Origem: Revista O Cristão – Ofertas de Cheiro Suave

A Oferta de Manjares

Quão preciosa é esta porção da Palavra de Deus para nossas almas! Nas ofertas que nos são trazidas em Levítico, temos em primeiro lugar o holocausto, a oferta de manjares e a oferta pacífica. Elas formam um grupo que podemos chamar de ofertas voluntárias; elas falam de adoração. A oferta pelo pecado e a oferta pela culpa formam outro grupo; elas falam de atender às reivindicações da natureza santa de Deus e da culpa do homem.

Na oferta de manjares não temos a remoção de pecados, mas, sim, Cristo como Aquele que desceu a este mundo para glorificar a Deus como Homem. Sua vida era não fazer Sua própria vontade, mas a vontade d’Aquele que O enviou.

Preparada em casa 

Uma coisa muito marcante em relação à oferta de manjares é que ela parece que era preparada em casa. Ó irmãos, isso fala ao meu coração; é na comunhão com Deus em casa que aprendemos a preciosidade d’Ele para nossa alma. É uma bênção estarmos reunidos, mas quanto de Cristo meditamos e desfrutamos em nossa vida doméstica?

“Flor de farinha” fala de uniformidade, pois cada parte de Seu bendito andar era aceitável a Deus. Quão precioso é meditar sobre o Seu andar e caminhos aqui – Aquele de Quem João fala: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse O revelou” (Jo 1:18 – ACF).

Companhia 

Por que Deus enviou Seu Filho? Deus enviou Seu Filho para que pudéssemos ter a plena revelação de tudo o que estava no coração de Deus. Ele podia dizer: “Quem Me vê a Mim vê o Pai”. O que será o céu, irmãos? Será a companhia do Senhor Jesus e o conhecimento de tudo o que Deus é revelado n’Ele.

No primeiro versículo, temos: “nela, deitará azeite”. Isso é o bendito Senhor aqui embaixo como o Ungido. Cada ato d’Ele era na energia do Espírito de Deus, e junto com aquele ato estava o incenso que alcançava o coração de Deus, vindo daquela bendita Pessoa.

O “punhado da flor de farinha” nos diz que nunca conseguimos absorver tudo o que Cristo é – jamais apreender totalmente tudo o que Ele é ao coração de Deus –, mas cada um de nós pode tomar o seu punhado. Cada um, em sua medida, pode se apropriar dessa preciosidade da Pessoa do Senhor Jesus e desfrutá-Lo em sua alma.

Em Efésios 3:17 lemos: “para que Cristo habite, pela fé, no vosso coração”. Ele habita ali, mas a fé vive no bem disso, “a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade”. Se vai haver fruto, deve haver raízes. A palavra “compreender” deveria ser “apreender”, porque você não consegue absorver tudo. Esse é o “punhado da flor de farinha”.

Circunstâncias para glorificar a Deus 

Quão precioso é saber que Aquele lá em cima na glória é Aquele que glorificou a Deus como Homem aqui embaixo! Mas quão fraca é nossa apreensão! Mas na medida em que Cristo é desfrutado, nosso coração anseia por Sua gloriosa vinda. Por que nosso coração não responde mais prontamente àquela palavra abençoada em Apocalipse 22: “O Espírito e a noiva dizem: Vem” (ARA)? Porque existe uma tendência em cada um de nós de se estabelecer aqui. Como gostaríamos que tudo corresse bem em nossa vida doméstica, em nossos negócios e na assembleia, mas Deus nunca ordena que seja assim. Por quê? Porque as dificuldades do caminho são justamente as oportunidades que Deus usa para nos ensinar mais sobre a preciosidade de Cristo – Sua graça paciente. Se Ele nos ensina sobre nossas falhas enquanto caminhamos com Ele, Ele também nos ensina sobre Seus próprios recursos em graça – Sua paciência, Seu amor. Quantas vezes Ele nos ensinou, em meio ao fracasso, a bendita satisfação de Seu amor que permanece!

Quantas vezes, em um momento de dificuldade, tentamos escapar dela, em vez de passar por ela com Deus! Não falo de estarmos envolvidos com o que é contrário a Deus, pois em tal caso devemos sair dessas circunstâncias. Mas, se estamos no caminho daquilo que Ele ordena, nunca o deixemos, por mais difíceis que sejam as circunstâncias. Se o Senhor não vem, as dificuldades aumentarão, mas encontro em mim uma tendência a fugir delas. Jamais façamos isso. Vamos passar por elas com Deus e aprender a lição que Ele quer que aprendamos. Como encontramos aquela bendita Pessoa trilhando esse caminho aqui, nunca Se desviando, seguindo naquele ministério de amor e graça, enfrentando por toda parte a rejeição do homem! Mas, oh, aquelas águas de divino amor e graça, que encontravam n’Ele a sua fonte, fluíam em toda a sua abençoada plenitude!

