Origem: Revista O Cristão – Os Nomes do Nosso Senhor Jesus Cristo

JESUS – “Como unguento derramado é o Teu nome”

Jeová 

Jeová é um nome – o nome que Ele tomou em Seus tratamentos e relacionamento com os homens, mas especialmente com o Seu povo, Israel. A palavra significa o auto-Existente, e expressa a eternidade e a imutabilidade do Seu Ser. Ele é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o último. O Jesus do Novo Testamento é o Jeová do Velho Testamento.

“Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4:4). É desse mistério que Mateus escreve no capítulo 1: “Lhe porás o nome de JESUS” (Mt 1:21). É um capítulo no qual as glórias divinas e humanas de nosso bendito Senhor estão misturadas e manifestadas. Por “misturadas”, queremos dizer simplesmente que o caráter da Pessoa de Cristo é tal que tudo o que Ele é como Deus e como Homem é contado em Seu nome e em Sua obra. Por exemplo, se pensarmos n’Ele como a descendência de Davi, somos imediatamente lembrados de que Ele também é a raiz de Davi e que o Filho de Davi também é o Senhor de Davi.

O nome Jesus significa ‘Jeová, o Salvador’. Uma Criança nascida no mundo, de origem humilde aos olhos dos homens, é divinamente declarada como Jeová, o Salvador! Sim, o Deus que ouviu o gemido de Seu povo Israel no Egito, que viu sua aflição, que ouviu seu clamor por causa de seus feitores, que conhecia suas aflições, e que desceu para redimi-los do Egito e levá-los daquela terra para uma terra que mana leite e mel – era Ele, o mesmo Deus, o mesmo Jeová, que agora veio a este mundo como um Bebê. Ele veio, bendito seja o Seu nome para sempre, como o Salvador do Seu povo. Que nosso coração se encha de gratidão diante da menção do nome de Jesus, pois Ele é Quem garantiu todas as coisas para nós.

O Homem humilde 

Como Deus Ele esvaziou-Se a Si mesmo; como Homem Ele Se humilhou a Si mesmo. De fato, toda a vida de nosso bendito Senhor como Homem está resumida nas palavras: “Ele Se humilhou”. Era um lugar baixo, de fato, o que Ele tomou quando assumiu a forma de servo, mas muito mais baixo quando, “achado na forma de homem”, Ele desceu para a vergonhosa morte da cruz! Nós nos perguntamos e adoramos na presença de tal condescendência infinita. A questão pode muito bem ser levantada: Nossas afeições não estão ocupadas e atraídas em deter-se com deleite no que Jesus foi aqui embaixo? Nós admiramos, somos humilhados e nos tornamos conformados com Ele por meio da graça. A demonstração de Sua perfeição atrai e desenvolve suas energias e humildade em nós, pois quem poderia ter orgulho da comunhão com o humilde Jesus? Humilde, Ele nos ensinaria a ocupar o lugar mais baixo, mas que Ele próprio tomou, o privilégio de Sua perfeita graça. Bendito Mestre, que pelo menos possamos estar perto e escondidos em Ti.

O Homem exaltado 

Tal humilhação é o alicerce maravilhoso sobre o qual a presente exaltação de Cristo é baseada. É o próprio Deus entrando, no gozo de Seu coração, em Seu deleite n’Aquele que tanto Se humilhou a Si mesmo e elevando-O àquelas alturas de glória que Ele agora ocupa. O ato proclama por todo o universo que nenhuma outra posição teria sido comensurável com a que Ele merece – Aquele que desceu ao nível mais baixo de todos deve ter o lugar mais alto.

Paulo em sua epístola aos Efésios toca o outro lado deste grande assunto. Ele nos diz que Aquele que desceu às partes mais baixas da Terra é o mesmo que subiu acima de todos os céus, para encher todas as coisas (Ef 4:9-10). Embora possamos não ser capazes de entender essa linguagem profunda, isso não pode significar menos que isso, em virtude da humilhação de Cristo e da obra que Ele fez para a realização dos conselhos de Deus, Ele finalmente inundará todo o universo com a Sua própria glória de redenção. E isso, e nada menos que isso, será a resposta de Deus à humilhação de Jesus, Seu amado Filho.

O nome acima de todo nome 

“Um nome que é sobre todo o nome” é dado a Ele como parte de Sua exaltação. É a própria estimativa de Deus do que foi devido Àquele que Se humilhou e sendo obediente até à morte, até mesmo à morte de cruz. Assim o valor de Cristo é mostrado pelo lugar que Deus Lhe deu para ocupar. Nós dizemos “dado a Ele para ocupar” porque a apresentação aqui é a da Sua exaltação como Homem, como a consequência de Sua perfeita obediência e inteira devoção à glória de Deus por todo o Seu caminho na Terra, incluindo a morte. Quaisquer que sejam os seres exaltados que possam cercar o trono celestial, o Jesus glorificado está acima e além de todos eles. O nome que foi concedido a Ele, em virtude de Sua humilhação, evidencia uma dignidade que transcende em muito as mais exaltadas fileiras do exército celestial e diz, além disso, que Ele é supremo em todos os mundos que constituem o universo de Deus. Se, então, esta posição que Ele agora preenche é expressiva do deleite de Deus no outrora humilde Cristo, não despertará também o deleite do povo de Deus, ao contemplá-Lo nesse estado e glória? Pela graça de nosso Deus somos chamados a compartilhar de Seu próprio deleite em Seu Filho amado, e o desfrute disto é realmente o gozo antecipado – o começo – de alegrias celestiais, que, enchendo o coração, só podem encontrar uma saída através do canal de adoração e cântico.

