Origem: Revista O Cristão – Laodiceia
Laodiceia – Um Diagnóstico e Uma Prescrição
O discurso da assembleia em Laodiceia pode, à primeira vista, parecer bastante negativo e até desanimador para quem deseja honrar o Senhor. Será que quando consideramos todas as superlativas bênçãos que Deus deu à Igreja, tudo isso acaba (pelo menos na Terra) no que é descrito em Laodiceia?
O diagnóstico
Devemos encarar o fato solene de que em todas dispensações o homem falhou miseravelmente em qualquer responsabilidade que Deus lhe deu, e que o período da Igreja não foi melhor do que aqueles que o precederam. Podemos até dizer que temos sido muito piores, quando consideramos o grau muito maior de luz e privilégio que nos é oferecido, em comparação com as dispensações passadas. Em vez de ser uma testemunha fiel, a Igreja professa corrompeu a verdade confiada a ela, se aliou ao mundo e, de fato, como testemunho, acabará sendo vomitada da boca de Cristo.
Há, no entanto, um incentivo real no que o Senhor diz a Laodiceia, se nos encontrarmos cercados por essa condição das coisas. Antes de tudo, devemos lembrar que as quatro últimas assembleias endereçadas em Apocalipse 2 e 3 continuam até a vinda do Senhor. Todas estão na esfera da Cristandade. Tiatira (que, sem dúvida, representa o catolicismo romano e sistemas similares, como a Igreja Ortodoxa Grega e a Igreja Copta) e Sardes (que representa as muitas denominações do chamado protestantismo) existirão quando o Senhor vier. Depois, haverá Laodiceia, que se orgulha de seus próprios pensamentos e julgamento e não percebe sua verdadeira pobreza. Mas também haverá uma Filadélfia até o fim – aqueles que guardam Sua Palavra e não negam Seu nome. Sem dúvida, existem grupos distintos que exibem o caráter da Filadélfia ou de Laodiceia, mas ambos representam um estado de alma e não um sistema definido e identificável, como foi o caso de Tiatira e Sardes.
O laodiceianismo é luz e verdade de Filadélfia, mas sem o poder dela em nossa caminhada. Quando Deus, por Sua graça, permitiu um reavivamento da verdade nestes últimos dias, muitos de bom grado se apoderaram dela. Mas andar em um caminho de reprovação, carregar a cruz para Cristo, andar em separação deste mundo – de tudo isso pode-se dizer: “Duro é este discurso” (Jo 6:60). Como resultado, muitas vezes mantivemos a verdade intelectualmente, mas sem o efeito prático dela em nossa vida. Esse é o verdadeiro caráter de Laodiceia e resulta em orgulho humano, um foco em nós mesmos e a adoção do humanismo secular, a filosofia predominante de nossos dias.
A prescrição
Mas Deus dá um remédio para quem quiser ouvir. Antes de tudo, Cristo é apresentado como “o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira, o Princípio da criação de Deus”. Se o homem falhou o tempo todo, Deus agora apresenta Aquele que é o Cabeça da nova criação. Se o homem corrompeu a primeira criação, Deus acabará por criar novos céus e uma nova Terra, que o homem nunca corromperá. Se ao nosso redor vemos os tristes resultados da infidelidade do homem no Cristianismo, Deus nos aponta para Aquele que nunca falha. Se estivermos dispostos a tomar o remédio de Deus, podemos abrir para o Senhor, que está parado à porta e bate, e desfrutar de uma comunhão abençoada com Ele. Ele não mudou!
Estamos dispostos a tomar o remédio de Deus? Sem dúvida, a referência à compra de ouro, vestes brancas e o colírio tem uma voz para aqueles que não são verdadeiros, mas o crente também precisa desse remédio, embora a aplicação possa ser diferente. O incrédulo precisa entender sua verdadeira condição pecaminosa diante de Deus e perceber que ele não pode ter justiça diante de Deus sem o sangue de Cristo. O crente, no entanto, tendo sido infectado pelo orgulho religioso e pelo espírito do mundo ao seu redor, também pode precisar ser trazido de volta à cruz e perceber que “em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum” (Rm 7:18). Não teremos sentimentos de orgulho se ficarmos ao pé da cruz.
O incrédulo precisa ter vestes brancas como resultado do perdão de seus pecados, mas o crente pode precisar mudar sua caminhada exterior e suas maneiras, pois lemos em Apocalipse 19:8 (ARA) que “o linho finíssimo são os atos de justiça dos santos”. Se o verdadeiro filho de Deus já está diante de Deus em toda a perfeição do próprio Cristo, então Deus espera por uma caminhada que corresponda a isso. Infelizmente, isso pode nos faltar hoje, de modo que o mundo não veja diferença entre nós e os incrédulos. Nossas roupas podem ter ficado sujas, de modo que parecemos com os incrédulos ao nosso redor.
O colírio nos fala do Espírito Santo. O incrédulo, que não é habitado pelo Espírito Santo, acha impossível ver claramente as questões morais e espirituais. Ele precisa de nova vida em Cristo e no Espírito Santo para capacitá-lo a entender as coisas de Deus. Mas o crente que está andando na carne também encontrará sua visão embaçada e sua percepção espiritual insensível. Ele também precisa julgar seus caminhos, para que o Espírito que habita nele possa mais uma vez ministrar Cristo à Sua alma e capacitá-lo a ver claramente o que agradaria ao Senhor.
Seu conselho
No amor, o Senhor aconselha os Seus a usarem desses remédios, pois Ele não mudou, e deseja sinceramente a comunhão deles. Aquele cujo amor O levou à cruz do Calvário quer a companhia daqueles por quem Ele morreu. Teremos isso com Ele por toda a eternidade, mas quão abençoado é desfrutar dessa comunhão agora, onde Ele ainda é rejeitado!
Essa dispensação pode terminar no laodiceianismo, mas todos os recursos que Deus deu no início do período da Igreja ainda são nossos para nos aproveitarmos deles. Se tomarmos o remédio de Deus, Ele é capaz de produzir um caráter de Filadelfia em nós hoje!