A perfeição de Cristo 

Voltando agora a Levítico 2: “o sacerdote queimará o memorial dela sobre o altar” (KJV). O fogo fala de julgamento ou teste. Não é aqui o fogo com o qual Deus julga o pecado; ao contrário, Aquele que trilhou aqui esse caminho para a glória de Deus foi provado em cada passo desse caminho, e o teste apenas trouxe à tona a bendita perfeição que estava n’Ele. Não havia pecado n’Ele. Ele era o “Santo de Deus”, e a provação no deserto foi apenas para trazer à tona esse fato. Deus queria tornar manifesto que Ele é o Cordeiro de Deus preordenado antes da fundação do mundo. Como nosso coração se deleita em honrá-Lo! Cada prova trouxe a fragrância e a perfeição de Quem Ele era, a glória de Sua Pessoa.

No versículo 3, lemos: “O que ficar da oferta de manjares será de Arão e de seus filhos; é coisa santíssima das ofertas queimadas ao SENHOR” (ARA). Você e eu podemos realmente nos regozijar e adorar diante de Deus ao pensarmos n’Ele aqui como o bendito Homem perfeito. Observe que diz: “é coisa santíssima”. O Espírito de Deus, assim, guarda a Pessoa do Senhor Jesus como Homem e traz à nossa alma o deleite que estava no coração de Deus para com Aquele que sempre O glorificou na Terra.

Sofrimentos ocultos 

Nos versículos 4-6, temos a oferta cozida no forno. Eu acredito que na verdade são aqueles sofrimentos de Cristo que estavam ocultos. Era a compaixão de Seu coração que fazia do Senhor um Sofredor, e não as dificuldades do caminho. No momento em que foi rejeitado, Ele pôde regozijar-se em Espírito, voltar-Se para o Pai e dizer: “Graças Te dou, ó Pai, Senhor do céu e da Terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste às criancinhas” (Lc 10:21). Encontramos o Senhor Jesus chorando apenas três vezes. Na sepultura de Lázaro, Seu coração se manifestou em simpatia. Pense em Quem Ele era – o Filho de Deus –, Deus manifestado em carne, com lágrimas escorrendo por Seu bendito rosto! A compaixão de Seu coração trouxe essas lágrimas, não as dificuldades de Seu caminho.

Quantas vezes você e eu podemos ouvir o bendito nome do Senhor Jesus tomado em vão, e talvez em cinco minutos já esquecemos isso. Mas se for contra você ou contra mim que tenham falado, às vezes nossos sentimentos são tão feridos que levamos semanas para superar! Que coração o bendito Senhor tinha! Que revelação do coração de Deus! Você e eu vamos viver com essa bendita Pessoa por toda a eternidade. Seu coração foi manifesto de modo tão abençoado para conquistar nossos corações deste pobre mundo – um mundo que nos enganará, se formos atrás dele.

Andando em comunhão 

O coração que busca a companhia de Jesus encontrará aquilo que traz gozo e alegria, por mais escuro e difícil que seja o dia. Vemos isso apresentado de modo abençoado na epístola de João. João havia visto a Igreja estabelecida no Pentecostes; ele havia visto aqueles dias maravilhosos de poder e bênção, mas havia visto a decadência também. Ele havia visto “todosna Ásia” se apartarem, mas na Primeira Epístola de João temos o segredo da vida Cristã feliz em meio à ruína – andar em comunhão com o Pai e o Filho.

A “caçoula [assadeira – ARA] nos dá os sofrimentos manifestos de Cristo. Talvez enquanto você e eu lemos as Escrituras, sejamos capazes de discernir apenas os sofrimentos manifestos. Lemos sobre aquelas ocasiões em que o Senhor chorou. Seus sofrimentos estavam manifestos, mas e quanto aos sofrimentos ocultos? Todo o Seu caminho foi de tristeza porque Seu coração se compadecia daqueles por Quem Ele morreu, por causa das tristezas do caminho. Que Salvador bendito!

H. E. Hayhoe (adaptado)

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