Origem: Revista O Cristão – A Criação de Filhos – Parte 2
Uma Ocupação Adequada
Um grande perigo para o sistema educacional atual é sua política de ensinar nossos filhos a serem grandes no mundo. Em todos os aspectos, isso se opõe à vocação celestial e ao caráter do Cristão. As crianças são ensinadas a escalar e se destacar socialmente, economicamente e em todos os campos de atuação. O que nós, como Cristãos, devemos almejar é atravessar o mundo com a menor contaminação possível, olhando para Jesus como Aquele que correu toda a corrida da fé e “assentou-Se à destra do trono de Deus” (Hb 12:2). Devemos ter uma certa quantidade de educação do mundo, e algumas ocupações podem exigir treinamento especializado além da demanda legal, mas para o Cristão, sua educação, em qualquer quantidade necessária, deve ser subordinada ao seu viver para glorificar a Deus durante o trânsito por um mundo ímpio. Ela nunca deve ser usada como um trampolim para nos tornarmos grandes neste mundo onde nosso Senhor foi expulso. É quase traição a Ele buscar ser grande na casa de Seus inimigos. É salutar lembrar que quanto mais alto chegamos neste mundo, mais perto chegamos de sua cabeça, o deus e príncipe dele. É mais fácil prosseguir com Deus de maneira modesta, tranquila e despretensiosa do que em um lugar importante neste mundo. Quando o Senhor foi expulso do mundo, Sua partida não causou nenhuma agitação em seu curso. Que os Cristãos possam andar como Ele.
Conselho e ajuda
Quando consideramos a necessidade de proteger nossos filhos contra a filosofia mundana que os ensinaria a ser grandes no mundo que odeia nosso Senhor, pode ser bom adicionar algumas palavras sobre a necessidade de aconselhamento e ajuda a eles na escolha de uma ocupação adequada para vida. Isso não deve ser feito sem muita oração por sabedoria e orientação divinas. Os pais devem ser capazes, por experiência e observação, a ajudar a apontar o caminho certo para eles. Existem algumas ocupações que não poderiam ser assumidas por um Cristão sem séria perda espiritual; um filho ou filha deve ser avisado(a) sobre isso. Depois, há outros que podem ser aceitáveis em si mesmos, mas que não se adéquam ao seu temperamento ou capacidade. Seria tolice tentar fazer um jovem ser um contador se ele não tem aptidão para lidar com números, ou fazer de um filho um homem de negócios que simplesmente não tenha habilidade nessa área. Provérbios 22:6 (JND) nos diz: “Instrua a criança de acordo com o teor [estilo] do seu caminho”. Isso inclui o reconhecimento das habilidades naturais de cada criança para encorajá-la nesse caminho. Os pais não devem tentar “forçar um pino quadrado em um buraco redondo”.
Algumas pessoas podem trabalhar bem com as mãos, e que não conseguem trabalhar em nada mais. Não há desonra ligada ao trabalho manual honesto. Algumas pessoas têm enfrentado duras lutas ao longo da vida, tentando fazer algo para o qual não estão preparadas. É bom quando alguém pode ter um meio de ganhar o seu sustento de modo que possa “nele permanecer com Deus” (1 Co 7:24 – JND). E seja o que for – negócio, profissão ou trabalho manual – deve ser apenas um meio de ganhar a vida enquanto passamos pelo mundo; nossa principal preocupação deve ser fazer tudo para a glória de Deus.
Ambições
Há um princípio traiçoeiro que frequentemente atua no coração dos pais Cristãos, ou seja, buscar grandes coisas para seus filhos. Muitas vezes se contentam em passar pelo mundo com pouco para si próprios, mas se esforçam para ajudar seus filhos a alcançar maiores alturas. Às vezes os pais podem mesmo tentar realizar suas próprias ambições frustradas em suas crianças. O profeta Jeremias foi instruído a falar assim com Baruque: “Procuras tu grandezas? Não as busques” (Jr 45:5). Não podemos perguntar com o mesmo espírito: “Procuras grandes coisas para seus filhos? não as busque”, mas sim, que eles possam passar por este mundo com piedade e contentamento, honrando a Deus e glorificando a Cristo. Um querido pai Cristão que ajudou seus filhos a alcançar lugares altos, mais tarde viu, para sua tristeza, que isso foi feito para grande perda e dano espiritual deles, e foi ouvido a lamentar por seu filho: “Eu preferiria que ele estivesse varrendo as ruas da cidade”.
Influência mundana
Ló pode ter desejado para seus filhos as vantagens que Sodoma oferecia, mas foi para a ruína deles. Quantos pais levaram seus filhos ao mundo e então, quando perceberam o que havia acontecido (pois tais passos costumam ser quase imperceptíveis no início), procuraram tirá-los, mas descobriram que era impossível. Ló levou sua família para Sodoma e perdeu alguns de seus filhos lá, e aqueles que foram “salvos […] como pelo fogo” foram uma vergonha e uma desonra para ele. Oh, que os pais Cristãos percebam o perigo do mundo para seus filhos, e usem todo cuidado para mantê-los longe dele e instruí-los sobre como devem viver nele!
Nos dias de Josué, os israelitas corriam o perigo de servir aos ídolos dos pagãos, assim como hoje os Cristãos são tentados a servir ao mundo e a seus objetivos, mas Josué resumiu o assunto em poucas palavras e colocou-o claramente diante deles. Ele colocou Jeová, o Deus de Israel, de um lado e todos os ídolos do outro, e disse-lhes: “Escolhei hoje a quem sirvais” (Js 24:15). Eles iriam servir a um ou a outro. Nosso Senhor mesmo disse: “Nenhum servo pode servir a dois senhores […] Não podeis servir a Deus e a Mamom” (Lc 16:13). Que haja mais pais como Josué, que possam falar por si e por suas famílias: “porém eu e a minha casa serviremos ao SENHOR” (Js 24:15). Que o Senhor nos conceda todo esse propósito de coração, por um lado, e um grande senso de nossa própria fraqueza, por outro, para que possamos lançar a nós mesmos e nossas famílias n’Ele por Sua ajuda para “andar e agradar a Deus” (1Ts 4:1).