Origem: Revista O Cristão – Neemias
Neemias
O Livro de Neemias está intimamente ligado ao livro de Esdras, de fato, os dois formam um único livro nas Escrituras Hebraicas. Treze anos tinham se passado desde o retorno de Esdras a Jerusalém e ele ainda podia ser encontrado naquela cidade (Ed 7:7; Ne 2:1; 8:1). O Livro de Neemias, no entanto, inicia-se nas cortes do palácio de Susã (no atual Irã), onde encontramos Neemias, o copeiro, a serviço do rei Artaxerxes.
Temperamento
Ao comparar os indivíduos – Esdras e Neemias – descobrimos que eles são bem diferentes em relação ao temperamento. Esdras parece mais moderado; ele era o escriba preparado e o sacerdote de Deus. Esdras foi enviado a Jerusalém para restaurar as coisas eclesiásticas. Ele deveria indagar a respeito de Judá e Jerusalém de acordo com a lei de Deus e ensinar aqueles que não a conheciam (Ed 7:14, 25). Para essa obra, ele estava perfeitamente capacitado. Neemias, por outro lado, era um homem de ação e, ao que parece, um líder natural. Sua posição na corte do rei pode muito bem ter tido alguma influência sobre isso. Muitas vezes Deus usa circunstâncias aparentemente insignificantes em nossa vida para nos preparar para coisas maiores. Em contraste com Esdras, o retorno de Neemias a Jerusalém estava relacionado com a restauração do estado civil das coisas. Deve-se ter cuidado ao elevar um sobre o outro; cada um caminhava de acordo com a medida de fé que eles haviam recebido. Por que era necessário que Deus enviasse Neemias a Jerusalém quando Esdras já estava lá? Esdras tinha falhado? Não, cada um tinha um papel que o outro não poderia cumprir.
Papéis diferentes
Devemos evitar classificar nossos irmãos e, pior ainda, nos exaltar. “Porque não ousamos classificar-nos ou comparar-nos com alguns que se louvam a si mesmos; mas esses que se medem a si mesmos e se comparam consigo mesmos estão sem entendimento” (2 Co 10:12).
É da natureza humana mergulhar em coisas que não vimos e promover nosso senso de espiritualidade e superioridade, mas sejamos claros, isso não vem de Deus. “Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão, e não ligado à cabeça” (Cl 2:18-19). Foi exatamente isso que levou aos erros gnósticos que o apóstolo João teve que combater por meio de suas epístolas no final de sua vida. Isso não quer dizer que todos os crentes são espiritualmente conscientes ou que todos exibem o mesmo grau de maturidade. Nós vemos isso claramente nos livros que estamos considerando agora. Aqueles que fizeram o sacrifício para deixar a Babilônia e voltar para a terra foram exercitados para fazê-lo. Alguns, no entanto, pareciam estar satisfeitos em apenas estar ali – eles estavam no centro de Deus, não estavam? Outros, no entanto, estavam dispostos a colocar suas mãos na obra, e de alguns lemos: “Se tinham achado fiéis” (Ne 13:13). É triste dizer que havia também aqueles para quem esse lugar de privilégio significava muito pouco, e seu comportamento apenas serviu para minar o débil testemunho que Deus em Sua graça havia permitido.
No Novo Testamento, Tiago, Pedro e João eram vistos como sendo os pilares na assembleia (Gl 2:9). Por outro lado, no entanto, ter uma visão superior de sua posição entre seus irmãos e dominar a herança de Deus é condenado pelo apóstolo Pedro (1 Pe 5:3). O Senhor não pediu a Pedro que abrisse mão de uma posição para alimentar Suas ovelhas, mas que isso fluísse da afeição de Pedro por Cristo. Qualquer coisa que exalte o homem, seja eu ou outro, diminui a importância de Cristo. “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30).
