Origem: Revista O Cristão – Mares

O Mar Já Não Existe

Após a cena solene do julgamento eterno, revelada no final de Apocalipse 20, uma visão da beleza refulgente do estado eterno de bem-aventurança é exibida diante de nossos olhos no capítulo 21. O contraste é tão abrupto quanto magnífico. Assim que João registrou a condenação daqueles que apareceram diante do grande trono branco, ele prossegue: “E vi um novo céu e uma nova Terra. Porque já o primeiro céu e a primeira Terra passaram, e o mar já não existe” (v. 1). Isaías é o primeiro a fazer menção tanto de novos céus quanto de uma nova Terra. Ele diz, falando em nome do Senhor: “Porque eis que Eu crio céus novos e nova Terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão” (Is 65:17). E novamente: “Porque, como os céus novos e a Terra nova que hei de fazer estarão diante da Minha face, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome” (Is 66:22). No entanto, embora as palavras “novos céus” e “nova Terra” apareçam na profecia de Isaías, é evidente, a partir do contexto das passagens citadas, que elas não contêm o mesmo significado que em nosso capítulo. Em Isaías, na verdade, significa nada muito além de os céus e a Terra serem moralmente novos durante o Milênio. Como os céus serão limpos de Satanás e do poder de Satanás (Ef 6:12; Ap 12:10), e a Terra será libertada em grande medida dos efeitos da maldição (Sl 67 e 72), eles serão “novos”, nesse sentido. O apóstolo Pedro fornece a ligação entre Isaías e Apocalipse. Retomando, como guiado pelo Espírito Santo, a profecia de Isaías e dando-lhe um significado mais profundo, Pedro diz, depois de descrever a dissolução de todas as coisas: “Mas nós, segundo a Sua promessa, aguardamos novos céus e nova Terra, em que habita a justiça” (2 Pe 3:13). Isso, como será imediatamente percebido, vai muito mais além do que o reino durante os mil anos, cuja característica é que a justiça reinará (Sl 96-99; Is 32). No entanto, Pedro fala de uma cena em que a justiça habitará. Isso não poderia ser outro senão o estado eterno, falando de uma cena exterior e uma cena interior as quais condizem com tudo o que Deus é, uma cena que é, de fato, a consumação da nova criação.

A nova Terra 

O primeiro céu e a primeira Terra são, assim, substituídos para sempre. (Na verdade, como aprendemos em 2 Pedro 3:10-12, eles serão destruídos pelo fogo.) Nota-se especialmente que não havia mais mar. Esse fato pode ter um duplo significado. O primeiro e mais proeminente pensamento é que, uma vez que o mar interpõe uma barreira que impede que estejamos juntos, isso indica que não haverá mais separação. Então, ao nos lembrarmos do significado simbólico da Terra e do mar neste livro, que a Terra fala de governo ordenado e o mar de massas não sujeitas e desorganizadas de povos ou nações, isso nos ensina que cada parte da nova Terra estará em sujeição ordenada e sob o controle governamental de Deus. Tudo será a expressão perfeita de Sua própria vontade, e então será cumprida aquela petição de longo alcance na oração que o Senhor ensinou a Seus discípulos, “Seja feita a Tua vontade, tanto na Terra como no céu” (Mt 6:10). Isso foi assim feito pelo próprio nosso Senhor, mas nessas “novas e abençoadas cenas”, isso também será feito por cada um dentre toda a incontável multidão dos redimidos.

E. Dennett

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