Origem: Revista O Cristão – O Homem Perfeito e Dependente

Jonas – Uma Figura de Cristo

Jonas era tanto um servo desobediente como também uma figura da nação de Israel. Ambos os personagens de Jonas nos proporcionam uma visão real dos maravilhosos caminhos de Deus, seja com Seus servos, individualmente ou com Seu povo terrenal, coletivamente. Mas, sem dúvida, a figura mais preciosa descrita em Jonas é aquela que reflete o próprio Cristo.

À primeira vista, dificilmente podemos pensar em alguém tão inadequado para ser uma figura de Cristo. Cristo era o Servo perfeito e obediente, Jonas foi voluntariamente desobediente. Cristo disse: “Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a Tua vontade” (Hb 10:9), Jonas claramente fez a sua própria vontade. Cristo veio em amor e misericórdia para aqueles que eram Seus inimigos, Jonas preferia ter visto a destruição de milhares de pessoas, bem como de animais, em vez de “perder seu prestígio”. Cristo nunca fez nada para agradar a Si mesmo, o coração de Jonas estava ocupado consigo mesmo.

Em morte e ressurreição 

No entanto, nosso bendito Senhor, enquanto estava na Terra, teve o prazer de Se comparar com Jonas de uma maneira distinta, e nesse único aspecto, Jonas nos mostra uma ilustração notável da obra de Cristo. Embora o caráter e o comportamento naturais de Jonas estivessem muito distantes do de nosso bendito Senhor Jesus, nesse único aspecto Jonas é uma figura da morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.

Quando nosso Senhor estava prestes a rejeitar Israel e estender a mão às nações, Ele pôde lembrar “uma geração má e adúltera” que, “não se lhe dará outro sinal, senão o do profeta Jonas” (Mt 12:39). Jonas foi um sinal para a nação de Israel de duas maneiras. Em primeiro lugar, ele era um sinal em sua pregação a Nínive. Nosso Senhor lembrou aos Judeus que “os homens de Nínivese converteram com a pregação de Jonas; e eis aqui está Quem é maior do que Jonas” (Lc 11:32). Jonas pregou apenas um sermão curto, mas resultou no arrependimento de centenas de milhares de pessoas. No entanto, a pregação contínua do Senhor Jesus, ao longo de três anos e meio, trouxe o arrependimento de relativamente poucos em Israel. No entanto, nosso Senhor também foi uma figura para eles em Sua morte e ressurreição. Ele pôde lhes dizer: “Pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da baleia, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da Terra” (Mt 12:40). (Alguns podem argumentar que nosso Senhor não ficou tanto tempo na sepultura, mas ao fazer esse comentário sobre Si mesmo, o Senhor Jesus simplesmente aderiu ao modo judaico de calcular o tempo, que contava parte de um dia como um dia inteiro.)

Fidelidade e obstinação 

Jonas era um servo infiel e voluntarioso, e foi apenas por meio da amarga experiência de estar no ventre da baleia que ele aprendeu a obedecer à vontade de seu Senhor. Mas houve Um que veio a este mundo, não apenas em obediência à vontade de Seu Pai, mas em obediência de bom grado. Ele também sofreu, muito mais do que Jonas, mas sofreu pelos pecados dos outros. Foi por causa de Sua obediência e sofrimento na cruz do Calvário que Deus pôde agir em graça, não apenas em relação a Jonas, mas também em relação aos milhares na cidade de Nínive. Assim foi que Jonas, enquanto passava pelo que parecia ser uma prisão sem esperança no ventre da baleia, pôde ilustrar a morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus.

Jonas no ventre da baleia corresponde ao nosso bendito Senhor sob a sentença de morte, e assim o Espírito de Deus dá a Jonas expressões em suas circunstâncias que excedem em muito qualquer mera terminologia humana. Por exemplo, ele disse: “Do ventre do inferno [Sheol – JND] gritei” (Jn 2:2), nosso bendito Senhor disse: “Pois não deixarás a Minha alma no inferno [Sheol – JND] (Sl 16:10). Jonas disse: “a corrente me cercou; todas as Tuas ondas e as Tuas vagas têm passado por cima de Mim” (Jn 2:3), nosso Senhor disse profeticamente: “Todas as Tuas ondas e vagas têm passado sobre Mim” (Sl 42:7). Jonas disse: “entrou a Ti a minha oração, no templo da Tua santidade” (Jn 2:7), nosso Senhor disse: “Eu, porém, faço a Minha oração a Ti, SENHOR, num tempo aceitável” (Sl 69:13). Todas essas expressões, e outras, foram sem dúvida ordenadas pelo Espírito de Deus, como sendo adequadas para alguém que era uma figura de nosso Senhor Jesus.

Comparações contrastantes 

Jonas também se assemelhava ao Senhor Jesus de outras maneiras. Com referência a Jonas, não poderia haver fruto – nenhuma bênção – do primeiro homem. Jonas, agindo na carne, fugiu da presença do Senhor e se recusou a ir a Nínive e pregar a mensagem que lhe foi dada. Foi só depois de passar pela tempestade no mar, e passar aqueles dias terríveis no ventre da baleia, que ele estava pronto para pregar ao povo de Nínive. Foi somente, figurativamente falando, após a morte e ressurreição, que ele foi capaz de trazer uma mensagem que resultou em bênção a milhares. Foi assim também com nosso bendito Senhor. Ele poderia dizer no final de Seu ministério terrenal: “Importa, porém, que Eu seja batizado com um certo batismo, e como Me angustio até que venha a cumprir-se!” (Lc 12:50). Assim também Ele disse a alguns gregos que desejavam vê-lo: “se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto” (Jo 12:24). Nosso Senhor de fato instruiu “muitos em justiça” (Is 53:11 – JND), durante Seu ministério terrenal, mas foi somente em Sua morte que “as iniquidades deles” levou “sobre Si” (Is 53:11). Toda bênção, seja no céu ou na Terra, flui da morte e ressurreição de Cristo; o tempo de Jonas no ventre da baleia e o fato de ter sido vomitado em terra seca são uma figura disso.

O poder de Deus 

Finalmente Jonas reconheceu que, se fosse para ele ser libertado, deveria ser pelo poder do próprio Deus. Depois de todas as expressões em sua oração no ventre da baleia – expressões que, como vimos, se assemelham à linguagem profética de nosso bendito Senhor – Jonas finalmente diz: “do SENHOR vem a salvação” (Jn 2:9). O mesmo fez o Senhor Jesus. Como uma Pessoa divina, Ele pôde dizer: “Derribai este templo, e em três dias o levantarei” (Jo 2:19). Como o Homem perfeito e dependente, Ele pôde dizer: “Salva-Me da boca do leão” (Sl 22:21), e: “Não Me leves no meio dos Meus dias” (Sl 102:24). Sua ressurreição foi o selo de que Deus, Seu Pai, havia sido plenamente satisfeito e glorificado em Sua obra na cruz.

Ao ser retratado como uma figura do Senhor Jesus, Jonas se junta a vários crentes do Velho Testamento cujas falhas também são registradas para nós. Homens como Isaque, Moisés, Arão, Sansão, Davi e Salomão, para citar alguns, são todos uma figura de Cristo de uma forma ou de outra, mas o fracasso, e às vezes o fracasso grave, é registrado na vida de cada um deles. Tudo isso apenas magnifica a graça de Deus, enquanto nos mostra que Deus procura o que é de Cristo em cada um dos Seus, e Ele ama registrar isso!

W. J. Prost

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