Origem: Revista O Cristão – Arrebatamento
Nossa Esperança
Quando Paulo foi pregar o evangelho em Tessalônica pela primeira vez, sabemos que rapidamente enfrentou perseguição. Depois de estarem lá apenas “por três sábados” (At 17:2), os judeus instigaram um alvoroço que, por sua vez, fez com que os irmãos enviassem Paulo e Silas para Bereia. Mas durante seu breve tempo em Tessalônica, houve muita bênção, de modo que, quando Paulo e Silas partiram, foi formada uma assembleia naquela cidade. Paulo não somente pregou o evangelho a eles, mas também lhes deu verdadeiras instruções sobre os resultados benditos da salvação deles. Em tudo isso, a vinda do Senhor foi uma verdade primordial.
Sua vinda para nós e conosco
Mais tarde, quando se tornou evidente que houve alguns mal-entendidos entre esses novos Cristãos, Paulo escreveu a eles, procurando instruí-los ainda mais. Nas duas epístolas que Paulo escreveu aos tessalonicenses, a vinda do Senhor é mencionada em cada capítulo, mas com uma ênfase diferente em cada caso. Tanto a vinda do Senhor para nós (o Arrebatamento) Quanto Sua vinda conosco (a Aparição) são retomadas, mostrando que essas verdades estão conectadas e que ambas são muito importantes para nós.
Uma esperança viva
Em 1 Tessalonicenses, no primeiro capítulo, discernimos que a vinda do Senhor para nós é o pensamento fundamental, pois é apresentado como uma esperança viva para o novo crente. Estando acostumados a adorar aos ídolos e, portanto, a não ter esperança, Paulo diz a esses novos Cristãos que “dos ídolos vos convertestes a Deus… e esperar dos céus a seu Filho” (1 Ts 1:9-10). O homem natural pode especular sobre o que acontece depois da morte, porém agora, esses crentes, não apenas sabiam para onde estavam indo, mas também esperavam que o Senhor viesse para eles ao invés de terem de passar pela morte. Não surpreende que eles pudessem superar suas circunstâncias para se ocuparem com sua “obra de fé” e “trabalho de amor”. Eles poderiam ter a “paciência da esperança”.
Uma esperança encorajadora
No segundo capítulo, é mais a vinda do Senhor conosco que está em vista, quando Paulo fala sobre como esses crentes tessalonicenses eram uma esperança encorajadora para o Cristão ativo. Foi maravilhoso para eles terem um verdadeiro gozo em seu coração ao esperar a vinda do Senhor a qualquer momento, mas esse gozo não se limitaria ao momento do Arrebatamento. Quando o Senhor voltar em glória e formos manifestados com Ele, Paulo lembra aos crentes tessalonicenses de que eles serão sua “esperança, ou gozo, ou coroa de glória” (1 Ts 2:19). Eles serão parte de sua recompensa naquele dia, e assim, eles foram um encorajamento para ele e outros trabalhadores para que continuassem apesar da oposição. Tudo valeria a pena naquele dia, ao vê-los em glória com Ele como o fruto de seu trabalho.
Uma esperança purificadora
No terceiro capítulo, o apóstolo exorta seus ouvintes sobre a necessidade de santidade pessoal. Uma vez que a responsabilidade está sempre ligada à Aparição do Senhor, mais uma vez a ênfase está no dia de Cristo, quando seremos manifestados com Ele em glória. A expectativa daquele dia de manifestação pública é uma esperança purificadora para o crente que está passando por um mundo contaminado. Mais do que isso, as aflições e tribulações pelas quais eles são obrigados a passar, podem muito bem fazer com que alguns desistam, e desencorajar estes crentes relativamente novos. A esperança de serem manifestados naquele dia diante de Deus, nosso Pai, os encoraja a prosseguir e firma seus corações “irrepreensíveis em santidade” (1 Ts 3:13).
Uma esperança consoladora
No quarto capítulo, Paulo considera o fato de que alguns deles haviam adormecido, e foi onde aqueles queridos santos tessalonicenses ficaram confusos. Eles temiam que aqueles que haviam adormecido, tendo morrido antes da vinda do Senhor para nós, perdessem, de alguma forma, esse evento importante. Por revelação divina, Paulo lhes dá instruções sobre como eles não perderiam esse evento, mas, na verdade, ressuscitariam primeiro, antes que nós, que estamos vivos, sejamos arrebatados para encontrar o Senhor nos ares.
Esta era uma nova revelação dada a Paulo por Cristo ressuscitado em glória, e mostrando, pela primeira vez, a sequência exata de eventos, quando o Senhor vem para nos levar para casa. Certamente, isso nos emociona toda vez que o lemos, pois consideramos que, a qualquer momento, isso pode acontecer! Mas Paulo também prossegue, dizendo: “Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Ts 4:18). A vinda do Senhor para nós é apresentada aqui como uma esperança consoladora para o Cristão que está em luto. Se nossos entes queridos se separarem de nós no corpo presente, nós os veremos novamente. Verdadeiramente o aguilhão da morte foi tirado, pois, não apenas veremos nossos entes queridos novamente, mas também os veremos em toda a perfeição do próprio Cristo, moral e fisicamente. Quão consolador é tudo isso em um momento de tristeza!