O Noivo 

Na declaração “como unguento derramado é o Teu nome” é retratada a preciosidade de Cristo como o Noivo da noiva (Ct 1:2). “Beije-me Ele”, clama a noiva, “com os beijos da Sua boca [ela está agora se dirigindo a Ele diretamente] porque melhor é o Teu amor do que o vinho”. Não é tanto o amor em si, como o gozo do amor, do qual ela fala – esse desfrute “melhor que o vinho”. Todo coração renovado responderá a essa declaração, pois enquanto o amor de Cristo está sempre além de todos os nossos pensamentos, infinito e indescritível, é apenas quando o desfrutamos que, em qualquer medida, entramos ou apreciamos. Mas quando o coração se expande no poder do Espírito para suas abençoadas influências e constrangimentos, quando se abre sem impedimento ao influxo de suas poderosas ondas, então a alma aprende experimentalmente o caráter maravilhoso do amor de Cristo que excede todo o entendimento. Outra coisa é igualmente verdade. Quanto mais provamos o amor de Cristo, mais o desejamos. Cada experiência nele gera um ardente desejo por uma medida maior.

É por meio do coração que todo o conhecimento divino é recebido, e assim a noiva passa da expressão de sua estimativa do prazer do amor do noivo para uma declaração do efeito de Suas excelências e perfeições. Seu coração apreende, pelo desfrute de Seu amor, o cheiro de Seus “unguentos”. Pode-se notar que, por mais fortes que sejam as afeições da noiva, elas não são desenvolvidas de acordo com a posição em que as afeições Cristãs, apropriadamente chamadas, são formadas. Elas diferem a esse respeito. Elas não possuem o profundo repouso e a doçura de um afeto que brota de um relacionamento já formado, conhecido e plenamente apreciado, cujos laços são formados e reconhecidos, que contam com o pleno e constante reconhecimento do relacionamento, e que cada parte desfruta, como algo certo, no coração do outro. O desejo de quem ama e busca as afeições do objeto amado não é o afeto doce, completo e estabelecido da esposa, com quem o casamento formou uma união indissolúvel. Para a primeira, o relacionamento está apenas no desejo, como consequência do estado do coração; para esta última, o estado do coração é a consequência do relacionamento.

A fragrância do Seu nome 

“Para cheirar são bons os teus unguentos”, ela diz, “como unguento derramado é o teu nome”. Os “bons unguentos” nos apresentam a bendita fragrância de Suas excelentes perfeições, como se vê em Sua vida, em Seus atos de ternura e graça, assim como em Suas palavras e em Seu andar de total dependência e obediência diante de Deus. Eles serão apreendidos e desfrutados na intimidade de Sua própria presença, em Seus caminhos e em Seus relacionamentos pessoais com a alma. Quanto mais nos aproximamos de Cristo, mais clara será nossa percepção de Sua beleza e graça. Podemos ficar muito impressionados com o relato e o testemunho, mesmo quando à distância, como a rainha de Sabá, mas é somente quando, como ela, ouvimos e vemos por nós mesmos que estamos perdidos em adoração na presença da fragrância dos bons unguentos. Se fôssemos absortos com o senso de Suas graças e belezas, deveríamos continuar, atraídos pelas Suas atrações, até o lugar onde Ele habita. Tendo parte com Ele ali, o cheiro de Suas excelências constituirá o gozo perpétuo e o regozijo da alma.

O cheiro suave da vida de Cristo era em primeiro lugar e acima de tudo para Deus, cujos olhos sempre repousavam sobre Ele com indizível complacência, observando com gozo a perfeição de todos os Seus pensamentos, palavras e ações. Isso extraiu do coração transbordante de Deus as palavras: “Este é o Meu Filho amado, em Quem Me comprazo”. E quanto mais Cristo foi provado – e Ele foi provado de todas as formas, até mesmo pelo fogo sagrado do próprio altar – mais abundantemente Seu cheiro suave subia para gratificar o coração de Seu Deus. Se nos é permitido participar do gozo do cheiro suave de Sua vida e nos alimentarmos das perfeições de toda a Sua dedicação à glória de Seu Deus, é somente porque Deus primeiro teve a Sua porção e porque, em Sua inefável graça, Ele nos chamou para compartilhar de Seu próprio deleite no caminho e Pessoa de Seu amado Filho.

