Origem: Revista O Cristão – Josué, Calebe e Eleazar

Josué: Sua Formação e Desenvolvimento

O livro de Josué e seu relato da conquista da terra de Canaã pela nação de Israel, se presta a muitas aplicações diferentes, e neste livro, algumas das mais altas verdades dadas a nós no ministério do Apóstolo Paulo são ilustradas, em figuras. No entanto, muito dessa preciosa verdade já tem sido tratada em edições anteriores das revistas “O Cristão”. Nesta edição, que é dedicada a Josué, vamos procurar olhar para ele principalmente como um homem – sua formação, seu caráter, e como ele lidou com várias situações no curso de sua vida como um líder entre o povo de Deus. Ao mesmo tempo, estamos considerando dois outros homens fiéis que estavam com ele e provavelmente poderiam ser considerados da mesma geração de Josué. Esses homens são Calebe e Eleazar. Calebe foi um dos dois espias, juntamente com Josué, que não concordou com os outros dez espias, todos os quais recomendaram fortemente que Israel não tentasse conquistar a terra de Canaã. Calebe, juntamente com Josué, foram os únicos dois homens que sobreviveram à jornada de 40 anos no deserto e que ao final entraram na terra de Canaã. Eleazar era um sacerdote, filho de Arão, que também era um homem fiel, e Eleazar sucedeu seu pai, como sacerdote, quando Arão morreu.

O homem de confiança de Moisés 

Ouvimos pela primeira vez a respeito de Josué muito cedo na história de Israel, logo quando saíram do Egito. Assim que entraram em sua jornada para Canaã, os amalequitas os encontraram e lutaram com eles. Josué já havia se estabelecido como “braço direito” de Moisés e foi encarregado de escolher homens para lutar com Amaleque. Na Escritura, Amaleque fala da carne em nós e, em uma idade jovem, Josué, de forma evidente, assumiu a liderança para derrotar os amalequitas. Este é um bom exemplo para todos nós, pois precisamos aprender em uma idade bem jovem que “a carne para nada aproveita” (Jo 6:63). O Senhor disse a Moisés que haveria guerra com Amaleque “de geração em geração”, e foi bom para Josué perceber isso.

Mais tarde, quando o Senhor chamou Moisés para “o monte de Deus”, a fim de lhe dar os dez mandamentos e o modelo para o tabernáculo, descobrimos que “levantou-se Moisés com Josué, seu servidor” (Êx 24:13). Embora Moisés tenha sido especificamente chamado para o monte, Josué, como seu servo, foi com ele. Parece que Josué estava a par de tudo o que Moisés ouviu e viu enquanto estava no monte. Mais uma vez, é um bom exemplo para nós. Como é bom para os mais jovens se manterem em companhia com aqueles que são mais velhos e sábios, e de quem podem aprender! Mais tarde, quando Moisés e Josué desceram do monte, eles conversaram enquanto ouviam o barulho da festa perversa que estava acontecendo em torno do bezerro de ouro que Arão havia feito (Êx 32:17-18).

Ele permaneceu fora do arraial 

Pouco depois desse pecado muito grave, descobrimos que “tomou Moisés a tenda, e a estendeu para si fora do arraial” (Êx 33:7). (Este não era evidentemente o tabernáculo do qual Moisés recebera o modelo no monte, pois este não foi concluído até cerca de um ano depois. Parece que uma tenda temporária para o Senhor Se encontrar com o Seu povo havia sido arranjada). O próprio Moisés ia ao tabernáculo de tempos em tempos, mas depois voltava para o arraial. Josué, no entanto, “nunca se apartava do meio da tenda” (Êx 33:11). Como figura de Cristo, Moisés voltou ao arraial, mas Josué, uma figura do crente hoje, permaneceu fora do que havia desonrado o Senhor. Temos uma referência no Novo Testamento, em Hebreus 13:13, para sairmos do arraial, mas o espaço não permite que desenvolvamos esse pensamento aqui.

