Origem: Revista O Cristão – Esdras

O Livro de Esdras

O livro de Esdras marca um ponto importante nos tratamentos de Deus para o Seu povo Israel. Mesmo com um intervalo de setenta anos, o livro é uma continuação de 2 Crônicas, porque o tempo não foi contado enquanto os judeus estavam exilados da terra prometida. Eles perderam tudo por causa da apostasia e dos pecados que cometeram. Deus, então, enviou Nabucodonosor para castigá-los, destruir Sua própria casa, a qual Seu povo profanou e poluiu, e para levá-los cativos para a Babilônia, e “para se cumprir a Palavra do Senhor proferida pela boca de Jeremias, até haver a terra gozado dos seus sábados” (2 Cr 36:21 – AIBB). Nada poderia ser mais triste do que o registro da destruição de Jerusalém e o fim do reino que foi confiado nas mãos e sob a responsabilidade do homem, exceto pelo mais terrível relato do cerco e captura de Jerusalém realizada por Tito logo após o começo da era Cristã. A longanimidade de Deus estava sendo provada de todas as formas possíveis. Em Sua paciente graça Ele tinha suportado a rebelião arrogante de Seu povo e esperado, com um desejo ardente em Seu coração, como o Salvador quando estava na Terra, sobre a cidade que era a expressão da graça real. Ele tinha falado por meio de seus mensageiros: “E o SENHOR, Deus de seus pais, lhes enviou a Sua Palavra pelos Seus mensageiros, madrugando e enviando-lhes, porque Se compadeceu do Seu povo e da Sua habitação. Porém zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as Suas Palavras, e escarneceram dos Seus profetas, até que o furor do SENHOR subiu tanto, contra o Seu povo, que mais nenhum remédio houve” (2 Cr 36:15-16).

A espada da justiça 

A espada da Sua justiça, então, caiu sobre o Seu povo culpado, porque seus pecados tinham superado até mesmo os pecados dos amorreus, a quem Deus tinha expulsado da terra perante eles (veja 2 Reis 21:11). O trono de Deus na Terra foi transferido para a Babilônia e começavam naquele momento os tempos dos gentios. Esses tempos ainda continuam e permanecerão até que o próprio Cristo estabeleça o Seu trono, o trono de Seu pai Davi. Lo-Ami (“Não é Meu povo”) foi, dessa forma, escrito para o povo escolhido, e eles entraram na experiência dolorosa do cativeiro e de serem banidos sob os tratamentos judiciais da mão do seu Deus.

Mas então, quando o livro de Esdras começa, os setenta anos do exílio (que tinham sido preditos por Jeremias) já tinha passado, e Esdras relata as ações de Deus em conexão com isso, para a realização da Sua própria Palavra que é fiel e segura.

É o caráter delas que explica a atitude de Deus para com Seu povo durante os tempos dos gentios, e também, de certa forma, a peculiaridade desta porção das Escrituras, bem como Neemias e Ester. Nesses livros, Deus não é mais visto intervindo nos assuntos de Seu povo, mas Ele trabalha, como se fosse por detrás das cortinas, e ao mesmo tempo, reconhecendo a nova ordem que Ele mesmo tinha estabelecido, usa os monarcas gentios, em cujas mãos foi dado o cetro da Terra, para a execução de Seus propósitos. Tendo esses princípios em mente, nós estamos mais capacitados a entrar de uma forma mais inteligente no estudo deste livro que se divide em duas porções. Os seis primeiros capítulos nos contam do retorno dos cativos que responderam à ordem de Ciro (aproximadamente 536 a.C.) e à reconstrução do templo; os últimos quatro capítulos falam da missão do próprio Esdras (começando aproximadamente em 468 a.C.).

E. Dennett

Compartilhar
Rolar para cima