Bendito Senhor, o cheiro de Teu bom unguento tinha se espalhado por todos os lados, tornando-Te conhecido em todos os lugares, de modo que Teu nome se tornou como a doce fragrância de unguento derramado para todos os que estavam sobrecarregados com aflição e tristeza, para os cansados e necessitados entre o Teu povo.

Sua preciosidade 

É sempre por meio de nossas necessidades que inicialmente chegamos a Cristo e aprendemos o que Ele é em Seu amor e graça. Então, quando nossas necessidades forem atendidas e satisfeitas, estaremos livres, estabelecidos em liberdade de nós mesmos e em liberdade em Sua presença, para contemplá-Lo. O cheiro de Seus bons unguentos, na verdade, dificilmente penetra a alma com seu refrigério alegre até que todas as questões que afetam a nós mesmos e nosso relacionamento com Deus tenham sido resolvidas. Em casos raros, o próprio Cristo pode ser conhecido no começo da vida espiritual, mas, em geral, é uma consciência conturbada que tem que ser apaziguada pela eficácia do sangue de Cristo, antes de sermos livres para examinar Suas perfeições gloriosas. Então Seu nome, mesmo a própria menção dele, encherá nosso coração com a sensação de sua doçura e fragrância, e produzirá emoções que só podem ser expressas em adoração a Seus pés.

Cristo em nós 

Outra coisa deve ser adicionada. O cheiro dos bons unguentos de Cristo pode fluir por meio da vida santa de Seu povo. Cada traço, toda perfeição exibida por Ele mesmo em Sua caminhada por este mundo pode ser reproduzida naqueles que são Seus. Cristo em nós e Cristo, nossa vida, como estabelecido em Colossenses, devem ser seguidos pela manifestação de Cristo por meio de nós, no poder do Espírito Santo. Para isso, precisamos estar muito em Sua companhia, pois quanto mais estamos com Ele e ocupados com Ele, mais seremos transformados à Sua semelhança e mais certamente o cheiro de Seus bons unguentos será espalhado por todos os lados. Este será um poderoso testemunho do que Ele é, pois neste caso Seu nome será, por meio de nós, como um unguento derramado – o cheiro suave do nome de Cristo brotará de nossa caminhada, bem como de nossas palavras. O apóstolo Paulo, falando de sua pregação, diz: “Porque para Deus somos o bom cheiro de Cristo”, e em um capítulo subsequente (2 Co 4), ele aponta que o testemunho está relacionado tanto com a vida quanto com o lábio. Quando meditamos sobre isso, não podemos dizer: “Que privilégio! Que missão, sermos enviados ao mundo para dar a conhecer o cheiro dos bons unguentos de Cristo, para que o Seu nome, por nosso intermédio, possa ser como um unguento derramado!”

As virgens 

“Por isso, as virgens te amam” (Ct 1:3). A fragrância do nome de Jesus atrai os corações das virgens – não de todo o povo de Deus, observe, mas apenas das virgens. Um pensamento muito distinto está conectado na Escritura com a virgem. É caráter, o caráter moral, falando da ausência de contaminações, de não ser contaminado com as influências poluidoras do mundo (veja Apocalipse 14:4). As virgens representam nesta Escritura aqueles que foram capacitados, pela graça, a manter uma santa separação das contaminações do mundo pelo qual estão passando, aqueles cujos corações foram mantidos fiéis a Cristo e guardados em lealdade a Ele pela percepção das Suas reivindicações e do Seu amor. Um coração possuído por Cristo é fortalecido contra as seduções mais fortes do mundo. É a afeição mais cativante que sempre distingue a virgem, e tal afeição é sempre intensificada e aprofundada por toda nova descoberta da perfeição de Cristo. Em outras palavras, aqueles que participam do caráter virgem sempre respondem à manifestação da preciosidade de Cristo. Sendo Ele o único Objeto de seu coração, eles estão na condição de alma para entrar e desfrutar de Suas belezas. Eles detectarão Sua presença, a fragrância abençoada de Suas palavras e Seus atos, onde outros não observarão nada. Vivem em Sua presença, são inteiramente para Ele e, portanto, é o deleite de Cristo revelar-Se a eles de maneiras tão atraentes, a ponto de aumentar e suscitar suas afeições para Si mesmo.

O estado de nossa alma pode ser discernido pelo efeito que o nome de Jesus produz em nós. Se nosso coração está descuidado e indiferente quando Ele é o objeto da conversação ou está sendo apresentado, não podemos estar em comunhão com o coração de Deus. Ora, até mesmo o nome de um objeto amado na Terra produzirá emoções prazerosas. Quanto mais o nome de Cristo, o objeto do coração de Deus – e também o nosso, se O conhecermos – desperta em nós santos sentimentos de deleite, que só podem ser expressos em louvor e adoração!”

Adaptado de The Name Above Every Name

E. Dennett

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