Origem: Revista O Cristão – O Filho de Deus
Um Nome Mais Excelente
“Feito tanto mais excelente do que os anjos, quanto herdou mais excelente nome do que eles” (Hb 1:4).
Em Hebreus 2:9, o Senhor Jesus é visto ocupando um lugar “menor do que os anjos”, tornando-Se Homem e, finalmente, morrendo. Consequentemente, em Sua obra completa de “purificação dos nossos pecados” (Hb 1:3) – observe a expressão característica daqueles que estavam acostumados aos rituais terrenais – Ele é visto em Sua ascensão e, como tal, ocupa um lugar “mais excelente do que os anjos” (v. 4).
A palavra “feito” não dá o sentido correto em nenhuma das passagens (Hb 1:4 ou 2:9). Em vez disso, é o lugar que este Bendito tomou. Sua ascensão é mencionada primeiro porque o capítulo 1 enfatiza a majestade do Filho, enquanto no capítulo 2 encontramos Sua humilhação, adaptando-o para ser “o Príncipe da salvação deles” (tipificado por Josué) e “misericordioso e fiel Sumo Sacerdote” de Seu povo (tipificado por Arão) durante a jornada no deserto (Hb 2:10, 17).
No capítulo 1, o Filho é apresentado como maior que os anjos; no capítulo 3, maior que Moisés; no capítulo 7, Ele é visto como o cumprimento da notável figura que é Melquisedeque e, portanto, é maior que Abraão, Arão e seus descendentes.
Os anjos eram considerados significativos para o Judeu, especialmente no recebimento da lei (At 7:53), mas em vista da grandeza do Filho, o papel deles agora é simplesmente o de “espíritos ministradores” (Hb 1:14). O Filho é superior aos anjos em todos os sentidos.
A expressão, “Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és Meu Filho” (v. 5), refere-se ao Filho eternamente. “Hoje Te gerei” (v. 5) é a encarnação do Filho, um homem que é reconhecido como o “Filho de Deus” (Lc 1:35) – não na criação como era Adão (Lc 3:38); não pela fé resultante da redenção, como conosco (Gl 3:26), mas agora, no tempo e na humanidade, o Senhor Jesus é reconhecido Filho de Deus. Isso de forma alguma nega a Sua eterna Filiação, mas se baseia nela. “Eu Lhe serei por Pai, e Ele Me será por Filho” (v. 5) é o caminho do Filho através deste mundo. Essa expressão não enfatiza o fato do próprio relacionamento, que sempre existiu entre o Pai e o Filho, mas transmite o regozijo prático e as consequências desse relacionamento. Em 2 Coríntios 6:18, vemos um pensamento semelhante, desta vez em relação ao crente.
“E outra vez, quando introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus O adorem” (v. 6) refere-se à Aparição do Filho em glória, o que nos leva ao reino estabelecido em poder: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o Teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; cetro de equidade é o cetro do Teu reino” (v. 8).
Finalmente, na conclusão do seu reinado benéfico de mil anos, o Filho devolve o reino “a Deus, ao Pai” (1 Co 15:24), e encerra a primeira criação material, como se alguém dobrasse uma roupa e a guardasse. “Tu, Senhor, no princípio fundaste a Terra, e os céus são obra de Tuas mãos. Eles perecerão, mas Tu permanecerás; E todos eles, como roupa, envelhecerão, e como um manto os enrolarás, e serão mudados. Mas Tu és O mesmo, E os Teus anos não acabarão” (Hb 1:10-12). Estes versículos nos levam da criação ao dia eterno. A mão do Filho colocou a criação em ordem e a mesma mão a enrolará. No entanto, Ele permanece: “Tu permanecerás… Tu és O mesmo” – que consolo para os hebreus que estavam deixando tudo que estava à vista para abraçar realidades eternas desfrutadas apenas pela fé! Nossa porção é apreciada da mesma maneira.
No versículo 3, lemos que o Filho Se assenta em Sua própria dignidade e justiça; no versículo 13, Sua ascensão é referenciada novamente, mas desta vez Ele Se assenta a convite de Deus – nenhum anjo jamais foi assim convidado! Ao acompanharmos o desenvolvimento ordenado desde a encarnação do Filho até o estado eterno (vs. 5-12), somos novamente levados de volta ao ponto em que o Filho está agora, ascendido à destra de Deus (v. 13). Ao sermos conduzidos pelo deserto, o Espírito de Deus continuamente direciona nossos pensamentos para onde o Filho está agora – um Homem à destra de Deus como Objeto de fé e adoração.
Um sacrifício mais excelente
“Pela fé Abel ofereceu a Deus maior sacrifício [sacrifício mais excelente – JND] do que Caim, pelo qual alcançou testemunho de que era justo, dando Deus testemunho dos seus dons, e por ela, depois de morto, ainda fala” (Hb 11:4).
Se no capítulo 1 temos a excelência superior da Pessoa do Filho, nesta Escritura temos, por inferência, a maior excelência de Sua obra em contraste com os sacrifícios sob o Judaísmo (principalmente observados no capítulo 9 e na primeira metade do capítulo 10).
Os exemplos de fé no capítulo 11 não são incidentes aleatórios registrados para nosso interesse geral, mas atos específicos de fé que seriam de particular ajuda para os crentes Judeus da época. O “sacrifício mais excelente” (JND) é o ponto de partida para a fé.
