Origem: Revista O Cristão – Josué, Calebe e Eleazar
O Memorial e a Glória do Líder
Jeová fez “maravilhas” para Israel no Jordão, tanto no efetivo trabalho realizado quanto no significado simbólico desse trabalho. Portanto, na figura diante de nós, grandes coisas da mente de Deus podem ser encontradas.
“Levantou Josué também doze pedras no meio do Jordão, no lugar do assento dos pés dos sacerdotes que levavam a arca do concerto; e ali estão até ao dia de hoje” (Js 4:9). Quando o registro foi escrito, a cheia do Jordão não tinha varrido as pedras que o líder colocou na passagem do leito do rio. O memorial de Israel levantado em Gilgal, em Canaã, foi para que todos, na terra da promessa, vissem como “um memorial para os filhos de Israel para sempre”. As pedras que Josué levantou no leito do rio não eram para serem vistas quando as águas estivessem na sua cheia, mas, mesmo assim, eram um memorial para o próprio líder. Podemos corretamente dizer que seus sentimentos mais profundos se centralizariam no rio; ali, onde os sacerdotes pararam, todo o peso da segurança de Israel era suportado, e ali se assentava o poder secreto de toda a bênção de Israel ao entrar em Canaã.
As águas do julgamento
Nessa ação, temos um ensinamento significativo, pois, em Canaã, Josué era uma figura de Cristo. Nosso Senhor nunca esquece as águas profundas pelas quais Ele passou – aqueles sofrimentos na morte e para a morte, pelos quais Ele venceu aquele que tinha o poder da morte, o diabo, e pelos quais Ele abriu ao Seu povo sua herança celestial. Do trono no alto Ele Se lembra do trabalho de Sua alma – Sua cruz, e dela, a vergonha e a agonia. Jesus, cuja obra trouxe o povo de Deus para os lugares celestiais, sempre Se lembra das cheias do Jordão, das torrentes de águas profundas, onde Ele, bendito seja o Seu nome, permaneceu firme para nos levar ao Seu Deus e Pai.
O povo de Deus está muito ocupado com suas bênçãos e, por uma necessidade moral, estas devem primeiramente encher o coração. Até que, por graça, haja o reconhecimento de como os santos são abençoados nos lugares celestiais em Cristo, não é possível meditar sobre a maneira como nosso Senhor nos trouxe para nossas bênçãos. Essas pedras de memorial nos falam das profundezas do Jordão e do que Cristo sofreu por nossa causa e de nossas bênçãos, mas não deixemos que Seu memorial seja esquecido! Sua Pessoa santa em glória ainda carrega as marcas das feridas do Calvário e, do céu, Jesus falando de Sua morte, diz ao Seu povo: “Lembrai de Mim”.
A lembrança santa do lugar onde Seus pés permaneciam firmes quando as ondas da ira de Deus rolavam sobre Ele deveria estar presente no coração. É verdade que Ele não é mais o Sofredor; Suas tristezas estão para sempre superadas; Ele é o Filho do Homem ressurreto, triunfante em Sua vitória sobre a morte, mas para sempre as memórias de Sua morte encherão o coração de Seu povo; eternamente se dirá das pedras de “testemunho” do Senhor, “elas estão lá até hoje”.
O líder engrandecido
O Senhor engrandeceu Josué pela passagem do Jordão, e assim obteve para ele a liderança aos olhos de Israel. “Naquele dia, o SENHOR engrandeceu a Josué diante dos olhos de todo o Israel; e temeram-no, como haviam temido a Moisés, todos os dias da sua vida” (Js 4:14). A presente exaltação e o lugar do Senhor Jesus como Homem vem de Seu Deus e Pai, e Suas glórias e exaltação são a resposta bendita aos Seus sofrimentos e humilhação. “Ora, isto – Ele subiu – que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da Terra? Aquele que desceu é também O mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas” (Ef 4:9-10). O Senhor Jesus, o Filho do Homem, que desceu às mais baixas profundezas, ocupa a mais elevada altura no céu, e lá Ele carrega em Sua Pessoa o testemunho solene do Calvário. Por causa de Sua obediência até a morte, e morte de cruz, Deus O “exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que é sobre todo o nome” (Fp 2:9). Ele foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, e Deus, o Pai, O colocou “à Sua direita nos céus, acima de todo principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro” (Ef 1:21-22). Ao ser esta exaltação do Senhor apreendida, Ele Se torna de fato o Líder de Seu povo e é exaltado por eles.
A presente glória de Cristo
O Senhor não é plenamente honrado por Seu povo até que Sua glória presente seja reconhecida. À luz de Sua presente exaltação como Homem sua glória é vista, no lado da vida após a morte como o Senhor que morreu. Ele, o Cristo ressuscitado e ascendido, é o Primogênito dentre os mortos, a Cabeça sobre todas as coisas, a Cabeça de Seu corpo, a Igreja. Quanto mais o coração O apreende assim, mais tudo o que Ele fez ao morrer por nós é lembrado.
O Líder celestial está diante de Seu povo nos ensinamentos da porção diante de nós. Mesmo em assuntos terrenais, a influência de um líder sobre seus seguidores é proporcional à honra em que eles o mantêm. Agora Cristo está no céu e em glória, e à medida em que Sua grandeza e majestade, Sua força e poder são apreendidos pela fé, uma poderosa influência é exercida sobre cada a alma e vida de Seu povo. Sua posição em glória e Sua vitória determinam a bênção dos redimidos; a plenitude da bênção dos membros é determinada pela glória da Cabeça. Sua honra e a bênção deles não devem ser separadas. Nossa posição celestial em Cristo é exclusivamente de graça divina, mas ela é nossa em Cristo nas alturas. Agora, na verdade, isso é um assunto de fé, mas em breve será exibida em glória, e essa exibição será vista como sendo para a honra do nosso exaltado Salvador, Jesus Cristo, o Senhor.