Origem: Revista O Cristão – Os Nomes do Nosso Senhor Jesus Cristo
Emanuel – Deus Conosco
“Ele será chamado Emanuel, que quer dizer, Deus conosco” (Mt 1:23 – TB).
A Palavra de Deus nos apresenta este fato muito precioso. Nela encontramos não apenas certas verdades e doutrinas, mas também todo o relacionamento terrenal entre Deus e o homem plenamente desenvolvido. É uma grande misericórdia de Deus ter trazido Ele para tão perto de nós, de modo a fazer conhecido por nós esses relacionamentos nas circunstâncias em que nós mesmos nos encontramos. No fundo, a vida de Jesus era como a nossa. Ele foi em todas as coisas tentado da mesma maneira que nós somos. Ele era realmente Deus manifestado em carne, e Sua vida foi perfeitamente agradável para Deus.
A fim de progredirmos na vida espiritual, devemos estudar sobre o Senhor Jesus, seja na graça de Sua Pessoa ou nas circunstâncias de Sua vida, ou, finalmente, na posição gloriosa que Ele tem junto ao Pai, e que devemos, em pouco tempo, compartilhar com Ele.
O Amigo terno e poderoso
Jesus é para nós um Amigo terno e poderoso, e, enquanto caminhamos pelo deserto, sabemos que no final do caminho encontraremos a glória em que Ele está agora. Isso é o que é dito em Hebreus 12:1-2: “Portanto, nós também, pois, que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia e corramos, com paciência, a carreira que nos está proposta, olhando para Jesus, Autor e Consumador da fé”. Como Autor (ou Capitão), Ele foi na nossa frente, como Pastor Ele “tira para fora as Suas ovelhas” e também “vai adiante delas”.
Jesus, a Luz
Veremos um pouco como o Espírito de Deus apresenta Jesus para nós, no começo de Sua vida. Uma observação importante é que Ele, a Luz, manifesta tudo o que existe no homem. As coisas nunca foram trazidas à luz sob a lei. Deus estava, por assim dizer, escondido atrás de um véu, e permitiu muitas coisas por causa da dureza de seus corações, como Jesus disse a Seus discípulos, pois a luz plena ainda não havia sido manifestada. Mas em Cristo a luz brilhou no mundo.
Meditemos sobre Jesus, a Luz sobre a Terra, inteiramente separada dos pecadores, que constituiu a perfeita beleza de Sua vida. Por um lado, vemos que Ele está sozinho, perfeitamente sozinho. Ele era o Homem mais isolado que se pode imaginar. Os próprios discípulos não sabem como ter empatia com Ele. Ele não encontra nenhuma verdadeira empatia no meio dos homens. Sentimos que isso foi doloroso para Ele, porque Ele tinha o coração de um homem e teria desejado encontrar alguém que pudesse compreendê-Lo, mas Ele não encontrou nada em lugar algum. Pelo contrário, quanto a Ele, vemos que Ele tem uma perfeita empatia para com todos. Jesus era o Homem mais acessível, mais ao alcance dos simples, dos ignorantes e até dos pecadores mais degradados. Ele manifestou em Sua vida algo que não tinha par. Não, em nós nunca houve toda aquela santidade e amor, que está acima de todos os nossos pensamentos.
Há tanto egoísmo no coração do homem que o amor de Deus é para ele um enigma ainda mais incompreensível do que a Sua santidade. Ninguém entendeu Jesus porque Ele manifestou Deus. Eu ainda não estou falando de Sua obra, mas do que Ele era, quando Ele Se manifestou no meio do mundo. Só Jesus manifestou Deus como Ele é, e também o homem como ele é.
A primeira coisa que Deus faz é nos deixar nus em Sua presença. Ele tira tudo. Nós estamos diante d’Ele, como nós somos. Bem! Foi o que aconteceu quando Jesus estava aqui embaixo e, portanto, Ele não foi bem recebido e achou-Se em conflito com todos.
O que a luz expõe
É impossível que pudéssemos nos encontrar na presença de Deus assim como nós somos. Um homem acostumado à sujeira não sabe que está sujo, porque todo o seu modo de vida é moldado a isso, mas se ele se encontra em circunstâncias que lhe dão luz, ele se sentirá desgostoso ao ver o que toda a sua vida tem sido. Tal é o coração do homem, mas quando a luz de Deus brilha em sua consciência e em sua alma, ele se vê como realmente é aos olhos de Deus, embora haja, sem dúvida, algum defeito na percepção desse fato. Isso é muito humilhante, ninguém gosta disso, porque é muito doloroso.