Uma esperança que desperta
No quinto capítulo, o apóstolo traz diante de nós tanto o Arrebatamento quanto a Aparição, como uma esperança que desperta o Cristão sonolento. Quando o Senhor aparecer para julgar este mundo, Ele virá de modo inesperado e indesejado, como um “ladrão de noite”. Mas nós, que somos do dia, não devemos ser embalados e postos para dormir pelas artimanhas de Satanás; em vez disso, devemos estar vigilantes. Em vez de estar moralmente bêbados, devemos estar sóbrios, considerando os dias solenes em que vivemos. O dia de descanso está chegando, mas aqui e agora, é o momento de colocar nossa armadura e nos engajar nessa batalha espiritual que continuará até que o Senhor nos leve para casa.
Uma esperança tranquilizadora
Agora chegamos a 2 Tessalonicenses, que foi escrito logo após a primeira epístola. Novamente encontramos a vinda do Senhor mencionada em cada capítulo, mas de uma maneira diferente.
No primeiro capítulo, notamos que a fé e o amor são mencionados, mas não a esperança. É triste dizer, mas a incessante perseguição à qual os tessalonicenses foram expostos, obscureceu a bendita esperança do iminente retorno do Senhor, e eles a perderam de vista. Desta vez, Paulo traz diante deles, não uma lembrança do Arrebatamento, mas sim da glória vindoura. Eles estavam sob tribulação neste mundo? Haverá um dia em que Deus retribuirá a tribulação àqueles que os atribulavam. Eles foram desprezados e rejeitados neste momento? Haverá um dia em que o Senhor Jesus será “glorificado nos Seus santos e para Se fazer admirável, naquele Dia, em todos os que creem” (2 Ts 1:10). Aqui, então, a Aparição do Senhor é apresentada como uma esperança tranquilizadora para o Cristão sofredor.
Uma esperança estabilizadora
No segundo capítulo, Paulo trata outro equívoco que tomou conta dos crentes em Tessalônica. Quando estava com eles, Paulo os instruiu quanto à tribulação, mas a perseguição tornou a vida tão difícil para eles, que erroneamente presumiram que estavam, de fato, passando pela tribulação. Desta vez, o antídoto para o erro no qual eles haviam caído era reiterar a verdade da vinda do Senhor para os crentes. Ele lhes suplica “pela vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e pela nossa reunião com Ele” (2 Ts 2:1). O dia do Senhor não poderia vir até que o Espírito de Deus fosse retirado e o anticristo fosse revelado em seguida. Até então, o Espírito de Deus restringiria o mal, de modo que o que eles estavam experimentando não era de forma alguma a tribulação. Eles, de fato, experimentaram tribulação, mas o que a Escritura chama de “a tribulação” ou “a grande tribulação” não poderia vir antes do Arrebatamento. Aqui, então, a vinda do Senhor é uma esperança estabilizadora em face da dificuldade e um lembrete de que, antes que a tribulação comece, seremos levados embora. Quando a Igreja for arrebatada, somente naquele momento o Espírito de Deus deixará de estar neste mundo como uma presença permanente. Até lá, o pleno desenvolvimento da maldade e a revelação do anticristo não poderão acontecer.
A paciência de Cristo
Finalmente, no terceiro capítulo, encontramos algo muito especial. Neste capítulo, lemos: “Mas o Senhor direcione seus corações no amor de Deus e na paciência de o Cristo” (2 Ts 3:5 – JND). Até agora, nessas duas epístolas, Paulo falou sobre nossa parte tanto no Arrebatamento quanto na Aparição – o que eles significam para nós. Mas aqui, no último capítulo, ele traz o próprio Cristo. Muitas vezes, quando a expressão “o Cristo” é usada no ministério de Paulo, ela inclui Cristo e a Igreja, e assim é aqui.
Se estamos esperando para sermos retirados deste mundo, Ele está esperando pacientemente também. Certamente o Seu desejo de nos ter lá com Ele excede o nosso desejo de estar lá com Ele, pois, como vimos nesta epístola, nossos pensamentos e expectativas podem ser obscurecidos pelas circunstâncias ao nosso redor neste mundo. Quão edificante é, portanto, ter nossos pensamentos levados para fora de nós mesmos, para considerar Sua paciência e Sua expectativa de nos ter com Ele! Um dos privilégios dos crentes nesta dispensação é ver as coisas do lado de Deus, do Seu ponto de vista. Estar continuamente ocupados com nós mesmos, mesmo naquilo que Deus nos deu, pode encurtar nossa visão e até obscurecer nossa esperança. Mas ver tudo a partir do aspecto de Deus é ter uma visão eterna – uma visão que não seja diluída pelas coisas deste mundo. Este é o desejo final de Paulo para seus queridos santos tessalonicenses – aqueles que eram sua alegria e coroa.
