Origem: Revista O Cristão – Música

O Desenvolvimento da Música na Bíblia

Deus criou todas as coisas na Terra para o homem desfrutar em Sua presença, e Ele disse que tudo era “muito bom”. Elas eram para serem recebidas, “com ações de graças, pelos fiéis” (1 Tm 4:3 – ARA). Logo no início da história do homem, temos um vislumbre de como a música surgiu. Caim saiu da presença do Senhor e construiu uma cidade. Enquanto desenvolvia um ambiente sem a presença consciente do Senhor, sua família procurava divertimento. Foi assim que começaram os negócios, o entretenimento e a ciência. “Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão” (Gn 4:21).

Deus criou a maravilhosa escala harmônica da música, e ela deveria ser, antes de tudo, usada para Ele. Ele também nos equipou com um corpo capaz de tocar e ouvir notas musicais, com o objetivo de podermos responder a Ele em louvor. É uma pena ver a música inicialmente sendo desenvolvida sem Deus em vista. Até os pássaros cantam para o seu Criador. Mas a cidade que a família de Caim construiu foi desenvolvida como um sistema de vida de prazer sem Deus. No fim, esse sistema se tornou tão mau que Deus destruiu aquela geração com o dilúvio.

Rei Saul 

Passemos para o tempo do rei Saul, quando ele profetizou enquanto o grupo de profetas tocava música (1 Sm 10:5). O Espírito de Deus veio sobre ele, e ele foi transformado em outro homem. O poder do Espírito com a influência da música produziu uma mudança em Saul que fez o povo se maravilhar. Ele teve um bom começo. Mas os acontecimentos subsequentes mostram que ele não continuou no caminho da obediência. No capítulo 15, o rei Saul desobedeceu à Palavra do Senhor ao não destruir completamente os amalequitas e seus rebanhos. No capítulo seguinte, um espírito maligno veio sobre ele, impedindo-o de dormir à noite. Os servos de Saul disseram: “Diga, pois, nosso senhor a seus servos, que estão em tua presença, que busquem um homem que saiba tocar harpa E sucedia que, quando o espírito mau, da parte de Deus, vinha sobre Saul, Davi tomava a harpa e a tocava com a sua mão; então, Saul sentia alívio e se achava melhor, e o espírito mau se retirava dele” (1 Sm 16:16, 23). A música teve o efeito desejado. Mas o rei Saul falhou em julgar a raiz do problema, pois ele rejeitou a Palavra do Senhor. Esse ponto precisava ser tratado, em vez de apenas buscar alívio pela música. A música fazia o espírito maligno fugir, mas dava apenas um alívio temporário. Não há substituto para a obediência. “Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15:22). Saul continuou seguindo o mesmo caminho, até o extremo de perseguir aquele que tocava harpa para lhe dar alívio. No final da vida do rei Saul, ele se entregou completamente à feitiçaria. Que triste!

A contribuição do rei Davi 

Deus então levantou um homem que usaria a música em seu devido lugar para acompanhar os louvores a Jeová. O rei Davi, “o suave em salmos de Israel”, instituiu uma ordem de louvor e adoração para os sacerdotes e levitas na casa de Deus que foi construída em Jerusalém. Ele restaurou a ordem no sacerdócio. Ele havia aprendido que ninguém além dos sacerdotes deveria carregar a arca do Senhor quando a trouxesse de Quiriate-Jearim. “E disse Davi aos príncipes dos levitas que constituíssem a seus irmãos, os cantores, com instrumentos músicos, com alaúdes, harpas e címbalos, para que se fizessem ouvir, levantando a voz com alegria” (1 Cr 15:16). “E quando eles uniformemente tocavam as trombetas e cantavam para fazerem ouvir uma só voz, bendizendo e louvando ao SENHOR, e quando levantavam eles a voz com trombetas, e címbalos, e outros instrumentos músicos, para bendizerem ao SENHOR, porque era bom, porque a Sua benignidade durava para sempre, então, a casa se encheu de uma nuvem, a saber, a Casa do SENHOR” (2 Cr 5:13). Quão maravilhoso é ver a arte da música ser usada para retornar louvor ao Senhor!

Davi, que era muito talentoso em música e em compor salmos poéticos, estabeleceu uma boa ordem, a ponto de dar ao Senhor Seu devido lugar sobre sua própria dignidade. Aqueles que são talentosos em música podem facilmente acabar se ocupando com o uso e prazer dela e esquecer o Deus que nos deu ricamente todas as coisas para desfrutar.

