Origem: Revista O Cristão – Luz e Trevas

Luz e Trevas

A luz e as trevas são coisas tão comuns em nossa vida que as tomaremos como inquestionáveis. Ainda assim é importante lembrar que ambas foram criadas por Deus e, em um sentido natural, feitas para a benção do homem neste mundo. A Palavra de Deus nos lembra disso, porque lemos: “Eu formo a luz e crio as trevas” (Is 45:7). O ciclo de luz e trevas é necessário para um crescimento apropriado das plantas, para a devida acomodação de animais tanto diurnos quanto noturnos, e por último para o descanso e bem-estar do homem. Podemos ler, como exemplo: “Tu fazes as trevas, e vem a noite, na qual saem todos os animais da selva” (Sl 104:20 – TB). Quando Deus “fez separação entre a luz e as trevas”, e assim estabeleceu o dia e a noite, Ele também ordenou portadores de luz – “o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite” (Gn 1:16).

Com a propagação da iluminação elétrica na maioria dos lugares do mundo, existem relativamente poucas pessoas que experimentam verdadeira escuridão noturna. Mesmo em áreas rurais, a chamada “poluição luminosa” frequentemente faz o céu ficar tão claro durante a noite que se torna possível até mesmo ler com essa luz. O uso de luz artificial tem tornado possível a execução de várias tarefas à noite, tanto dentro de ambientes fechados quanto fora desses – tarefas que antigamente somente eram possíveis de serem executadas durante os momentos de luz do dia. Entretanto, durante a maior parte da história mundial, o dia e a noite foram bem definidos, e uma noite em que a Lua não aparecia era de quase total ausência de luz – por isso temos a afirmação na Escritura: “a noite vem, quando ninguém pode trabalhar” (Jo 9:4). Sabemos, com certeza, que o Senhor Jesus estava aqui falando sobre as trevas morais, mas a afirmação também é verdadeira tratando-se do aspecto natural.

Não nos é dito quando as trevas começaram a cobrir este mundo antes da presente criação, pois o Espírito de Deus simplesmente diz: “E a Terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo” (Gn 1:2). Evidentemente houve alguma catástrofe antes da criação existente que causou este estado de desordem e as trevas foi um dos resultados. Mas então Deus disse: “Haja luz” e “Deus chamou à luz Dia” (Gn 1:3-4). Desde então tem existido tanto luz quanto trevas neste mundo, e como temos visto, Deus tem usado ambas de uma forma natural.

Luz e trevas espirituais 

Entretanto, estamos mais interessados na luz e nas trevas em seu sentido espiritual, pois em toda a Palavra de Deus as duas palavras estão consistentemente conectadas com o bem e o mau, respectivamente. Talvez possamos analisar algumas formas em que elas são apresentadas na Escritura.

Primeiramente, a queda do homem trouxe um amor pelas trevas, porque em seu estado natural o homem está agora afastado de Deus. Assim lemos: “os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque a suas obras eram más” (Jo 3:19). Adão e Eva se esconderam atrás das árvores do Jardim do Éden depois que pecaram, porque estavam com medo da presença de Deus. Também lemos que: “O caminho dos ímpios é como a escuridão” (Pv 4:19), e em um sentido geral o mundo estava em trevas morais depois da queda do homem, até que Cristo veio. Pessoas piedosas se levantaram acima da condição do mundo, mas Deus não tinha ainda Se revelado completamente.

Mas então Cristo veio – Aquele que podia dizer: “Eu Sou a Luz do mundo” (Jo 8:12), e também Aquele de Quem podia ser dito: “a verdadeira Luz que, vinda ao mundo, alumia a todo o homem” (Jo 1:19 – TB). Infelizmente o homem não estava confortável com aquela Luz, pois também lemos: “e a Luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (Jo 1:5). Mas a luz tinha vindo, como ela é, e o homem ficou responsável por sua reação a ela.

Deus é Luz 

Segundo, e conforme o que acabamos de considerar, Deus em Seu caráter sempre é conectado com a Luz. Lemos: “Deus é Luz, e não há n’Ele treva nenhuma” (1 Jo 1:5). Este é um atributo distinto de Deus e se refere a Sua natureza santa – uma natureza que não conhece pecado. Deus não pode ter o pecado em Sua presença. Deus em Seu caráter santo foi, em um sentido, revelado no Velho Testamento, mas como o homem naquela época estava sendo testado, Deus não mostrou Sua graça assim como Ele faz em Cristo. Os israelitas não podiam se aproximar de Deus a não ser com sacrifícios – sacrifícios que tinham que ser repetidos. E ninguém podia entrar na presença de Deus no “Santo dos Santos” exceto o sumo sacerdote uma vez por ano, com o sangue de um animal.

Agora Deus tem Se revelado, não apenas como Luz, mas também como Amor, porque Cristo desceu ao mundo para revelar o coração de Deus e para mostrar a graça de Deus indo até a cruz do Calvário para morrer por homens perdidos e culpados. O caráter de Deus como luz não foi comprometido, mas Seu caráter de amor foi trazido à tona. A realidade solene é que aquele que rejeita Cristo neste dia da graça de Deus, rejeita, não apenas a luz, mas também o amor.

Filhos da luz 

Finalmente, o crente que aceitou a Cristo foi trazido para a luz, porque lemos: “Porque, noutro tempo, éreis trevas, mas, agora, sois luz no Senhor” (Ef 5:8). Fomos libertados do “poder das trevas” (Cl 1:13 – TB) e somos agora chamados para andar “como filhos da luz” (Ef 5:8). Como o mundo rejeitou a Cristo, ele permanece em trevas morais, e a única luz que ele tem vem dos crentes. O Senhor Jesus disse aos Seus discípulos: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5:14), e assim também é hoje. O homem pode obter luz da Palavra de Deus, mas para aqueles que não leem a Palavra, a única luz que eles veem é a que é exibida por meio dos crentes.

Quão importante, então, é para nós deixar que “resplandeça a vossa luz diante dos homens” (Mt 5:16), para que Deus possa ser conhecido por meio de nós e para que o mundo O glorifique. É triste dizer que é muito comum hoje ver pessoas como aqueles de quem o Senhor falou, quando disse: “Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” (Mt 6:23). Quando o homem foi trazido à luz, mesmo que de uma forma exterior, e então a rejeita, ele cai em maiores trevas do que aqueles que nunca conheceram a luz. Isto está acontecendo hoje na Cristandade, e um terrível julgamento os aguarda. E enquanto este aviso é sem dúvida direcionado primeiramente aos incrédulos, também é um aviso para nós como crentes, que podemos ser tentados a esconder nossa luz por conformidade a este mundo. Nestes últimos dias o mais importante é que deixemos nossa luz brilhar!

W. J. Prost

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