Origem: Revista O Cristão – Mistérios

O Mistério de Deus Deve Ser Completado

Com relação a este assunto, nos referiremos a três Escrituras:

Primeiro: “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4:4 – ARA).

Segundo: “de fazer convergir n’Ele, na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da Terra n’Ele, digo, no Qual fomos também feitos herança” (Ef 1:10-11 – ARA).

Terceiro. “O anjo […] e jurou por Aquele que vive para todo o sempre […] que não haveria mais demora [tempo – KJV]; mas nos dias da voz do sétimo anjo, quando tocar a sua trombeta, se cumprirá [será completado – JND] o segredo [mistério – ARA] de Deus” (Ap 10:5-7).

Essas três partes da Escritura marcam os grandes eventos ou épocas principais das relações de Deus com o mundo. O primeiro deles é passado; os outros dois, futuros. Agora nos esforçaremos para verificar, a partir das Escrituras, a que relações e caminhos passados de Deus a expressão em Gálatas se refere: “vindo, porém, a plenitude do tempo”. Consequentemente, precisamos dar uma olhada geral na história passada do homem, como revelada a nós, desde o início até aquele momento.

Domínio e governo 

Se nos voltarmos para Gênesis 1–2, descobrimos que Deus, tendo criado o homem e a mulher em inocência, lhes concedeu um domínio universal conjunto sobre tudo o que Deus havia criado neste mundo. Mas Satanás entrou e conseguiu derrubá-los deste senhorio universal. O homem caiu sob seu poder e se afastou de Deus. Adão sai da presença de Deus e de um estado para o qual ele nunca poderia retornar. Então começa a prova do homem nessa condição, que dura cerca de quatro mil anos, até que a “plenitude do tempo” chegou.

Por cerca de 1600 ou 1700 anos dessa prova, Deus deixou os homens por si mesmos (Deus sempre preservando um testemunho no mundo para Si mesmo) até o dilúvio, quando a Terra estava “corrompida diante da face de Deus e encheu-se a Terra de violência. E viu Deus a Terra, e eis que estava corrompida; porque toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a Terra” (Gn 6:11-12). E o mundo de então, que foi inundado pela água, pereceu. Nisto terminou a prova do homem que foi deixado sem lei. Noé e sua família são salvos por meio do julgamento do mundo, e nós o encontramos na Terra assim purificada. Deus coloca em suas mãos a espada do governo (Adão tinha o senhorio; Noé, governo).

Idolatria 

Um novo princípio agora encontra um lugar no coração dos homens; o culto aos demônios começou. Quando o homem conheceu a Deus: “não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças; antes, em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis” (Rm 1:21-23). O homem não pode ficar sem algo ou alguém para governar sua consciência e coração; se ele não tiver Deus acima dele, ele terá outra coisa. Satanás consegue esse lugar, e o homem se volta para a adoração de demônios. “O que as nações sacrificam, sacrificam aos demônios, e não a Deus” (1 Co 10:20 – JND).

Nesse estado de coisas, o coração do homem ficou cheio de vontade própria – vontade própria que se mostra independente de Deus. Isso foi expresso na construção da torre de Babel. Isso encontrou o julgamento de Deus, que a restringiu pela confusão de diferentes idiomas; um obstáculo ao propósito comum do coração do homem.

Israel e a Lei 

Quando o mundo entrou em idolatria, Deus separou para Si um homem – Abraão – e nele uma nação – Israel – para que pudesse colocar o homem sob outro teste em um novo terreno. A lei representava ao homem o teste de sua responsabilidade como filho caído de Adão e a autoridade de Deus. Essa nova prova durou até o cativeiro da Babilônia. Após a história da realeza de Israel e seu fracasso, Deus removeu a sede de Seu governo do centro do qual havia governado o mundo, e então transferiu o poder supremo do mundo para as mãos dos gentios, começando com a Babilônia e seu rei Nabucodonosor.