Indo mais além na história de Josué, descobrimos que dois dos 70 anciãos do povo, Eldade e Medade, que estavam entre os escolhidos para ajudar Moisés na administração da nação, “não saíram à tenda, e profetizaram no arraial” (Nm 11:26). Evidentemente, Josué sentiu que isso era uma afronta a Moisés, e ele queria que Moisés os proibisse. Mas Moisés, com a sabedoria de sua idade e sua relação com o Senhor, apenas respondeu: “Tomara que todo o povo do SENHOR fosse profeta” (v. 29). Teria sido melhor para Eldade e Medade não terem voltado para o arraial, mas Moisés não os invejou nem tentou impedi-los. Estavam profetizando, e Moisés os valorizou, mesmo no arraial.

Um dos doze espias 

Indo mais adiante, encontramos os 12 espias, um de cada tribo, instruídos a ir e “espiar a terra de Canaã” (Nm 13:2). Josué era um desses espias, da tribo de Efraim. Calebe era outro, da tribo de Judá. Depois de vasculhar a terra por 40 dias, dez dos espias não vislumbravam como Israel poderia conquistar a terra, pois tinham se esquecido do poder do Senhor quando os tirou do Egito. Apenas Josué e Calebe estavam prontos para entrar e possuir a terra. Os olhos deles estavam no Senhor, não nos gigantes, nem nos altos muros das cidades, ou na força do povo em Canaã. Mas Calebe e Josué estavam em menor número, e o povo realmente queria apedrejá-los pela atitude positiva deles. Como Calebe era evidentemente um pouco mais velho do que Josué, a Palavra de Deus se concentra nele, mas Josué estava com ele, e juntos resistiram ao relato ruim dos outros dez espias.

Essa foi uma prova muito severa para os dois jovens, e especialmente para Josué, pois significava que a nação passaria os próximos 40 anos vagando no deserto, até que todos aqueles que haviam resistido à Palavra do Senhor tivessem morrido. Naturalmente falando, Josué e Calebe passariam seus melhores anos de vida no deserto, em vez de entrar e desfrutar da terra. Eles se submeteriam a isso? Felizmente não lemos de nenhuma queixa da parte deles; eles foram juntos com aqueles que vagavam no deserto, e o Senhor os preservou. Lemos que “Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, que eram dos homens que foram espiar a terra, sobreviveram” (Nm 14:38 – ARA).

O pedido de Moisés e a escolha de Deus 

Assim, no final da jornada ao deserto, chegou a hora da morte de Moisés. Ele falhou em honrar o Senhor quando lhe foi dito para falar com a rocha, para prover água para o povo. Em vez disso, Moisés feriu a rocha, e o Senhor disse que ele não seria aquele que levaria o povo para a terra. Mas a resposta de Moisés a esse desapontamento é bela:

“O SENHOR, Deus dos espíritos de toda carne, ponha um homem sobre esta congregação, que saia diante deles, e que entre diante deles, e que os faça sair, e que os faça entrar; para que a congregação do SENHOR não seja como ovelhas que não têm pastor. Então, disse o SENHOR a Moisés: Toma para ti a Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e põe a tua mão sobre ele […] e põe sobre ele da tua glória […] E fez Moisés como o SENHOR lhe ordenara” (Nm 27:16-18, 20, 22).

Moisés cuidou do povo, e quando ele pediu um pastor para guiá-los, o Senhor tinha Josué preparado para entrar em um lugar de liderança. Foi o resultado de todo o bom treinamento que Josué teve e do tempo que passou na companhia de Moisés. Moisés, então, é capaz de ordenar a Josué: “Esforça-te e anima-te, porque tu meterás os filhos de Israel na terra que lhes jurei; e eu serei contigo” (Dt 31:23).

Mais tarde lemos que “Josué, filho de Num, foi cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre ele as suas mãos; assim, os filhos de Israel lhe deram ouvidos e fizeram como o SENHOR ordenara a Moisés” (Dt 34:9).

Novamente, a história de Josué é cheia de significado para nós, pois nos mostra a necessidade do propósito do coração quando somos jovens, um tempo de treinamento sob a mão do Senhor e uma prontidão para nos submetermos a reais desapontamentos, até que possamos ser considerados preparados para assumir a liderança entre o povo de Deus.

W. J. Prost

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