Origem: Revista O Cristão – Justificação

Sete Resultados da Justificação

“Nós os que cremos n’Aquele que dentre mortos ressuscitou a Jesus, nosso Senhor, o Qual por nossos pecados foi entregue e ressuscitou para nossa justificação”. “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo Qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 4:24-25; 5:1-5).

Começamos com: “cremos n’Aquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus”. Cremos n’Ele que é Deus, a fonte de tudo, agindo em poder divino, ressuscitando Aquele que foi entregue por nossas ofensas. Este ato é a aprovação e satisfação de Deus da obra de Cristo na cruz, correspondendo à figura do Mar Vermelho. O “sendo pois” de Romanos 5:1 é a primeira consequência dessa justificação. Esta é a justiça imputada a nós. O Justo Deus, em Sua própria justiça, de maneira justa nos conta justos sob o princípio de fé. Não somente nossos pecados são perdoados, mas Ele olha para nós em toda a perfeição do próprio Cristo. Por meio da obra de Cristo, como o pródigo, nos é dada “a melhor roupa”. Mérito, conquistas ou obras da nossa parte não têm lugar aqui. Isto constitui a posição do crente diante de Deus, baseada na obra de Cristo, e é, portanto, estabelecida e imutável.

A passagem agora coloca diante de nós sete resultados abençoados desta justificação que são divididos em duas partes – as três primeiras e as quatro últimas. As três primeiras, “Temos paz com Deus”, “entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes” e “nos gloriamos na esperança da glória de Deus” aplicam-se ao nosso passado, presente e futuro.

1: Paz com Deus 

“Temos paz com Deus”, a primeira consequência da justificação, é que Deus removeu, eternamente removeu o opróbrio da culpa em nossa consciência diante d’Ele que é santo. Não somos somente justificados diante de um Deus santo, mas o próprio Deus contra Quem nós pecamos, Ele mesmo foi Quem nos justificou. Os santos do Velho Testamento tinham perdão governamental e, portanto, apenas de maneira temporária ou limitada. Os três exemplos de perdão durante a vida do Senhor iriam além daquele que os santos do Velho Testamento tinham. O homem com paralisia em Lucas 5 certamente ensina o perdão governamental, mas também pode ter sido judicial. Os outros dois casos, a mulher que era pecadora em Lucas 7 e os discípulos em João 20:23, eram perdões judiciais e antecipavam a verdadeira posição Cristã – a obra de Cristo, Sua ascensão e a descida do Espírito Santo. Mas nós que vivemos na era Cristã somos eternamente e judicialmente perdoados, e Deus nunca levantará a questão de nossos pecados novamente. De fato, Ele nos olha agora como estando “em Cristo”. Isso é ter paz com Deus.

2: Acesso à verdadeira graça 

“Pelo Qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes”. Nossa posição atual diante de Deus é em graça, e o favor e o amor de Deus descansam ininterruptamente sobre nós. Nada pode prejudicar ou impedir isso. Entramos nessa posição pela fé e certamente não por nossas próprias obras. Isso não é o gozo, pois se fosse, teria sido dito “pelo Espírito”. Sem dúvida, essa posição nos dá grande gozo, mas entramos nessa posição pela fé. Esta é a verdadeira graça de Deus em que estamos firmes (1 Pe 5:12).

3: A esperança da glória 

Isso nos leva ao terceiro resultado. O primeiro teve mais a ver com o passado, o segundo é a nossa posição atual e, sem dúvida, o terceiro tem o futuro em vista. “Nos regozijamos na esperança da glória de Deus”. A manifestação futura da glória do reino é onde Cristo terá o lugar central e proeminente – a resposta de Deus à cruz. Esta é a nossa esperança e agora nos regozijamos nesta brilhante perspectiva futura, quando estaremos com e como Cristo.

Os três primeiros resultados da justificação têm a ver com o relacionamento da alma com Deus, mas os últimos quatro têm mais a ver com Deus entrando em nossa experiência no deserto em nosso favor. Estes quatro últimos são apresentados como uma experiência Cristã normal, com desenvolvimento da maturidade da alma e um profundo senso do amor de Deus pelo Espírito que habita em nós. Estes começam com: “E não somente isto”. A justificação já nos deu resultados benditos, mas se seguem mais.

