Origem: Revista O Cristão – Deus é Luz

Luz

A luz em si é invisível, mas ela ilumina tudo. O que vemos ao nosso redor no mundo físico não é a luz, mas a matéria iluminada por ela. A própria abóboda celeste (isto é, o ar) é tornada visível pela luz que brilha sobre e através dela, e se pudéssemos ser transportados para o espaço vazio, atravessado como é pela luz, não veríamos a própria luz, embora ela brilhe e se manifeste sobre nós ou qualquer substância que possa estar em seu caminho.

A Palavra de Deus usa isso como uma bela ilustração, ou melhor, uma imagem. “Deus é luz” é a mensagem que recebemos d’Ele, “e não há n’Ele treva nenhuma”. “Deus é luz”: Essa é Sua natureza, e Ele era eternamente luz antes mesmo de haver um universo a ser iluminado (assim como Ele era eternamente amor antes mesmo de haver uma criatura a ser amada). “A luz”, para citar as palavras de alguém, “é perfeita pureza, invisível em si mesma, e manifesta tudo como tudo é diante de Deus”. Da mesma forma, diz-se que Deus habita na luz que nenhum homem pode “se aproximar”, e isso é luz inacessível em si mesma.

A luz entrou no mundo 

Mas a luz veio ao mundo, no meio das trevas, quando o Filho de Deus apareceu na Terra na forma de um Servo, como Homem. “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este O fez conhecer” (Jo 1:18). E nada é mais interessante, embora, ao mesmo tempo, nada mais humilhante do que o registro no evangelho de João sobre a presença da luz neste mundo de trevas morais e o efeito dessa presença sobre os homens. Nada podia escapar à manifestação, e, embora houvesse carência de olhos para ver, embora a cegueira geral do homem não percebesse nada, ainda assim a luz brilhava e mostrava tão claramente o estado do homem que ninguém era capaz de passar diante dela sem que seus raios fossem interceptados. Fariseus, saduceus, herodianos, blasfemos orgulhosos, ou verdadeiros israelitas, em quem não havia dolo, não importa qual fosse o caráter, todos foram iluminados e manifestados diante de Deus. “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (Jo 1:5). O bendito Senhor deixou um mundo de trevas, de almas cegas, que teimavam dizer que podiam ver e que amaram mais as trevas do que a luz.

A verdadeira luz é aquela que, vindo ao mundo, brilha sobre todo homem. Isso não tem nada a ver com a conversão dos homens, mas se refere ao nosso assunto; isto é, a iluminação exterior dos homens. Não fala de “luz interior”, ou qualquer coisa assim, mas contempla com admiração a presença do Filho de Deus na Terra, no meio das trevas predominantes, e vê tudo iluminado por essa presença, embora as trevas não tenham compreendido a luz. Que campo de estudo são os capítulos oitavo e nono de João, e de fato todo o livro!

Luz no Senhor 

Notamos brevemente o efeito da presença da luz neste mundo quando Jesus estava aqui. Mas é dito, quanto ao tempo presente, em Efésios 5, que nós, crentes, somos luz. “Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor” (v. 8); podemos comparar essa passagem maravilhosa com 1 João 2:8, onde nos é dito que possuímos a vida divina em virtude da nossa união com Cristo. “Verdadeiro n’Ele e em vós” (isso não poderia ter sido dito antes de Sua morte e ressurreição): “porque vão passando as trevas [não passaram] e já a verdadeira luz alumia”. Em Efésios 5 a verdade é mais claramente declarada; nós éramos trevas, mas agora somos luz no Senhor. Quão maravilhoso e, ao mesmo tempo, quão abençoado que a vida divina em nós seja tão presente! A exortação para andar como filhos da luz é fundada sobre isso, (v. 9 – ARA) pois o fruto da luz (não “do Espírito”, como em outras versões), consiste em toda bondade, justiça e verdade, provando o que é aceitável (TB) ao Senhor. A diferença essencial entre as trevas e a luz é aqui claramente apresentada e a separação prática das obras infrutíferas das trevas é requerida. No versículo 13, encontramos novamente declarado o verdadeiro caráter da luz, como observamos em outras passagens: “Porque a luz tudo manifesta”, e, muitas vezes fica claro, apesar de toda a debilidade do presente testemunho, que o verdadeiro caráter das pessoas é revelado quando tomam seu lugar com aqueles que estão se esforçando (com todo o fracasso) para andar como filhos da luz. Quantos se afastaram quando a verdade pura foi conhecida, porque a luz expôs seus motivos – tais como egoísmo e ambição – até então escondidos em um mundo de trevas! “Sois luz no Senhor”, diz a Palavra; e “o fruto da luz está em toda a bondade, justiça e verdade”. A justiça e a verdade nunca foram populares, assim como a própria luz. Que possamos entrar mais plenamente no fato de possuir a natureza divina no meio de um mundo em trevas, julgando em nós mesmos tudo o que não é consistente com ela na prática. Podemos comparar 2 Coríntios 4:6 com esta interessante passagem, orando ao Senhor para nos dar entendimento destas grandes verdades.

Assim, durante o presente período de graça, os santos são a luz do mundo, e eles manifestam, por seu andar, o triste estado moral das coisas ao seu redor.

As trevas estão passando 

Muito tem sido dito do futuro, a ponto de alguns hesitarem em prosseguir, mas podemos notar que as trevas agora estão passando, que a verdadeira luz já brilha, e quando nosso bendito Senhor for revelado em glória, o dia perfeito terá chegado. A noite é passada e o dia é chegado, e somos chamados de filhos do dia, bem como filhos da luz, pois pertencemos a Cristo, e essa glória será nossa. Durante o reinado de Cristo a luz será manifestada de uma maneira muito diferente daquela que temos observado. É um pensamento solene, mas abençoado, que nós, os santos celestiais redimidos, veremos o Cordeiro como a Lâmpada do interior da santa Jerusalém, e estaremos na própria presença da luz não criada (não há necessidade de Sol ou Lua) e que não ofusca, vendo-O como Ele é. Bem-aventurados aqueles que entendem nossa posição atual na luz como Deus está na luz; mas o que acontecerá depois? Tem sido apontado que a luz será derramada de forma modificada sobre a terra milenar e as nações. Elas andarão à luz da cidade santa, onde todas as glórias da criação redimida – as pedras preciosas – separarão e modificarão os raios que nenhuma criatura não glorificada poderia suportá-los, mesmo por um momento, e assim a própria Terra será iluminada por aquela luz mais gloriosa, porém, suavizada.

Nosso assunto é a luz, e temos observado muito brevemente a sua exibição em diferentes circunstâncias. Que possamos ser encontrados andando em um caminho de verdadeira separação de tudo o que é das trevas e sempre lembrar que somos (agora) luz no Senhor.

E. L. Bevir (adaptado)

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