Origem: Revista O Cristão – Mudança

A Mudança da Lei para a Graça

O ministério de Eliseu foi muito diferente do ministério de Elias, embora Eliseu houvesse passado um tempo acompanhando o velho profeta Elias como seu servo. O ministério de Elias trazia o testemunho da lei e chamava Israel a retornar ao Senhor. Seus milagres foram demonstrações de poder e julgamento para fazer com que Israel temesse e obedecesse a Deus. O ministério de Eliseu só começou quando Elias foi retirado. Eliseu ministrou graça a Israel quando eles estavam em circunstâncias difíceis. Esses dois homens em seus respectivos ministérios demonstram o contraste entre a lei e a graça. Eles são um exemplo da mudança de ministério que veio através de Cristo, como é dito em João 1:17: “Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”. A transição do ministério de Elias para o ministério de Eliseu é mostrada na última jornada de Elias antes deste ser levado aos céus no redemoinho. Elias testou o seu jovem servo Eliseu, enquanto ele fazia sua jornada, deixando para trás seu povo e sua terra. Será que Eliseu permaneceria com ele até que seu ministério terminasse? Muitos outros profetas sabiam que o Senhor estava prestes a levar Elias, mas somente Eliseu permaneceu com ele e viu Elias enquanto estava sendo levado ao céu. O mero conhecimento das coisas celestiais não é o bastante, devemos estar dispostos a andar nesse caminho. Não podemos apreciar a graça de uma forma apropriada se não conseguimos entender que: “o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10:4). “A lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo” (Gl 3:24). “Ora, àquele que faz qualquer obra, não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida” (Rm 4:4).

Elias rejeitado 

A esperança de haver uma reforma através do ministério de Elias acabou quando ele foi rejeitado pelo rei Acabe, Jezabel e todo Israel. Porém, Deus daria a Israel mais uma oportunidade antes de julgá-los. Foi o ministério da graça, por meio de Eliseu. Porque para Eliseu conseguir poder, ele teve que seguir Elias nos três últimos lugares que este visitou: Betel, Jericó e o Jordão. Cruzando o rio Jordão, eles foram para o deserto, onde Eliseu foi levado vivo ao céu. Essa jornada a Betel, a Jericó e ao Jordão era o inverso do que Josué percorreu quando entrou na terra prometida com a nação de Israel. O caminho do homem sob a lei falhou quando a nação de Israel rejeitou a Cristo, assim como Elias foi rejeitado. Mas a morte, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus abriu um novo caminho para um novo ministério, o que é tipificado no ministério de Eliseu. A graça de Deus fluiu de maneira mais plena do que nunca, depois da redenção consumada no Calvário. “Mas, quando apareceu a benignidade e caridade de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas, segundo a Sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tt 3:4-5).

Betel 

Quando Elias deixou Gilgal, o primeiro passo foi ir a Betel, que significa “casa de Deus”. Como poderia tal lugar ser a “casa de Deus” se o profeta Elias foi rejeitado? Apenas no nome. Como Deus poderia Se encontrar com eles lá? Uma mudança foi necessária. Os filhos dos profetas professavam saber que Elias estava partindo, mas não estavam dispostos a deixar sua cidade e seguir o profeta do Senhor. Somente Eliseu seguiu com ele: “Vive o SENHOR, e vive a tua alma, que te não deixarei” (2 Rs 2:4).

Depois, quando Eliseu retornou a Betel depois de ter recebido o manto que caiu de Elias, ele foi zombado por crianças. Eliseu, então, pronunciou uma maldição contra eles e duas ursas despedaçaram 42 das crianças. A lição é que se nós rejeitarmos a graça, a maldição da natureza nos rasgará em pedaços.

Jericó 

Jericó era a próxima parada na jornada que os profetas faziam. É conhecida como “a cidade das palmeiras”, mas no começo da conquista da terra, Josué pronunciou uma maldição contra aquela cidade. Todo o ouro, prata, bronze e ferro deveriam ser consagrados ao Senhor. Muitas das belezas deste mundo foram arruinadas por essa maldição. Raabe foi salva de Jericó por causa de sua fé, porém Acã foi julgado porque cobiçou e roubou suas riquezas. Elias foi constrangido a deixar Jericó, ele era ligado ao céu, então ele e Eliseu seguiram para o Jordão.

