Origem: Revista O Cristão – Mulheres do Novo Testamento
Lídia
Em Atos 16:13, aprendemos que fora da cidade de Filipos, às margens de um rio, a cada sábado, algumas mulheres se reuniam para orar. A margem de um rio era o lugar favorito para esse propósito, onde não havia sinagoga, e essas mulheres orando eram evidentemente judias, embora a própria cidade estivesse mergulhada na idolatria pagã.
Entre elas estava Lídia de Tiatira, uma vendedora dos produtos ricamente tingidos pelos quais sua cidade natal era famosa. Ela era uma mulher grega, mas havia se tornado uma adoradora do Deus de Israel.
Como consequência da visão de um macedônio clamando por socorro, o apóstolo Paulo, acompanhado por Silas e aparentemente também pelo médico Lucas e por Timóteo, tinham chegado a Filipos, sendo os portadores do “evangelho da glória” recebido diretamente do ressuscitado e exaltado Senhor. Ouvindo falar do lugar de oração, eles se juntaram ao pequeno grupo de mulheres à beira do rio e sentaram-se e conversaram com elas sobre as coisas de Deus.
Um coração aberto
Lídia ouviu e, ao ouvir, o Senhor a capacitou a receber a mensagem divina de amor e graça. Nas belas palavras expressivas da Escritura, a obra em sua alma é descrita assim: “Cujo coração o Senhor abriu”, e o resultado foi que “ela atendeu às coisas que eram faladas por Paulo” (v. 14 – KJV). Ela estava pronta e desejosa de aprender, e o Senhor viu que ela não perdeu a oportunidade. O Senhor tinha Seus olhos no pequeno grupo de santos que mais tarde estariam sendo um testemunho para Sua glória nesta mesma cidade, e uma fonte de grande alegria e ânimo para o amado apóstolo. Lídia seria um deles, e essa era sua preparação.
Que bênção inestimável é ter “um coração aberto”, aberto pelo próprio Senhor e, portanto, apto para receber e atender às comunicações divinas! Quando o coração de Lídia foi aberto, ela atendeu às coisas faladas por Paulo, e isso é significativo.
Muitas “coisas que foram faladas por Paulo”, e ditadas a ele pelo Espírito de Deus, ainda estão registradas, transmitidas a nós na Escritura da verdade. Temos atendido a elas como comunicações de Deus para nós? Elas estão cheias de verdades maravilhosas, profundas e perscrutadoras, especialmente encorajadoras e necessárias nestes dias finais da história da Igreja na Terra, para todos aqueles que, por possuírem coração aberto, desejam atender com inteligência e com verdadeira afeição à vontade do Senhor por Sua própria vontade. Lídia pode ter tido apenas esta oportunidade, durante a estada do apóstolo na cidade, de ouvir o que estava no coração de Deus para ela, mas ela aproveitou ao máximo.
A casa aberta
Ela foi batizada com toda a sua casa; isto é, ela definitivamente e publicamente se identificou com a morte de Cristo, se colocando, bem como tudo o que possuía, sob o controle do Senhor; então, ela suplicou aos servos do Senhor (“constrangendo-os” – uma palavra forte que significa que ela não aceitaria uma recusa) que fossem à sua casa e permanecessem lá. Porém, havia uma condição, se eles a julgassem fiel ao Senhor, e evidentemente o fizeram. Que triunfo da graça!
Ela tinha sido uma pagã, mas o Senhor entrou em seu coração. Ela ouviu as comunicações de Deus por meio de Paulo; ela as atendeu e definitivamente se vinculou aos interesses do Senhor. Ela possuía o controle d’Ele sobre si mesma e sobre todos os seus, desejava sinceramente ser fiel a Ele e, consequentemente, abriu sua casa aos Seus servos. Fizemos tanto progresso espiritual quanto Lídia?
A oposição de Satanás
Uma verdadeira obra de Deus foi iniciada naquela cidade, então Satanás não poderia deixar que fosse comodamente realizada. Ele tentou corromper a obra com astúcia por meio do testemunho de um espírito maligno que possuía uma jovem, que repetidamente proclamou que os apóstolos eram os servos do Deus Altíssimo.
Paulo teve discernimento espiritual para detectar que isso foi dito para exaltá-los e, se permitisse, misturaria o que era de Deus com o mal. Já que aquilo que a jovem possuída afirmava era verdade, que eles eram os servos do Deus Altíssimo (e eram, apenas o tempo foi antecipado, sendo este o nome milenar de Deus), o espírito maligno teve que se submeter ao poder ali presente sendo repelido. “Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na mesma hora, saiu” (At 16:18).
Seguiram-se perseguição e prisão para os servos de Deus, mas isso deu fruto, na conversão e batismo do carcereiro e de sua família, outro triunfo sobre o poder de Satanás exercido contra a verdade de Deus.
O resultado da perseguição
O resultado do ódio e do tumulto por ele levantado como último recurso foi muito marcante. Primeiro, Paulo e Silas cantaram louvores a Deus. As vítimas do ódio de Satanás estavam regozijando e exultantes. Segundo, as portas da prisão estavam rompidas, abertas pela intervenção de Deus. Terceiro, o carcereiro e sua família foram eternamente abençoados. Quarto, os magistrados foram obrigados a vir como suplicantes aos apóstolos. Satanás estava inconfundivelmente frustrado.
Como tudo isso afetou Lídia? Toda a oposição e perseguição abalaram sua fé? Ao contrário, Paulo demonstrou a maior confiança nela e, de fato, julgou-a fiel ao Senhor, pois, sendo libertados da prisão, ele e Silas imediatamente foram para a casa dela, onde tiveram a certeza de que seriam acolhidos. Então, depois de ver e consolar os irmãos, eles iniciaram sua jornada para Tessalônica.
Seria bom questionarmos se nós, como esta devota mulher de Deus, seríamos igualmente julgados fiéis ao Senhor. Nós, como Lídia, abrimos coração e lar? “Considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram” (Hb 13:7 – ARA).
Women of Scripture (autor desconhecido)