Origem: Revista O Cristão – A Páscoa, o Mar Vermelho e o Jordão
Memorial e Glória do Líder
Jeová fez “maravilhas” para Israel no Jordão, tanto na obra realizada de fato quanto no significado oculto da obra. Portanto, na figura diante de nós, grandes coisas da mente de Deus são encontradas.
“Levantou Josué também doze pedras no meio do Jordão, no lugar do assento dos pés dos sacerdotes que levavam a arca do concerto; e ali estão até ao dia de hoje”. Quando o registro foi escrito, a enchente do Jordão não havia levado embora o memorial do próprio líder da atravessia pelo leito do rio. O memorial de Israel estabelecido em Canaã era para todos na terra da promessa verem – “assim que estas pedras serão para sempre por memorial aos filhos de Israel”. O de Josué, levantado no leito do rio, não era para ser visto quando as águas estavam em seu fluxo, mas, no entanto, era um memorial para o próprio líder. No rio, podemos dizer com justiça, que seus sentimentos mais profundos se concentrariam; ali, onde estavam os sacerdotes, todo o peso da segurança de Israel foi sustentado, e ali estava o poder secreto de todas as bênçãos de Israel ao entrar em Canaã.
As águas do julgamento
Sendo Josué em Canaã uma figura de Cristo, temos nesta ação um ensinamento significativo. Nosso Senhor nunca esquece as águas profundas pelas quais Ele passou – aqueles sofrimentos que Ele passou na morte e até a morte, pelos quais Ele venceu o que tinha o poder da morte, o diabo, e pelos quais Ele abriu ao Seu povo sua herança celestial. Do trono no alto, Ele Se lembra do trabalho de Sua alma, Sua cruz, sua vergonha e agonia. Jesus, cuja obra levou o povo de Deus aos lugares celestiais, Se lembra sempre da enchente do Jordão, da inundação das águas profundas, onde Ele, bendito seja o Seu nome, permaneceu firme por nós para nos trazer ao Seu Deus e Pai.
O povo de Deus está muito ocupado com suas bênçãos e, de fato, por necessidade moral, elas devem primeiro encher o coração pois, até que, pela graça, se saiba como os santos são abençoados nos lugares celestiais em Cristo, não é possível meditar sobre a maneira como nosso Senhor nos trouxe a essas bênçãos. Nossas pedras de memorial nos falam das profundezas do Jordão e o que Cristo sofreu por nossa causa e de nossas bênçãos, mas não deixa Seu memorial ser esquecido! Sua Pessoa santa em glória ainda leva as marcas das feridas do Calvário, e do céu, Jesus, falando de Sua morte, diz ao Seu povo: “Fazei isto em memória de Mim”.
A santa lembrança do lugar onde Seus pés permaneceram firmes quando as ondas da ira de Deus passaram sobre Ele deve estar presente no coração. É verdade que Ele não é mais o Sofredor; Suas dores são passadas para sempre; Ele é o Filho do Homem elevado ao céu, triunfante em Sua vitória sobre a morte, mas para sempre a memória de Sua morte preencherá o coração de Seu povo; eternamente será contado das pedras de “testemunho” do Senhor, elas estão lá até hoje.
O líder magnificado
Jeová engrandeceu Josué pela passagem do Jordão, e por meio disso garantiu a ele a liderança aos olhos de Israel. “Naquele dia, o SENHOR engrandeceu a Josué diante dos olhos de todo o Israel; e temeram-no, como haviam temido a Moisés, todos os dias da sua vida”. A atual exaltação e lugar do Senhor Jesus como Homem é de Seu Deus e Pai, e Suas glórias e exaltação são a bendita resposta a Seus sofrimentos e humilhação. “Ora, isto – Ele subiu – que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da Terra? Aquele que desceu é também O mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas” (Ef 4:9-10). O Senhor Jesus, o Filho do Homem, que desceu às profundezas mais baixas, ocupa a mais elevada posição no céu, e ali traz em Sua Pessoa o solene testemunho do Calvário. Por causa de Sua obediência até a morte, mesmo a morte de cruz, Deus O exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que está acima de todo nome (Fp 2). Ele foi ressuscitado dentre os mortos para a glória de Deus Pai que O colocou à Sua própria mão direita nos lugares celestiais, muito acima de todo principado, poder e domínio, e todo nome que se nomeia, não apenas neste século, mas também no vindouro (Efésios 1). Quando essa exaltação do Senhor é apreendida, Ele Se torna realmente o Líder de Seu povo e é engrandecido por eles.
O Senhor não é plenamente honrado por Seu povo até que Sua presente glória seja reconhecida. À luz de Sua atual exaltação como Homem, no lado da vida após a morte, Sua glória como o Senhor que morreu é vista. Ele, o Cristo ressuscitado e que subiu ao céu, é o Primogênito dentre os mortos, o Cabeça sobre todas as coisas, a Cabeça de Seu corpo, a Igreja, e quanto mais o coração O apreende assim, mais tudo o que Ele fez ao morrer por nós é lembrado.
O Líder celestial está diante de Seu povo nos ensinamentos da porção diante de nós. Mesmo em assuntos terrestres, a influência de um líder sobre seus seguidores é proporcional à honra em que eles têm por ele. Agora, Cristo está no céu e em glória, e como Sua grandeza e majestade, Sua força e poder são apreendidos pela fé, uma poderosa influência é exercida sobre a alma e a vida de Seu povo. Sua posição na glória e sua vitória determinam a bênção dos remidos; a plenitude da bênção dos membros é determinada pela glória da cabeça. Sua honra e a bênção deles não devem ser separadas. Nossa posição celestial em Cristo é exclusivamente da graça divina, mas é nossa em Cristo nas alturas. Agora, de fato, é um tema para fé, mas em breve será exibido em glória, e essa exibição será vista como sendo em honra de nosso exaltado Salvador, Jesus Cristo, o Senhor.
