Origem: Revista O Cristão – O Cordeiro de Deus
O Leão e o Cordeiro
Em Apocalipse 5:5-6, temos o Senhor Jesus tomando o Seu lugar de direito como Juiz. “O Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o julgamento” (Jo 5:22 – AIBB). O rolo do julgamento é revelado, mas não se encontra ninguém que seja capaz de abrir o livro, até que “o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi” Se apresente.
É um pensamento solene para se refletir que é somente pelo julgamento que a justiça e a paz podem finalmente ser trazidas a este mundo. O homem tentou muitas vezes, ao longo dos séculos, trazer paz duradoura, apenas para descobrir que, na melhor das hipóteses, a paz é transitória, logo a luta e a guerra começam novamente. É somente quando houver “os teus juízos na Terra” que “os moradores do mundo” aprenderão “justiça” (Is 26:9).
“O Leão”
É apropriado que o Senhor Jesus seja aqui referido como sendo “o Leão da tribo de Judá”. O leão é o símbolo da força, e é mencionado em Provérbios 30:30 como “o mais forte entre os animais, que por ninguém torna atrás”. É descrito em Miqueias 5:8 como alguém que “quando passar, as pisará (as nações) e despedaçará, sem que haja quem as livre”. O Senhor Jesus é o Único que pode executar o julgamento com força e poder, representado pelo leão.
Ele também é da tribo de Judá, pois Judá era a tribo real, e uma das características atribuídas a Judá é a de ser um “leãozinho” (um leão jovem – JND), cuja mão estará sobre o pescoço de seus inimigos. Certamente o Senhor é Aquele a Quem Se refere esta passagem, pois Ele também é “a Raiz de Davi”, como Aquele a Quem Davi pôde se dirigir como Senhor (Sl 110:1). Davi era um poderoso guerreiro de quem não se vê relatos de que perdeu alguma batalha em que lutou, mas sua Raiz é o próprio Senhor Jesus. Ele aparecerá, não apenas para julgar este mundo, mas também em nome do Seu povo terrenal, Israel.
Quando João viu o Senhor Jesus no capítulo 1, ele viu Aquele cuja aparência e comportamento indicavam poder e majestade, tanto que João caiu “a Seus pés como morto” (Ap 1:17). Assim, quando João teve o privilégio de olhar para Aquele que foi capaz de abrir o livro, ele poderia esperar ver a aparência do leão manifestada. Mas em vez disso, ele vê “um Cordeiro, como havendo sido morto” (Ap 5:6). É verdade que o Cordeiro tinha “sete pontas e sete olhos”, que falam, respectivamente, de força e inteligência perfeitas para realizar o julgamento. Mas o cordeiro é o símbolo de fraqueza e submissão, não de poder. Contudo, o Senhor Jesus aparecendo como “um Cordeiro, como havendo sido morto” é muito instrutivo para nós. Em Seu caráter como o Leão, Ele é capaz de; já em Seu caráter como o Cordeiro que foi morto, Ele é digno de tomar o livro. É o Senhor Jesus que entrou na morte e Quem derrotou a Satanás, o mundo e a morte. É porque Ele sofreu pelo pecado que adquiriu tanto o direito quanto o poder de executar o julgamento. Alguém descreveu isso muito bem:
“Aquele que prevalece como sendo o Leão é Aquele que primeiro sofreu como o Cordeiro. Seu poder de vencer para abrir o livro é que Ele venceu indo à morte. Como o Cordeiro morto Ele venceu o pecado, a morte e o diabo. Tendo vencido como o Cordeiro que sofreu, Ele adquiriu o poder de vencer todos os inimigos como o poderoso Leão”.
O Cordeiro sacrificial
Mais uma vez, aqui está uma verdade mais importante. Nosso bendito Senhor e Salvador sendo Deus tinha o poder de exercer o julgamento, mas (falamos com toda a reverência) Ele não podia “tirar o pecado do mundo” (Jo 1:29) ou “trazer a justiça eterna” (Dn 9:24) a menos que Ele fosse à cruz do Calvário. A questão do pecado deve ser resolvida diante de um Deus santo, e é por esta razão que “na consumação dos séculos, uma vez Se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo” (Hb 9:26). Por causa de tudo isso Ele é “digno de tomar o livro”, e assim Ele aparece como “um Cordeiro, como havendo sido morto”.
O julgamento do pecado será finalmente consumado e o pecado será para sempre tirado da presença de Deus. A partir de então seu caráter de “o Leão da tribo de Judá” não será mais necessário. Mas Ele aparecerá para sempre como “o Cordeiro de Deus”, e Suas feridas sempre nos lembrarão que Ele sofreu, não apenas por nós, mas para tirar o pecado de todo o universo. Essas feridas farão irromper nosso eterno louvor.