João Batista prega o testemunho de arrependimento e do reino que estava prestes a ser estabelecido. Ele se apresenta para direcionar todo pensamento para Jesus. Depois de ter anunciado o testemunho de arrependimento, o Senhor Jesus apresenta-Se ao nosso coração e alma.
O objetivo de Deus não é apenas fazer com que o pecado seja sentido, mas tornar Jesus conhecido e colocar a alma no desfrute do próprio Deus – agir em graça para que possa esquecer-se de si mesmo e ser preenchido com o pensamento de Jesus. É assim que Deus faz isso. Ele apresenta o Senhor “como raiz de uma terra seca”. Não há n’Ele beleza alguma para o homem, como havia no templo – não, nada daquilo que atrai a carne e pode tentá-la. É, pelo contrário, uma raiz que ninguém desejaria. Aos olhos da carne não há absolutamente nada para torná-Lo amável. Quem é então? É um homem pobre que vai pregando! Ele “não tem onde reclinar a cabeça”. Ele é um Homem condenado por toda autoridade clerical, por todos os sábios e todos os fariseus. Os saduceus O condenam; os sacerdotes O condenam. Assim Jesus foi recebido. N’Ele “nenhuma beleza víamos, para que o desejássemos”. Era necessário que Ele Se apresentasse assim, para que pudesse ser mostrado se o coração poderia discernir a Deus, e também porque Ele não forneceria alimento aos sentimentos carnais. Ele deve colocar o coração à prova, para provar se Deus é suficiente para o coração, e se a beleza moral que está em Deus – Seu amor, Sua santidade, Sua Palavra que penetra dentro do coração, e se tudo o que é infinitamente precioso na natureza divina – pode ser discernida pelo homem.
Quando Ele vem como a Luz, Ele nunca Se adapta ao que irá destruir no coração. O homem faria isso, e ele chamaria isso de religião, mas seria apenas para esconder Deus, ou negar a Ele. Assim o Senhor Jesus Se apresenta sem nada que possa atrair o homem. Certamente, todo testemunho de graça e bondade, necessário ao nosso pobre coração, está presente, mas nada para satisfazer seus desejos. O testemunho dado por Jesus foi perfeito e colocou diante do coração a graça necessária, para ser capacitado a provar a graça de Deus por si mesmo.
Emanuel
É o próprio Deus, é Jeová, Quem vem como Salvador. “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um Filho, e Ele será chamado pelo nome de EMANUEL. (Emanuel traduzido é: Deus conosco)”. Que grande e preciosa verdade – “Deus conosco!”
É Deus Quem vejo pela primeira vez na Pessoa de Jesus, mas Deus nas circunstâncias que a carne repele, porque é iníqua. Para conhecer a Deus, a carne deve ser inteiramente mortificada, e a graça em nosso coração deve nos levar a valorizar o amor de Deus apesar da carne. Esta é a história da vida Cristã.
Exteriormente, Jesus era apenas um nazareno pobre, mas a perfeição estava em Seus caminhos e em Seu coração, e ela se manifestava no meio de toda dificuldade, de todo desprezo e de tudo o que era falso. Somente a fé poderia discernir os caminhos de Jesus em meio à necessidade e à toda miséria. O coração quebrantado via esta perfeição de bondade manifestando-se em meio a todos os cuidados. É necessário que o nosso coração veja também, naquele Homem desprezado – o próprio Deus – que Se revela às nossas almas e toma o Seu lugar no meio de nós.
Se Ele é para nós o Deus Altíssimo, Aquele que manifesta toda esta luz, Ele está lá também como Homem, conosco, crentes, em toda nossa miséria e em todas as nossas circunstâncias.
Beleza perfeita
Como Homem, Jesus era perfeitamente Justo, e embora Ele Se colocasse na posição daqueles pobres pecadores que se aproximavam de Deus, Ele não era menos aceito por Deus, e de fato nunca Jesus foi tão aceitável a Deus como quando Ele carregou nossos pecados no madeiro. Foi no momento de Sua morte que Ele glorificou perfeitamente a Deus em tudo o que Ele era como Homem, e que Ele também, ao mesmo tempo, prestou testemunho do amor perfeito e infinito de Deus para com os pecadores.
Que Deus nos conceda valorizar a beleza perfeita daquele Jesus que veio a nós! Nós O conhecemos. Ah! Quão bem-aventurados somos por sermos capazes de dizer: “pois eu sei em Quem tenho crido e estou persuadido de que Ele é capaz de guardar para aquele dia o depósito que Lhe confiei”! (2 Tm 1:12 – JND)
Que Deus nos mostre toda a perfeição de Jesus, e isso mesmo em tentações, pois encontraremos a beleza de Alguém que não nos abandonará até o momento em que Ele terá nos colocado na mesma glória com Ele!
Adaptado de “Emanuel”