Durante os anos seguintes dos reis, houve períodos de declínio e recuperação, mas não lemos muito sobre eles cantando e regozijando ao Senhor com música. Finalmente, quando a deterioração entrou e eles foram oprimidos por seus inimigos, eles tiveram que pendurar suas harpas nos salgueiros. Nabucodonosor destruiu o templo e os levou para uma terra estranha, como é dito: “Porquanto aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos cânticos de Sião. Mas como entoaremos o cântico do SENHOR em terra estranha?” (Sl 137:3-4)

Nabucodonosor 

Após o cativeiro de Judá, descobrimos que Nabucodonosor usou a música para unificar todo o povo na adoração de um ídolo que ele criou. Pela interpretação de Daniel do sonho de Nabucodonosor, o Deus do céu havia revelado a ele que, de acordo com as imagens da cabeça de ouro em seu sonho, ele seria o primeiro dos governantes gentios estabelecidos por Deus. Nabucodonosor então fez uma imagem de ouro de si mesmo e, acompanhado por vários instrumentos musicais, impôs a adoração idólatra da imagem de ouro. Em essência, ele estava usando a autoridade que Deus lhe deu para usurpar o lugar de Deus e Sua devida adoração. O uso da música para realizar esse tipo de adoração é traiçoeiramente maligno.

“E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e gente de todas as línguas: Quando ouvirdes o som da buzina, do pífaro, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles e de toda sorte de música, vos prostrareis e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado” (Dn 3:4-5). Esses seis tipos de instrumentos musicais foram efetivamente usados para induzir todos, exceto três, a se curvarem diante da imagem que Nabucodonosor havia feito. Mas o Deus do céu usou Seus três servos fiéis como testemunho de que Ele estava sobre todas as coisas. Quando se recusaram a se curvar e adorar a imagem de ouro, eles foram lançados na fornalha de fogo ardente. Mas Um semelhante ao Filho de Deus os livrou do poder do fogo, e Nabucodonosor bendisse o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego. É feito um decreto para que ninguém fale mal d’Ele.

É evidente nesse incidente como a música pode influenciar de maneira errada. No caso, ela deu um senso de religiosidade às coisas atrativas para a carne. Isso pode ter um poder de comando sobre a alma. Embora o tipo de música em si não fosse maligno, o objetivo da música, sendo idolatria, estava errado.

“Tocamo-vos flauta” 

No Novo Testamento, existem poucas ocorrências do uso da música. A maneira do Velho Testamento de adorar a Jeová, que estava associada ao primeiro homem, foi abandonada depois que Cristo, o Segundo Homem, veio. Quando os Judeus rejeitaram o Senhor Jesus, esse modo carnal de adoração foi encerrado. Vemos isso acontecendo no primeiro Evangelho. Em Mateus 11:17-19, o Senhor disse-lhes: “Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes. Porquanto veio João, não comendo, nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do Homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos”. Não importava o que os mensageiros fizessem, não havia resposta a Deus. O que mais poderia ser feito! Eles não iriam servir a Deus. Essa forma de adoração deve ser abandonada, e deve ser aberto outro caminho, pois a “Sabedoria” é justificada por ele.

A adoração Cristã 

Esse resultado é afirmado nas epístolas, onde a adoração Cristã é ensinada. Em Filipenses 3:3, Paulo escreveu: “Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne”. E também lemos: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando ao Senhor com graça em vosso coração” (Cl 3:16). Nenhuma menção é feita a instrumentos musicais, pois é o coração que nosso Deus e Pai deseja. O Senhor Jesus falou disso de antemão à mulher samaritana quando disse: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim O adorem. Deus é Espírito, e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:23-24).

O Cristianismo nos eleva a um nível muito mais elevado de relacionamento com Deus como nosso Pai. O lugar de adoração que nos foi dado é por meio de nosso Senhor Jesus Cristo no terreno da ressurreição. O apóstolo Paulo diz isso claramente: “Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo, agora, já O não conhecemos desse modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura [criação – JND] é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5:16-17). Mesmo os apóstolos, que conheceram o Senhor Jesus aqui na Terra, não continuaram a conhecê-Lo como um Homem na Terra. E certamente nós que nunca conhecemos o Senhor na Terra não devemos voltar a esse modo de adoração. Conhecemos Cristo na nova criação e adoramos no novo homem. Cumpramos, então, o papel para o qual fomos chamados, como Pedro diz: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1 Pe 2:5). “Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5:17-20).

D. C. Buchanan

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