Origem: Revista O Cristão – Coração

A Mão e o Coração de Deus

Será que atribuímos as coisas apenas à mão de Deus e não vamos mais longe? Aquele que devidamente toma para si o título de “Pai das misericórdias e Deus de todo o consolo” consola os que estão em tribulação, não só para que eles próprios sejam consolados, mas para que possam consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que eles mesmos foram consolados por Deus.

Espero nunca esquecer uma lição que aprendi com Deus há alguns anos, que vou apenas registrar, na esperança de que possa ser usada para ajudar e confortar outras pessoas.

Enxergue como vindo do coração d’Ele 

Há muitos anos, e não muito antes de ser chamado para passar por uma provação muito pesada e dor, fui para Londres. Enquanto estava lá, fui certa noite a um lugar onde sabia que haveria uma leitura da Bíblia. Durante a reunião, o irmão mais velho, em cuja casa a reunião foi realizada, fez o seguinte comentário: “Frequentemente falamos de enxergar as coisas como vindas da mão do Senhor, mas será que damos crédito ao Seu coração por mover a Sua mão?” Fiquei muito impressionado com o comentário na época, mal sabendo o que estava adiante de mim. Minha mente retornava a isso ocasionalmente, e eu via que a mão era apenas a serva do coração, mesmo nas coisas comuns. Por exemplo, se um ladrão rouba alguma coisa, o coração primeiro a cobiçou, e a mão é apenas o agente que se apropria daquilo que o coração anseia.

Voltei para minha casa e, cerca de seis semanas depois, alguém muito, muito querido para mim faleceu repentinamente. Em minha profunda dor, a observação mencionada veio diante de mim. Outros falavam sobre fulano de tal ter sido o meio que trouxe a infecção etc. Mas para mim, agradecendo a Deus pela graça concedida, não havia uma segunda causa a ser considerada. Não, devo atribui-la ao próprio Deus, e não apenas à Sua mão, mas ao Seu coração.

O quê, o coração d’Ele? Sim, o mesmo coração que deu Jesus. Oh, a deliciosa doçura e infinita preciosidade do pensamento eram inexprimíveis! Eu sabia o que era ter o próprio Deus enxugando as lágrimas dos meus olhos.

Lágrimas enxugadas 

Lembro-me de outro incidente que está, em todos os sentidos, em sintonia com o que estou dizendo. Uma jovem irmã no Senhor tinha acabado de perder seu bebê, seu primogênito, e estava profundamente triste, como era de se esperar. Um irmão mais velho que a conhecia bem escreveu para ela, e na carta dizia o seguinte: “Que você conheça a alegria de ter Jesus enxugando as lágrimas de seus olhos, e saiba que mais abençoado é tê-Lo enxugando suas lágrimas do que não ter lágrimas para enxugar”.

Concluindo, eu gostaria de acrescentar que encontrei em minha própria experiência a verdade do que certa vez ouvi alguém dizer: “Não há amargura, mesmo na mais profunda dor, a não ser que a vontade esteja agindo. É a ação da vontade que traz a amargura”.

A. Trigge

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