “o Autor e Consumador da fé”, em Seus dias, não preciso dizer, praticou esta lição com toda a perfeição. E cada um de nós, Seus santos e povo, é direcionado a isso todos os dias, “para conhecê-Lo, e a virtude da Sua ressurreição, e a comunicação de Suas aflições”.

Pela vida de fé os antigos alcançaram bom testemunho. E assim os santos de todas as épocas. Pois “sem fé é impossível agradar-Lhe”; aquela fé que confia n’Ele como Galardoador dos que O buscam diligentemente, que valoriza o invisível e o futuro. Eles, dos quais o mundo não era digno, praticavam a vida de fé, a vida do povo morto e ressuscitado (Hb 11). Estevão diante do conselho nos diz o mesmo. Abraão, José e Moisés, segundo seu relato, foram grandes testemunhas desta mesma vida; e ele mesmo, naquele momento, seguindo o modelo de seu mestre, Jesus, estava exibindo a força e as virtudes disso, pelo poder do Espírito Santo, e apreendendo, pelo mesmo Espírito, os mais brilhantes gozos e glórias disso (Atos 7).

Aprendendo o poder da ressurreição 

Agora, acredito que o principal propósito do Livro de Jó é demonstrar isso. É a história de um eleito, nos primeiros dias patriarcais, um filho da ressurreição, designado para aprender a lição da ressurreição. Sua célebre confissão nos diz que a ressurreição era entendida por ele como uma doutrina, enquanto toda a história nos diz que ele ainda precisava conhecer o poder dela em sua alma. Era a profissão de sua fé, mas não o princípio de sua vida.

E foi uma lição dolorosa para ele, realmente difícil de aprender e digerir. Ele não gostou (e qual de nós gosta?) de tomar para si a sentença de morte, para que não confiasse em si mesmo, ou nas circunstâncias de sua vida, ou em sua condição por natureza, mas em Deus que ressuscita os mortos. “No meu ninho expirarei”, era o seu pensamento e a sua esperança. Mas ele veria seu ninho despojado de tudo o que a natureza o encheu e com que as circunstâncias o adornaram.

Tal é, creio eu, o principal propósito do Espírito de Deus neste Livro. Este honrado e querido santo teve que aprender o poder do chamado de todos os eleitos, de forma prática e pessoal, a vida de fé, ou a lição da ressurreição. E pode ser um consolo para nós, amados, que sabemos que somos pequenos entre eles, ler, nos registros que temos deles, que nem todos foram alunos igualmente aptos e brilhantes naquela escola, e que todos, em diferentes medidas, falharam nela, bem como obtiveram resultados nela.

Quão indignamente, por exemplo, Abraão se comportou, quão pouco parecia um homem morto e ressuscitado, um homem de fé, quando negou que Sara era sua esposa diante do egípcio, e ainda assim quão maravilhosamente se comportou, como tal, quando entregou a escolha da terra a seu parente mais jovem. E até mesmo o nosso próprio apóstolo, o mais competente aluno da escola, o constante testemunho aos outros deste chamado, e o discípulo enérgico do poder dela em sua própria alma, num momento em que o medo do homem trouxe consigo uma armadilha, torna esta mesma doutrina o disfarce de um pensamento enganoso (Atos 23:6).

Encorajamentos e consolações visitam a alma em meio a tudo isso. Feliz é saber que nossa lição atual, como aqueles que estão mortos e cuja vida está escondida com Cristo em Deus, tem sido a lição dos eleitos desde o início – que em muitas ocasiões brilhantes e sagradas eles praticaram essa lição para a glória de seu Senhor, que às vezes eles a acharam difícil e às vezes falharam. Esta história da alma é bem entendida por nós. Somente nós, vivendo nos tempos do Novo Testamento, somos colocados para aprender a mesma lição numa página ainda mais ampla, e segundo o método mais claro, no qual agora nos é ensinada na morte e ressurreição do Senhor Jesus Cristo.

J. G. Bellett

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