Origem: Revista O Cristão – Vida e Morte

Morte Moral

Romanos 6:19-20 demonstra a natureza progressiva de andar em santidade (santificação prática). Paulo diz: “Assim como oferecestes os vossos membros para a escravidão da impureza e da maldade para a maldade [iniquidade para a iniquidade – TB], assim oferecei, agora, os vossos membros para servirem à justiça para a santificação”. Os crentes romanos já haviam praticado a iniquidade (antes de serem salvos) e, ao fazê-lo, só se tornaram mais iníquos; eles deveriam agora praticar a justiça, e isso resultaria em se tornarem progressivamente mais santos. Isso mostra que é algo progressivo em ambas as direções. Assim como um homem que pratica a impiedade se torna cada vez mais ímpio (“iniquidade para iniquidade”), assim também quanto mais um Cristão pratica a justiça, mais santo ele se torna (“justiça para santificação”).

Do lado negativo, um homem não se torna um monstro de uma só vez; pode levar anos na prática do pecado. Ele pode cometer hoje um ato maligno que cinco anos atrás teria repudiado cometer. Foi relatado que Nero chorou por matar uma mosca em seus primeiros dias, mas terminou sua carreira rindo enquanto Roma queimava! O ponto de Paulo aqui é que, assim como o pecado opera progressivamente em uma pessoa, assim a justiça também opera progressivamente na vida de um crente. Cada vez que fazemos uma ação correta, torna-se mais fácil para nós fazê-la novamente. Alguém disse apropriadamente: “Cada nova vitória dará a você um novo poder”. Assim, de maneira prática, “crescemos para a salvação” (1 Pedro 2:2 – ARA). O hino infantil enfatiza esse ponto: “Cada vitória irá ajudá-lo a vencer outra”. Assim, os Cristãos estão agora em uma nova e feliz servidão como “servos [escravos] à justiça” [TB].

Justiça e santidade 

Uma diferença que devemos notar é que “justiça” e “santidade” não são a mesma coisa. Justiça tem a ver com fazer as coisas certas porque são certas. Santidade tem a ver com fazer as coisas certas porque você ama o que é certo e odeia o mal.

Em Romanos 6:21-23, Paulo conclui apontando para a tremenda diferença nos resultados dessas duas servidões opostas. Ele pede aos crentes romanos que considerem o fim do curso que eles estavam trilhando antes de serem salvos: “E que fruto tínheis, então, das coisas de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte”. Que proveito havia nele? Só trouxe morte em todos os sentidos. Mas, sendo libertados, ele lhes diz para olharem para os grandes e bons resultados que agora estavam sendo produzidos na vida deles: havia “fruto para a santificação, e por fim a vida eterna”. Eles agora estavam livres para fazer a vontade de Deus em comunhão com Deus, e o caminho que estavam trilhando terminaria em glória no dia vindouro. (Como no capítulo 5:21, Paulo vê a “vida eterna” aqui como sendo algo que alcançaremos no final do caminho da fé, quando chegarmos ao céu em um estado glorificado. Claro, nós também a temos agora, o que o apóstolo João chama de “eterna vida” (JND) – veja, por exemplo, João 3:16, 36 – JND.)

O versículo 22, no capítulo 6, é uma espécie de resumo da verdade. Ele declara:

  • Somos “libertados do pecado”.
  • Somos “feitos servos de Deus”.
  • Temos “o nosso fruto para a santificação”.
  • E o fim é “a vida eterna”.

O salário do pecado 

A conclusão de todo o assunto é esta: “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:23). Como mencionado, um caminho leva à “morte” e o outro caminho leva à “vida”. “O salário do pecado” mencionado aqui é muitas vezes considerado como pecados (más ações) que os homens cometem. Os evangelistas usarão esse versículo para dizer aos pecadores que, como consequência de seus pecados, eles morrerão e irão para o inferno. Mas devemos ter em mente que essa seção da epístola não está tratando com pecados, mas sim com o pecado, a natureza pecaminosa no crente. Paulo já mostrou no capítulo 5 que a morte na raça humana não é o resultado de pecados pessoais, mas o resultado de ser descendente de uma cabeça caída. A morte pode reivindicar uma criança com apenas um dia de vida. É claro que a morte não reivindicou a criança porque ela é culpada de pecar, mas porque ela tem uma natureza pecaminosa e os efeitos dessa natureza no corpo da criança causaram a sua morte. Além disso, os crentes no Senhor Jesus Cristo, cujos pecados são perdoados, ainda morrem. Se seus pecados causaram sua morte, poderíamos concluir erroneamente que Deus, afinal, não os perdoou! Em relação a esse versículo, alguém disse que ele “não é um apelo aos pecadores, como às vezes é usado, mas àqueles que já foram libertados”.

B. Anstey

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