Origem: Revista O Cristão – Oferta pelo pecado e pela culpa

A Lei da Oferta pelo Pecado

“Falou mais o SENHOR a Moisés, dizendo: Fala a Arão e a seus filhos, dizendo: Esta é a lei da expiação [oferta – ARA] do pecado” (Lv 6:24-25). “No lugar onde se degola o holocausto, se degolará a oferta pela expiação do pecado, perante o SENHOR; coisa santíssima é. O sacerdote que a oferecer pelo pecado a comerá; no lugar santo se comerá, no pátio da tenda da congregação. Tudo o que tocar a sua carne será santo; se espargir alguém do seu sangue sobre a sua veste, lavarás aquilo sobre que caiu, no lugar santo. E o vaso de barro em que for cozida será quebrado; porém, se for cozida num vaso de cobre, esfregar-se-á e lavar-se-á na água. Todo varão entre os sacerdotes a comerá; coisa santíssima é. Porém nenhuma oferta pela expiação de pecado, cujo sangue se traz à tenda da congregação, para expiar no santuário, se comerá; no fogo será queimada” (Lv 6:25-30).

Nenhum deslize, mesmo na aparência, poderia ser tolerado na oferta pelo pecado. Sem dúvida, ela tinha um caráter tão distante quanto possível do holocausto, pois o holocausto era para dar aceitação, enquanto a oferta pelo pecado lidava com o pecado real. Mas a oferta pelo pecado devia ser imolada perante Jeová no lugar onde era imolado o holocausto. Então, de fato, somente Cristo foi o adequado cumprimento de ambas em Sua morte na cruz.

Ele foi feito pecado por nós 

Somente a graça de Deus pôde dá-Lo – Um com o Pai e Seu objeto mais querido por toda a eternidade. Na Terra, também, Ele Se tornou carne, contudo Ele era o Santo de Deus. Mas nunca a santidade ficou tão provada como quando Deus O fez pecado por nós, Ele que não conheceu pecado. Sempre absolutamente separado, para Deus, de todos os males e não fazendo nada além das coisas que agradavam a Seu Pai, na cruz Ele Se entregou sem reservas a Deus e à Sua glória, para sofrer o julgamento do pecado, custasse o que custasse. Custou-Lhe tudo, até o mais extremo horror para Aquele que, sendo Seu Filho amado, Se tornou Seu Servo justo, a verdadeira e fiel Testemunha. O que foi, para Ele, abandonado pelos discípulos, rejeitado por Israel, crucificado pelos gentios, clamar: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?” A única resposta é: Ele foi feito “pecado por nós”.

O sacerdote a comia 

“O sacerdote que a oferecer pelo pecado a comerá.” A oferta aponta para ninguém menos que Cristo, e Ele comer a oferta pelo pecado significa Sua identificação com aquele por quem a oferta foi apresentada. Se a santidade era visível na vítima e a justiça no juízo executado, que graça havia em Cristo, tornando assim o pecado do ofertante em Seu! O sacerdote que fazia a oferta pelo pecado comer dela é algo realizado em Cristo, mas ela está tão viva novamente – na ressurreição – como aqui foi instruído a ser comida em lugar santo, no pátio da tenda da congregação.

Mas o versículo 29 nos leva a uma verdade muito maior do que o versículo 26, embora não seja comparável quanto à sua profundidade. “Todo varão entre os sacerdotes a comerá”; não se limitava ao sacerdote que oferecia. Todos os sacerdotes deviam comê-la. Quem tem acesso a Deus é chamado a identificar-se com o pecado de um irmão; tal como Cristo faz preeminentemente, eles devem seguir – fortificados na graça que está n’Ele, confessando o pecado de outro como seu próprio. Aqui também se observará que temos a repetição de “coisa santíssima é”. Como isso é importante! Muitos varões entre os sacerdotes poderiam, por um lado, esquecer de comer, como fizeram Eleazar e Itamar (Lv 10:16-18); outros mais profanos ainda poderiam transgredir gravemente ao comerem, como fizeram os filhos de Eli (1 Sm 2:12-17), mostrando que os homens desprezaram a oferta de Jeová. De fato, “coisa santíssima é” e deve ser comida apenas em lugar santo.

Toda a congregação 

O versículo 30 faz a separação entre essas ofertas comuns pelo pecado, onde os sacerdotes comiam delas, e os casos mais solenes em que a vítima era queimada em um lugar limpo fora do arraial, sendo o sangue levado ao santuário para propiciação. Assim era feito, se o sacerdote ungido pecasse ou toda a congregação, como nos casos anteriores de Levítico 4. Em nenhuma das duas situações, os sacerdotes comiam, pois em ambas a comunhão para todos era interrompida e devia ser restaurada. E o contraste é ainda mais marcante no dia da expiação, quando se lançava o fundamento para todos, sacerdotes e povo, durante o ano. Todos jejuavam, ninguém comia naquele dia. Havia outra exceção, característica do deserto e, portanto, dada apenas em Números 19, a da novilha vermelha. Ela era totalmente queimada fora do arraial, e as cinzas eram guardadas como purificação pelo pecado. Ela tem seus próprios traços característicos, cheios de instrução espiritual para nós sobre vocação celestial, por estarmos expostos à contaminação do mundo de deserto pelo qual passamos até o descanso de Deus.

Quando, portanto, se tratava de sangue da propiciação que era trazido para o santuário, os sacerdotes não comiam. A vítima era queimada fora do arraial. Quão brilhantemente e em ambos os lados isso foi cumprido em Cristo, glorificado dentro, crucificado fora! Nosso lugar é com Ele em ambos os aspectos. Onde era a restauração de um indivíduo, os sacerdotes eram chamados para comer da oferta pelo pecado, assim como agora simpatizamos em amorosa intercessão.

W. Kelly (adaptado)

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