Origem: Revista O Cristão – Montes
O Monte das Oliveiras
Que riqueza de lembranças e pensamentos vêm à nossa mente quando consideramos o Monte das Oliveiras! É mencionado muitas vezes no Novo Testamento em conexão com o ministério de nosso Senhor aqui na Terra, como o lugar onde Ele costumava ir sozinho ou com Seus discípulos.
A primeira menção do lugar na Escritura ocorre muitos anos antes, no tempo de Davi, quando ele fugiu de Absalão. Está registrado que “E subiu Davi pela subida das Oliveiras, subindo e chorando, e com a cabeça coberta; e caminhava com os pés descalços” (2 Sm 15:30). O nome provém do fato de que as oliveiras floresciam ali e, de fato, antigas oliveiras ainda vivem no local, algumas delas provavelmente datadas de quase 1.000 anos. O nome Getsêmani se originou da palavra aramaica para “prensa de azeitona”. A área também é um dos maiores cemitérios judaicos do mundo, com milhares de sepulturas que datam de 3.000 anos. Ao longo dos tempos, foi considerado uma grande honra para aqueles de origem judaica serem enterrados ali.
O vale de Cedrom
Quanto à geografia do local, fica a leste de Jerusalém, através do que é conhecido como vale de Cedrom, um vale raso, por meio do qual o riacho Cedrom fluía antigamente. O vale está seco hoje, exceto quando há uma chuva forte. A terra sobe suavemente Montesaté o cume, depois começa a descer em direção ao vale do Jordão. A vila de Betânia fica na encosta leste do monte, e se continuarmos, mais adiante somos levados por uma estrada bastante íngreme que leva a Jericó, a uma distância de cerca de 24 quilômetros. É de fato uma estrada descendente, pois a perda de altitude é de pouco mais de 1.200m.
O nome Cedrom significa “escuro, preto ou turvo” e tem esse significado na Escritura, pois fala do caminho de rejeição. Davi, como uma figura de nosso Senhor Jesus, trilhou esse caminho quando fugia de Absalão, chorando, com os pés descalços e, de todas as formas, assumindo o lugar de submissão, o que Deus havia permitido. Mais tarde, descobrimos que Simei, que amaldiçoou Davi quando ele estava em rejeição, foi executado quando atravessou o ribeiro de Cedrom, pois ele fez isso contrariamente ao julgamento expresso de Salomão sobre ele. Mais adiante na história de Israel, reis piedosos como Asa e Josias destruíram os ídolos e outras coisas associadas à adoração de divindades pagãs e os queimaram no ribeiro de Cedrom. A certa altura, no tempo de Josias, o Monte das Oliveiras é referido como o “monte da corrupção” (2 Rs 23:13 – TB), pois evidentemente a área havia sido contaminada com adoração e idolatria pagã, desde o tempo de Salomão.
Jesus esteve lá
Mas há o que é mais precioso quando chegamos ao nosso bendito Senhor e Sua associação com o ribeiro de Cedrom e o Monte das Oliveiras. Ele também atravessou o ribeiro de Cedrom, não uma vez, mas muitas vezes, mostrando que, mesmo em Sua vida, foi amplamente rejeitado por aqueles a quem veio em graça. No que diz respeito ao Monte das Oliveiras, Ele frequentemente ia até ali com Seus discípulos e, em outras ocasiões, ia sozinho, tanto para orar como para passar a noite. Ele poderia dizer: “O Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mc 8:20). Lemos que, em uma ocasião, “E cada um foi para sua casa. Porém Jesus foi para o monte das Oliveiras” (Jo 7:53; 8:1). Embora perfeitamente acessível a todos, Ele era realmente o mais solitário dos homens.
Finalmente, chegou a hora de cruzar o vale de Cedrom com Seus discípulos, mas desta vez para orar no jardim do Getsêmani antes de ir para a cruz. Aqui pisamos em solo sagrado, enquanto admiramos aquela cena solene e ainda assim abençoada. O caminho da rejeição O levou apenas à cruz, contudo, Ele voluntariamente tomou esse caminho, pois podia dizer: “não se faça a Minha vontade, mas a Tua” (Lc 22:42).
A importância futura
Mas se o ribeiro de Cedrom e o Monte das Oliveiras estão associados às trevas, ao julgamento e à rejeição de nosso bendito Senhor e Mestre, temos a garantia da Palavra de Deus de que nem sempre será assim. O vale de Cedrom e o Monte das Oliveiras têm um significado especial, não apenas na rejeição, mas também na glória futura de nosso Senhor Jesus.
Lemos em Jeremias 31:40 que “E todo o vale dos cadáveres e da cinza e todos os campos até ao ribeiro de Cedrom, até à esquina da Porta dos Cavalos para o oriente, serão consagrados ao SENHOR; não se arrancarão, nem se derribarão mais, eternamente”. Num dia vindouro, tudo o que falar de rejeição e julgamento será eliminado, pois Israel se regozijará mais uma vez em sua própria terra e se ajuntará ao Messias, a Quem uma vez recusou.
Mais do que isso, o próprio Senhor descerá diretamente ao Monte das Oliveiras, pois lemos em Zacarias 14:3: “E o SENHOR sairá e pelejará contra estas nações, como pelejou no dia da batalha. E, naquele dia, estarão os Seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele, para o sul”. Após o terrível julgamento de Israel pelo rei do norte (descrito em Zacarias 13:7-9), o Senhor aparecerá em favor de Seu povo. É apropriado que Ele apareça em poder e glória no próprio local onde uma vez tomou o lugar de humilhação e submissão. Evidentemente, ocorrerão grandes mudanças geográficas, a fim de se preparar para um rio de bênçãos que fluirá de Jerusalém, descrito em Zacarias 14:8 e em Ezequiel 47:1-12. Naquele dia, o Senhor aparecerá primeiro para julgar os inimigos de Israel – Seus inimigos – e depois trazer bênçãos milenares, não apenas para o Seu povo terrenal, mas para todo o mundo.
A ascensão
Foi exatamente neste momento que os anjos se referiram em Atos 1:11, quando disseram aos discípulos: “Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu O vistes ir”. O Senhor Jesus “levou-os fora, até Betânia” (Lc 24:50) e ao mesmo Monte das Oliveiras, a partir do qual subiu ao céu. Nesse momento, o evangelho deveria ser novamente pregado à nação de Israel, mas de um Cristo ressuscitado em glória, para que eles tivessem mais uma oportunidade de se arrepender e crer. Assim, o cenário aqui ainda é judaico, pois se a nação de Israel tivesse respondido a essa mensagem final, sem dúvida o Senhor teria retornado e estabelecido o reino. Mas quando a nação em geral recusou esse testemunho, o reino terrenal foi adiado até que a Igreja fosse reunida, principalmente dentre os gentios.
Podemos dizer então, que embora a interpretação estrita dessa Escritura em Atos 1:11 se refira à Aparição do Senhor em favor de Israel, moralmente podemos aplicá-la a nós mesmos hoje, enquanto esperamos a vinda do Senhor para nós, para nos levar antes de chegar o dia do julgamento. Quando Ele voltar em poder e glória, nós estaremos com Ele, e faremos parte de tudo o que estará envolvido no estabelecimento do reino milenar. “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos, e quão inescrutáveis, os Seus caminhos!” (Rm 11:33) Podemos bem dizer, com Paulo: “Porque d’Ele, e por Ele, e para Ele são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém” (Rm 11:36).