Mais tarde, quando Eliseu retorna a Jericó, os cidadãos reclamam que embora ali fosse um lugar prazeroso, as águas eram ruins. Eliseu pediu que trouxessem uma nova jarra, colocou sal nela e jogou na água, e isso sarou as águas para eles. Isso demonstra como o crente, com sua nova natureza, tem o poder para distinguir as coisas limpas deste mundo das imundas, e então, ser capaz de usar do refresco natural deste mundo para o bem, de acordo com o uso correto d’Eles, de acordo com Deus. Assim lemos no Novo Testamento “os que usam deste mundo, como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa” (1 Co 7:31).

Jordão 

O terceiro lugar na jornada dos profetas era o rio Jordão. Eliseu observa enquanto Elias dobra seu manto e fere o rio assim como Moisés feriu o Mar Vermelho com sua vara. As águas se dividem e eles passam pelo rio em terra seca. Esse era um testemunho de que o ministério de Deus por meio de Elias tinha terminado. Israel não poderia ser abençoado sob o ministério de Elias. Uma mudança era necessária. Era importante que Eliseu entendesse isso, porque a lei e a graça nunca podem se misturar. Deve ser uma ou outra.

Quando Eliseu retorna ao Jordão depois de ter visto Elias subir no redemoinho, ele feriu as águas do rio e disse: “Onde está o SENHOR, Deus de Elias?” E o Senhor respondeu do céu separando as águas para que ele pudesse passar (a nota na tradução JND diz: “Sim, Ele (Jeová) feriu as águas). Era uma demonstração de que o Senhor estava com Eliseu assim como esteve com Elias. Os filhos dos profetas também perceberam isso. O resultado foi que Eliseu tinha graça e poder para ir ao encontro de todas as necessidades de Israel. Da mesma forma como o Senhor Jesus foi levado ao céu – o Verdadeiro Elias – graça ilimitada flui de Deus para o mundo.

Elias levado ao céu 

Uma vez quando os dois estavam no deserto, Elias perguntou a Eliseu: “Pede-me o que queres que te faça, antes que seja tomado de ti” (2 Rs 2:9). Ele então pediu uma porção dobrada do espírito de Elias. A promessa foi feita com uma condição – que Eliseu visse Elias quando ele fosse tomado. Eliseu o viu ser levado e gritou, “Meu pai, meu pai”. Eliseu recebeu porção dobrada e estava capacitado a voltar a Israel com uma mensagem de poder e graça para o povo. A ascensão do Senhor Jesus abriu o caminho para as bênçãos celestiais. A fonte da graça vem d’Aquele que agora conhecemos como Pai. Por causa da perfeita obra de redenção do Senhor Jesus e a satisfação de Deus n’Ele, a graça de Deus pode ser proclamada em toda parte. O evangelho não compromete Sua justiça nem limita o que o pecador pode receber. Isso glorifica ao Senhor Jesus Cristo. Somente Deus poderia escrever um plano tão maravilhoso. Se alguém pensar que contribuiu de qualquer forma com sua salvação, ele falhou em ver como Cristo é o fim da lei.

A graça nos ensina 

Esta história de Elias e Eliseu demonstra o princípio imutável da justiça, amor e misericórdia de Deus, que permanece o mesmo em todas as eras. Por outro lado, as formas dispensacionais de Deus agir com o homem mudaram no Novo Testamento. Em Cristo não estamos debaixo da lei, e não podemos atribuir nossas justiças a nenhuma de nossas bênçãos. Devemos tudo a Ele. À medida que desfrutamos desse favor, que nossa consagração a Cristo possa ser como a de Eliseu enquanto servia a Elias. O favor mostrado a nós deveria nos ensinar a obedecermos a Ele. A obediência de Cristo vai além da obediência à lei dada a Israel. O Senhor Jesus elevou o padrão muito além do que os Dez Mandamentos requisitavam, e somos privilegiados em obedecê-los na liberdade da nova vida, longe de qualquer fardo e prisão. “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente” (Tt 2:12). Não existe nenhuma razão para transformar a graça de Deus em desculpa para praticar iniquidade. “porque bom é que o coração se fortifique com graça e não com manjares, que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram” (Hb 13:9).

D. C. Buchanan

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