Origem: Revista O Cristão – Nuvens

Uma Nuvem Branca

Em Apocalipse 11:15-18, vemos eventos proféticos na Grande Tribulação chegando ao fim. O Filho varão, arrebatado ao trono de Deus (Ap 12:5), agora retorna para o julgamento. O juízo, apresentado a nós no capítulo 14, é descrito nas figuras de uma colheita e de uma vindima. Primeiro, temos a descrição do Ceifeiro: “E olhei, e eis uma nuvem branca e, assentado sobre a nuvem, um semelhante ao Filho do Homem, que tinha sobre a cabeça uma coroa de ouro e, na mão, uma foice aguda” (v. 14). Tanto a maneira de Seu advento (nas nuvens) quanto o título (o Filho do Homem) proclamam inequivocamente a pessoa do Ceifeiro. É o Jesus rejeitado, que, recusado pelos judeus como o Messias, assumiu o título mais amplo de Filho do Homem, sob o qual todas as coisas são colocadas sob Seus pés. A “coroa de ouro” não fala apenas de Sua dignidade real, mas também da glória daquela justiça divina, segundo a qual tudo será provado e julgado, enquanto a “foice” anuncia o objetivo imediato de Seu retorno. Mas, conforme quando aqui embaixo Ele tomou o lugar de servo, assim, quando Ele vier para executar o julgamento, Ele ainda ocupará a mesma posição. Por causa disso, um anjo é apresentado, “E outro anjo saiu do santuário, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice e ceifa, porque é chegada a hora de ceifar, porque já a seara da Terra está madura” (v. 15 – AIBB).

A colheita 

Há algo de sublime na obediência a este comando: “E Aquele que estava sentado sobre a nuvem passou a sua foice sobre a Terra, e a Terra foi ceifada” (v. 16 – ARA). Quanto ao caráter do julgamento, dois ou três pontos podem ser notados. É a Terra que é ceifada e, portanto, são os homens como homens que estão em questão, não a nação judaica. Em segundo lugar, o anjo que clamou Àquele que estava sentado na nuvem: “Toma a tua foice e ceifa”, saiu do santuário. O julgamento, portanto, deveria proceder de acordo com o caráter revelado d’Aquele a Quem pertencia àquela habitação. Tendo esses pontos em mente, é facilmente compreendido que este julgamento (a colheita) é de caráter discriminatório, juntando o trigo em Seu celeiro e queimando a palha com fogo inextinguível.

A vindima 

A cena que se segue, embora relacionada à anterior, tem um caráter diferente. “Então, saiu do santuário, que se encontra no céu, outro anjo, tendo ele mesmo também uma foice afiada. Saiu ainda do altar outro anjo, aquele que tem autoridade sobre o fogo, e falou em grande voz ao que tinha a foice afiada, dizendo: Toma a tua foice afiada e ajunta os cachos da videira da Terra, porquanto as suas uvas estão amadurecidas! Então, o anjo passou a sua foice na Terra, e vindimou a videira da Terra, e lançou-a no grande lagar da cólera de Deus” (vs. 17-19 – ARA). Não há dúvida de que o anjo que executa o julgamento, embora não seja nomeado, também é o Filho do Homem. Mas Ele é visto aqui apenas como um anjo, porque Ele vem como o instrumento divino da vontade de Deus para julgar a videira da Terra. Neste caso, Ele sai para este propósito do santuário, da presença imediata de Deus. Ele é visto como o Filho do Homem quando o julgamento é referente aos gentios, mas aqui, como um Anjo quando particularmente os judeus estão em vista. A figura da videira é familiar. Israel era uma videira tirada do Egito e plantada em Canaã (Sl 80), mas quando Deus esperava que produzisse uvas boas, nada foi encontrado a não ser uvas bravas (Is 5:1-7). Foi por causa disso que o próprio Cristo substituiu Israel como a videira diante de Deus. Ele se tornou a videira verdadeira, da qual os Seus são os ramos (Jo 15). A videira da Terra, portanto, será aquela que deveria ter dado fruto para Deus; é o judaísmo apóstata, com o qual os gentios serão aliados.

O lagar 

O caráter do julgamento é exibido pelas palavras, “o grande lagar da ira de Deus”. É, portanto, um julgamento implacável (ver Is 63:1-4) aos adversários do Messias em conexão com o estabelecimento de Seu reino. Mais uma coisa deve ser extraída do último versículo: E o lagar foi pisado fora da cidade, e saiu sangue do lagar até os freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios” (v 20). O termo “fora da cidade” indica, sem dúvida, que os arredores de Jerusalém será o local desta vingança absoluta. Com isso o profeta Joel concorda (assim como Isaías e Zacarias), que parece combinar em um versículo (Jl 3:2-13) os julgamentos da colheita e da vindima. Ele especifica o vale de Josafá como o lugar onde as nações serão julgadas, bem como os judeus apóstatas com os quais estarão associados. O terrível caráter da vingança daquele dia é visto na espantosa, embora simbólica, declaração a respeito do sangue que saiu do lagar, alcançando os freios dos cavalos e se estendendo por 1.600 estádios; isto é, como alguns observaram, em toda a extensão da terra de Israel.

E. Dennett (adaptado)

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