Origem: Revista O Cristão – Jerusalém

A Nova Jerusalém

Em Apocalipse 21:9-11, lemos: “E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das últimas sete pragas e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a esposa [noiva – ARA], a mulher do Cordeiro. E levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a grande cidade, a santa Jerusalém, que de Deus descia do céu. E tinha a glória de Deus”. Nesta porção da Escritura, temos o caráter da cidade durante o Milênio e sua relação com a Terra milenar.

A primeira coisa que nos deparamos é com o contraste entre essa parte da Escritura e aquela em Apocalipse 17:1: “E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças e falou comigo, dizendo-me: Vem, mostrar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas”. Neste capítulo, é descrita a Babilônia, enquanto no capítulo 21, a Nova Jerusalém. A primeira é a cidade do homem, e a segunda a cidade de Deus; a primeira é a expressão do que é o homem e a outra a perfeição dos pensamentos de Deus.

A cidade é a noiva 

Outra coisa a ser observada é que a cidade é “a noiva, a mulher do Cordeiro” (ARA). Isso determina seu caráter. É a Igreja que Cristo agora apresentou a Si mesmo “Igreja gloriosa” (Ef 5:27) tendo a glória de Deus. Também podemos observar que ela é vista descendo do céu da parte de Deus (v. 10). A cidade desce para a Terra milenar, mas repousa sobre ela no céu. Posicionada acima da cidade terrenal, ela será um objeto visível de luz e glória. Isto talvez explique a linguagem com a qual o profeta aborda a Jerusalém terrenal: “Nunca mais te servirá o Sol para luz do dia, nem com o seu resplendor a Lua te alumiará; mas o SENHOR será a tua luz perpétua, e o teu Deus, a tua glória” (Is 60:19).

É divina em sua origem, e celestial em seu caráter. Ela desce do céu da parte de Deus.

“E tinha a glória de Deus. A sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente” (Ap 21:11). A Igreja é glorificada juntamente com Cristo na glória de Deus e, como tal, é aqui manifestada. Nos versículos 18-19, é dito que a construção dos seus muros e o primeiro fundamento são jaspe. A glória de Deus é, portanto, a estabilidade e a segurança, bem como a luz e a beleza da cidade celestial. Mas o muro excluiu tudo o que era impróprio para essa glória, assim como manteve tudo o que é de acordo com ela (v. 11).

Os doze portas 

A característica seguinte é que tinha “doze portas, e, nas portas, doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos de Israel. Da banda do levante, tinha três portas; da banda do norte, três portas; da banda do sul, três portas; da banda do poente, três portas. E o muro da cidade tinha doze fundamentos e, neles, os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (vs. 12-14). Tudo isto se refere ao muro da cidade, e sua característica distinta é o número doze – doze anjos, doze tribos e doze apóstolos. Os anjos se tornam os porteiros da grande cidade, o fruto da obra de redenção de Cristo em glória. As doze portas são a completa perfeição humana no governo e poder administrativo, porque a porta era o lugar de julgamento. O caráter disso é notado pelos nomes das doze tribos; este caráter de poder era encontrado ali. Havia doze fundamentos, e estes eram os doze apóstolos do Cordeiro. Assim, a manifestação criativa de poder, o poder governamental e a assembleia, uma vez fundada em Jerusalém, são trazidos juntamente para a santa cidade, a sede organizada do poder celestial.

Características 

Então é ela medida (vs. 15-17), indicando que é reconhecida e apropriada por Deus. Assim vemos que a cidade é em formato de um cubo, igual em todos os lados – perfeição finita. Depois, temos os materiais com os quais a cidade e os fundamentos foram formados. A cidade, em sua natureza, foi formada em justiça divina e santidade – ouro transparente como vidro. As pedras preciosas, ou a exibição variada da natureza de Deus, agora brilhavam em glória permanente e adornavam os fundamentos da cidade. As portas tinham a beleza moral que atraía a Cristo na assembleia, e de uma maneira gloriosa. Aquilo sobre o qual os homens caminhavam, em vez de trazer perigo de contaminação, era em si mesma justa e santa; a rua era de ouro “transparente como vidro”. Não havia nenhum templo, pois um templo falaria de um lugar especial onde Deus Se manifestava àqueles que se aproximavam para adorar. Mas tudo isso é passado; nosso lugar é na luz como Deus está na luz. Além disso, não há necessidade de luz criada. Quando Deus Se revela, Sua glória ilumina a cidade, e o Cordeiro é a sua luz.

Relação com a Terra 

Quanto à relação da cidade com a Terra milenar, nos é dito que “as nações andarão à sua luz, e os reis da Terra trarão para ela a sua glória e honra” (Ap 21:24). A nova Jerusalém reluzirá com um brilho tão insuperável, que as nações caminharão em sua luz. Ela estará suspensa, acima da Jerusalém terrenal, e dali transmitirá os raios da glória de Deus. Além disso, os reis da Terra prestarão suas homenagens, trazendo sua glória e honra como oferta a ela, assim reconhecendo-a como o objeto do deleite de Deus.

É então acrescentado que “as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não haverá noite. E a ela trarão a glória e honra das nações” (Ap 21:25-26). Não podemos deixar de nos impressionar com a semelhança entre esta linguagem e aquela dirigida à Jerusalém terrenal pelo profeta: “E as tuas portas estarão abertas de contínuo: nem de dia nem de noite se fecharão, para que tragam a ti as riquezas das nações, e, conduzidos com elas, os seus reis” (Is 60:11). Sem dúvida, haverá uma relação íntima entre as duas cidades, embora deva sempre ser lembrado que uma cidade é celestial e a outra terrenal em seu caráter. As portas abertas são um emblema da perfeita segurança da cidade – não apenas a ausência do mal, mas a impossibilidade de sua entrada.

Aágua da vida 

Em seguida, temos o rio da água da vida e a árvore da vida. “E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça e de uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a saúde das nações” (Ap 22:1-2). Tudo isso novamente fala da relação da cidade com a Terra milenar e revela a fonte da vida e bênção milenar. O trono de Deus e do Cordeiro é a fonte, como sempre, da graça e da vida, e as folhas da árvore da vida são para a cura das nações. Somente os glorificados se alimentarão dos doze frutos da árvore. Adão depois de sua queda foi expulso do jardim, e Deus “pôs querubins ao oriente do jardim do Éden e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o caminho da árvore da vida” (Gn 3:24). Agora a árvore da vida está no meio da rua da cidade dourada, e os santos glorificados encontram em seu fruto sustento e gozo. Nesta condição, eles reinarão para todo o sempre, associados a Cristo em todas as glórias de Sua realeza e reino.

Comunicação 

Nós não tocamos na questão da comunicação entre as esferas celestial e terrenal. Que tal comunicação existirá não há sombra de dúvida, mas a maneira exata que Cristo irá governar sobre a Terra como Rei, a Escritura se cala. Entretanto, nos é dito que: “o principado está sobre os Seus ombros; e o Seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Do incremento deste principado e da paz, não haverá fim, sobre o trono de Davi e no Seu reino, para o firmar e o fortificar em juízo e em justiça, desde agora e para sempre; o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto” (Is 9:6-7).

E. Dennett (adaptado)

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