4: A tribulação produz a paciência 

“Mas também nos gloriamos nas tribulações”. O “mas” sugere algo contrário ao que é normal. Por quê? Por causa de Sua grande obra na cruz, podemos assim nos gloriar em meio a cenas de oposição e estresse pessoal. Há casos em que olhamos para trás com gratidão e louvor à libertação passada de Deus, e há muitos exemplos disso na Palavra. Mas este não é o caso aqui. Essa passagem nos informa que quando estamos realmente nessas adversidades, nos gloriamos. Nós nos elevamos acima do sofrimento e das tristezas quando estamos neles e não nos gloriamos com a satisfação própria, mas com Aquele em quem fomos conscientemente sustentados. “O qual, passando pelo vale de Baca, faz dele uma fonte” (Sl 84:6).

Sabendo que “tribulação produz a paciência [ou ‘perseverança’]. É uma experiência mais profunda atravessar a tempestade com o Senhor no barco do que ver o Senhor exercer poder divino ao reprimir a tempestade. Tendo estado com Deus nas muitas e diversas provações que somos chamados a enfrentar, a perseverança é o resultado. Nas provações que nos tempos antigos nos teriam angustiado e nos deixado perplexos, agora são enfrentadas com Deus, e isso nos dá a valiosa característica moral da perseverança. As palavras: “Tu estás comigo” (Sl 23:4), tiveram sua recompensa conosco. Agora sabemos que a perseverança foi adquirida ao passar pela tribulação com o Senhor, e isso é valioso na história da alma. Tudo isso é baseado na justificação.

5: A paciência produz experiência 

“E a paciência, a experiência”. Isso não significa que estamos ocupados com a experiência tanto quanto nos ensina o que a experiência produz e indica um conhecimento mais profundo do Deus a Quem fomos levados a conhecer; uma comunhão mais íntima com Ele cuja sabedoria, poder e amor aprendemos para saber em todas as circunstâncias adversas e Quem tem em vista apenas a nossa mais rica bênção. Isso nos aproxima de um Deus cujo ouvido está sempre pronto para nos ouvir e cuja presença incessante conosco é um conforto constante. Não é agora uma questão de provações, adversidades, ansiedades e tristezas, mas o Deus cujo amor temos aprendido tão bem em tudo isso e acima de tudo. De fato, é Ele mesmo e Sua presença que nos dá a experiência do mais rico valor. Nós O conhecemos desde o princípio, isto é, Cristo.

6: Experiência produz esperança 

“Experiência, a esperança”. Passando pelas muitas e variadas provações, exercícios e tristezas do deserto com Deus, aprendemos como é o mundo sem Deus, e ansiamos por um mundo melhor. Isso gera esperança; então, novamente, tendo passado pelo deserto com Deus e tendo sido acostumados ao Seu apoio e presença, a esperança surge diante de nós, de estar com Aquele que agora conhecemos tão bem, apenas em um ambiente e atmosfera mais agradável.

7: E a esperança não traz confusão 

“E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado”. A esperança da glória vindoura da qual Cristo é o centro está assegurada ao nosso coração; portanto, não estamos confusos. Ser confiante em relação a essa esperança e saber que não seremos envergonhados nos dá segurança em nosso testemunho diante dos homens. O amor de Deus é a fonte de tudo. Isso, em primeiro lugar, trouxe nossa justificação em Cristo. Lá este amor é apresentado objetivamente, mas agora, bendito seja Deus, Seu amor é derramado em nosso coração. Aqui isto é subjetivo – que experiência! Que realidade! A primeira vez nesta epístola maravilhosa, que o amor de Deus é mencionado, ele é derramado em nosso coração. Nos diz que é pelo Espírito Santo que nos é dado. Aqui não é o novo nascimento, mas a habitação do Espírito, o resultado da aceitação da obra de Cristo. O princípio da Escritura é o “lavar com água”, “aspergido com sangue”, “ungido com óleo”. Este é um princípio divino e conclui os sete resultados da justificação.

R. H. Craggs, adaptado

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