Os tempos dos gentios 

Como então Nabucodonosor vai usá-lo? Elevado em orgulho de coração, ele faz de si um centro e se esforça para tornar um centro de unidade religioso e idólatra à parte de Deus. Exaltado, ele diz: “Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder e para glória da minha magnificência?” (Dn 4:30). Ele perde sua razão moral e se torna um animal, tipificando, como cabeça deles, o poder dos gentios em todo o período de sua existência, até que os “tempos dos gentios se completem” (Lc 21:24).

E agora, no deserto moral deste mundo, e naquele pequeno local em que Ele havia concedido esse cuidado, veio Sua última prova para o homem. “E disse o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; talvez, vendo-o, o respeitem. Mas, vendo-o os lavradores, arrazoaram entre si dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa. E, lançando-o fora da vinha, o mataram” (Lc 20:13-15). Assim terminou o teste do homem por 4.000 anos, sob todas as formas de prova. A plenitude do tempo chegou (Gl 4:4-5).

Deus enviou Seu Filho 

Deus enviou Seu Filho, que foi recebido. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido! Ele assumiu a dupla posição: “nascido sob a lei”, pela qual o judeu estava sob condenação, mas Seu propósito era resgatar, por Sua morte, aqueles que estavam sob a lei; aqueles que creem, tanto judeus quanto gentios, podem receber a adoção de filhos – para que Deus possa mostrar as riquezas abundantes de Sua graça para com aqueles que estavam sob pecado e condenação.

Para aqueles que creem, Deus revela Seu propósito: “para a administração da plenitude dos tempos; encabeçar todas as coisas em o Cristo, as coisas nos céus e as coisas na Terra; n’Aquele em Quem também obtivemos herança” (Ef 1:10-11 – JND). E quando esse tempo chegar, o anjo forte jura por Aquele que vive para todo o sempre, que o “Mistério de Deus” deve ser consumado [completado – JND] (Ap 10:7).

O mistério de Deus 

Durante o intervalo entre a “plenitude do tempo” e a “dispensação da plenitude dos tempos”, “o mistério de Deus”, de Apocalipse 10, continua. Esta é a Sua não intervenção em poder aberto para endireitar as coisas no mundo, enquanto Ele observa tudo em segredo – o tempo em que Ele suporta com longanimidade o mal sem julgá-lo. A Igreja de Deus sofre neste intervalo no “reino e paciência de Jesus”. O domínio gentio continua no mundo. A grande imagem de Daniel 2 ainda não recebeu o golpe da pedra cortada sem as mãos. Toda a criação geme e sofre de dores, aguardando a manifestação dos filhos de Deus (Rm 8:19-22). Satanás anda desenfreado, como um leão que ruge, buscando a quem possa devorar. Jesus, rejeitado pelo mundo, assenta-Se à direita de Deus, esperando até que Seus inimigos sejam postos como escabelo de Seus pés (Sl 110; Hb 10).

O Filho do Homem em domínio 

Se nos voltarmos para o Salmo 8, descobriremos que existe um “Filho do Homem” a Quem esse domínio é concedido. “Fazes com que Ele tenha domínio sobre as obras das Tuas mãos; tudo puseste debaixo de Seus pés: todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo; as aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares” (Sl 8:6-8). Quem é esse Filho do homem? E onde esse domínio deve ser exercido e desfrutado? É o Segundo (último) Adão – o Filho do Homem – a Quem essa liderança é dada. Está em uma era que está por vir, e este domínio deve ser exercido e desfrutado. Enquanto isso, ao esperar pela assunção dessa liderança, Ele é “coroado de glória e honra”.

Todas as coisas que foram marcadas e destruídas nas mãos do primeiro Adão serão mais do que reparadas no Último Adão, o Filho do Homem. Ele assume a liderança do Salmo 8, não apenas por direito, mas por redenção, pois a herança havia caído sob o poder do inimigo por meio do pecado do homem. Os coerdeiros desfrutarão então unidos com Ele dessa liderança na glória celestial, e o nome do Senhor será excelente em toda a Terra.

F. G. Patterson (adaptado)

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