Origem: Revista O Cristão – Trombetas
Os Juízos das Trombetas
A abertura do sétimo selo é seguida de silêncio no céu pelo espaço de meia hora; há algo intensamente solene nisso. Por longas eras, o mal tem aumentado, mas finalmente Deus está prestes a intervir, e o silêncio das eras será rompido pelas trombetas de Deus que anunciam Seus juízos.
Os juízos sob os primeiros selos foram de caráter providencial, mas, com a abertura do sétimo selo, vemos uma intervenção mais direta de Deus. O som de uma trombeta simbolizaria o fato de que Deus está anunciando diretamente que Seus juízos estão prestes a cair sobre o homem.
João vê sete anjos que estavam diante de Deus, aos quais são dadas sete trombetas. Parece, assim, que o último selo abrange todo o período dos juízos sob as sete trombetas e, então, nos leva até o tempo sob a sétima trombeta, quando os reinos deste mundo se tornam os reinos de nosso Senhor e do Seu Cristo (Ap 11:15-18).
O juízo da primeira trombeta
Este juízo sob o primeiro anjo, tocando a primeira trombeta, cai sobre a Terra, provavelmente usado como um símbolo para apresentar uma porção do mundo próspera e ordenada em contraste com as nações incivilizadas expressas pelo mar. A “terça parte” neste e nos três juízos de trombeta seguintes limitariam o juízo a uma área restrita. A partir do capítulo 12:4, isso parece indicar a esfera do Império Romano revivido. Pode ser a parte ocidental do Império Romano em contraste com a sexta trombeta, que está relacionada com o Eufrates ou porção oriental, enquanto a sétima trombeta nos fala de um juízo universal (Ap 11:15-18).
Este juízo recai sobre as árvores e a erva verde. Frequentemente, na Escritura, as árvores são usadas como um símbolo para mostrar grandes homens da Terra, enquanto a erva verde fala de prosperidade. Parece, portanto, que o juízo da primeira trombeta cai sobre a Europa, ou parte ocidental do Império Romano, lidando em juízo com os líderes e varrendo toda a prosperidade.
A segunda, terceira e quarta trombetas
No juízo da segunda trombeta, João viu “lançada no mar uma coisa como um grande monte ardendo em fogo”. Na Escritura, sabemos que uma montanha é usada para simbolizar um grande poder estabelecido há muito tempo. Esta trombeta, portanto, pareceria predizer a esmagadora destruição de um grande poder mundial que, em sua queda, trará ruína e morte sobre um terço das nações, visto que seu canal de subsistência é destruído pelo comércio sendo paralisado pela destruição dos navios.
O juízo que segue o soar da terceira trombeta é simbolizado pela queda de uma grande estrela sobre a terça parte dos rios. Porventura uma grande estrela não descreve algum líder de pensamento proeminente a quem os homens recorreram buscando orientação? A queda de uma grande estrela ardente parece indicar que, no juízo de Deus, algum líder intelectual tem permissão para apresentar falsos ensinos que envenenam a mente dos homens, trazendo amargura e morte moral, ou separação de Deus, sobre uma terça parte da Terra.
O juízo da quarta trombeta é apresentado sob a figura de uma terça parte do sol, e da lua, e das estrelas sendo ferida com escuridão. O sol, a lua e as estrelas são usados na Escritura para apresentar diferentes graus de autoridades governamentais ordenadas por Deus. Esses símbolos não sugerem que uma terça parte dos poderes políticos será ferida, deixando as pessoas em escuridão e confusão em todas as esferas da vida?
Os últimos três juízos de trombeta
Os três últimos juízos da trombeta são distintos dos primeiros quatro pelo anúncio do anjo voando pelo meio do céu, dizendo em alta voz: “Ai! Ai! Ai dos que habitam sobre a Terra, por causa das outras vozes das trombetas dos três anjos que hão de ainda tocar!” (Ap 8:13).
Podemos notar que os primeiros quatro juízos de trombeta trataram sobretudo das circunstâncias da vida, simbolizadas pelas árvores, os rios, o sol, lua e estrelas. Os três últimos juízos de trombeta são mais severos e terríveis em seu caráter, na medida em que caem sobre os homens ao invés de suas circunstâncias. Eles trazem ai para aquela classe especial mencionada como os que habitam sobre a Terra – aqueles que, como Caim, saem da presença do Senhor e procuram construir um mundo sem Deus.
Nos tempos desses juízos, Deus selará como Seus um grande número de Israel, que será preservado para o reino de Cristo. O juízo da quinta trombeta, ou primeiro ai, cai sobre os “homens que não têm o selo de Deus sobre a fronte” (ARA) – a porção apóstata da nação de Israel.
Engano satânico
Este terrível juízo parece ser um engano satânico que obscurece a mente dos homens. Este ensino maligno é apresentado sob o símbolo de um enxame de gafanhotos que, com poder irresistível, varre tudo diante deles, deixando miséria em seu rastro. O gafanhoto natural destrói a erva e tudo o que é verde e acaba com as árvores. Mas a influência maligna apresentada por esses gafanhotos simbólicos envenena as mentes dos homens, assim como um escorpião envenena o corpo. Tamanha será a miséria mental a que os homens serão levados que eles buscarão a morte, mas não a acharão. As mesmas pessoas que uma vez foram chamadas para ser testemunhas do Deus verdadeiro buscarão, ao caírem neste engano satânico, encontrar alívio para a mente tentando se livrar de todo o conhecimento de Deus.
Essa má influência afetará os homens por um período limitado, pois o poder de ferir durará apenas cinco meses. O líder desse terrível engano será Satanás, o anjo do abismo.
Não podemos concluir que os juízos da quinta e sexta trombeta apresentam o forte engano de que fala o apóstolo Paulo em 2 Tessalonicenses 2:8-12?
Uma voz do altar de ouro
Uma voz vinda do altar de ouro diante de Deus chama o sexto anjo, ou segundo juízo de ai. Isso novamente nos lembra que todos estes juízos são dirigidos a partir do céu, e que o mal em sua plenitude é contido até ser chegado o momento para juízo.
Este juízo é muito semelhante ao último; mas é dito que este segundo ai cai sobre “a terça parte dos homens”, uma expressão que é usada no capítulo 12:4 para mostrar a esfera do Império Romano, que abrangeria a Cristandade professa.
A menção do Eufrates indicaria que esse juízo vem do Oriente, pois esse rio é a barreira natural entre o Oriente e o Ocidente. Parece que essa barreira será removida e alguma influência maligna do Oriente varrerá a esfera da Cristandade professa. Como resultado, a terça parte dos homens é morta, apresentando, provavelmente, não a morte física, mas que os homens são conduzidos a toda a miséria da apostasia, ou morte moral para com Deus. Aparentemente, haverá alguns que escaparão desse terrível engano, mas, mesmo assim, eles não se arrependem, pois é evidente no versículo final que, como nos dias anteriores ao dilúvio, o mundo estará entregue à violência e à corrupção.
A sétima trombeta
Para o soar da sétima trombeta, devemos passar para Apocalipse 11:14. Ela não traz algo novo sendo infligido semelhante às trombetas anteriores. Em vez disso, grandes vozes no céu proclamam aquilo que é o fim de todos os juízos de Deus – o estabelecimento do reino “de nosso Senhor e do Seu Cristo”. Aqui, toda a soberba oposição do homem é suprimida e o reino do Senhor por meio do Seu Ungido é estabelecido. Uma vez estabelecido, o Seu domínio permanece.
A reação no céu, simbolizada pelos vinte e quatro anciãos, é de adoração, mas na Terra “iraram-se as nações” (Ap 11:18), pois o coração natural do homem não mudou. Quando a era do evangelho se encerrar e a ira vier, trazendo consigo o justo juízo, ela se estenderá por um longo período, terminando apenas no “tempo dos mortos, para que sejam julgados” (Ap 11:18) – a cena final da ira no grande trono branco.
Todo pecado é destrutivo de uma forma ou de outra. Conforme o homem se tornou cada vez mais inventivo e obstinado, seus poderes de destruição aumentaram. Essas falsas ideias atingem o mundo moral, político e até mesmo o material, e hoje os líderes estão intoxicados com elas, resultando em violência incontrolável. “Os que destroem a Terra” (v. 18), sob o manto de melhorar as condições, seja materialmente, socialmente ou religiosamente, estão se tornando cada vez mais numerosos e poderosos. O estabelecimento do glorioso reino de nosso Senhor significará a destruição de todos eles. Então, finalmente, a era de ouro da Terra começará.