Origem: Revista O Cristão – Oração

A Oração e a Intercessão

Daniel era frequentemente encontrado orando, era característico dele como um homem de Deus. No segundo capítulo de Daniel, quando o rei havia sonhado e ninguém podia interpretar o sonho, Daniel orou e pediu a seus amigos que orassem com ele pelo mesmo propósito – que o Deus do céu lhes concedesse misericórdias a respeito desse segredo. Quando a resposta chegou, ele não se apressou em contar ao rei, mas parou e primeiro agradeceu ao Senhor.

No sexto capítulo de Daniel, um decreto foi fomentado e promovido pelos inimigos de Daniel. O rei foi persuadido a assinar o decreto, afirmando que qualquer um que, por trinta dias, pedisse uma petição a qualquer deus ou homem, exceto ao rei, deveria ser lançado na cova dos leões. Daniel entrou em sua casa, ajoelhou-se e orou três vezes por dia, como fazia anteriormente. Ele não foi movido pelo decreto, ele não alterou seu curso normal de vida; “e três vezes no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como também antes costumava fazer”. Ele era um homem de oração, e onde você encontra um homem de Deus, você encontrará um homem de oração.

Então Daniel, no nono capítulo, começou a orar. Foi “No ano primeiro de Dario, filho de Assuero”. O que o fez orar neste momento foi o fato de que ele descobriu que os filhos de Israel deveriam ficar em cativeiro na Babilônia por setenta anos. Ele sabia que os setenta anos estavam terminando. Ele creu no que Deus disse por meio de Seu profeta Jeremias, e esperou que o povo voltasse para a Terra quando os anos fossem cumpridos. Sendo um homem de fé, um homem de oração e um homem do Livro, ele se pôs a orar.

Quando os anos designados se esgotaram, Deus levantou Ciro, um homem justo do Oriente, nomeado 175 anos antes de seu nascimento, com o propósito de mandá-los de volta. Ele não apenas levantou Ciro, mas também levantou Daniel na hora certa para confessar os pecados do povo como se fossem seus. Em Isaías 59:16 lemos: “E viu que ninguém havia e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor”.

Identificação com o povo de Deus 

Este homem Daniel foi levantado para orar pelo povo de Deus. Da mesma forma, homens como Samuel, Davi e muitos outros intercederam a Deus por Seu povo. Qual era a condição do povo? Daniel ignorou o seu fracasso, que trouxe os tratamentos governamentais de Deus sobre eles? Não, nem um pouco. Ele buscou “com oração, e rogos, e jejum, e pano de saco, e cinza”. Não foi um trabalho superficial de Daniel, nem uma identificação fingida com o Seu povo. Ele sentiu seu fracasso como se fosse seu, e isso o levou para uma posição de humilhação com saco e cinzas, em oração e súplica (continuando em oração). Ele disse: “Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas o concerto e a misericórdia para com os que Te amam e guardam os Teus mandamentos” (Dn 9:4). Observe a próxima palavra: [Nós] pecamos [e não Eles], e cometemos iniquidade, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos Teus mandamentos e dos Teus juízos”. Ele se identifica totalmente com todo o povo. Se havia um homem entre os cativos de Babilônia livre de culpa, era Daniel. Ele foi levado para lá como um jovem cativo, sem culpa alguma, e ele viveu para Deus lá. Ele levou uma vida de devoção desde que era um jovem até ser um homem muito velho; ele foi um homem fiel. Ele propôs em seu coração que ele não se contaminaria. Não foi uma coisa exterior – foi um propósito de coração. Ele queria agradar a Deus. Ele viu na Babilônia coisas que o contaminariam como um Judeu piedoso, e ele separou-se dessas coisas para a glória de Deus. Ele tinha a Escritura como padrão para o que ele fazia. Que tenhamos propósito de coração em buscar a graça de Deus para nos afastar daquilo que nos contaminaria.

Daniel é agora um homem velho que seguiu fielmente. Agora ele se identifica com os pecados do povo e ora. Há outra coisa sobre sua oração no versículo 7: “A ti, ó Senhor, pertence a justiça, mas a nós, a confusão do rosto”. Devemos sempre ter em mente que Deus é justo; Ele nunca comete erros. Daniel leva toda a culpa para si e seu povo. Observe novamente no versículo 8: “Ó SENHOR, a nós pertence a confusão do rosto, aos nossos reis, aos nossos príncipes e a nossos pais, porque pecamos contra Ti”.

Lembremo-nos, querido companheiro Cristão, estamos vivendo em um dia de ruína – nos últimos dias da história da Igreja de Deus na Terra. Não nos dias em que ela começou tão intensamente no dia de Pentecostes, mas estamos nos dias de 2 Timóteo, quando a casa de Deus é mencionada como uma “grande casa”, na qual não tem apenas vasos para honra, mas também vasos para desonra. O que devemos fazer? Não podemos sair da “grande casa”; a “grande casa” é a profissão do Cristianismo na Terra. Você não pode sair dela a menos que abandone o Cristianismo.

Nossa parte no fracasso da Cristandade 

Posso dizer algumas palavras àqueles que estão reunidos ao nome do Senhor Jesus Cristo? Tenhamos cuidado para não nos estabelecermos como sendo aqueles que não falharam. Eu tremo quando vejo qualquer tendência de nos exaltar e dizer que guardamos a verdade, ou que a verdade é mantida por nós. Irmãos, isso indica que não aprendemos bem nossa lição. Nós somos parte da ruína, e precisamos estar no espírito de Daniel como vemos nesta Escritura. Estou convencido de que, se nos colocarmos como sendo algo, Deus nos mostrará que não somos nada. Ele definitivamente vai soprar sobre o orgulho. “Estas seis coisas aborrece o SENHOR, e a sétima a sua alma abomina:” A primeira coisa mencionada é “olhos altivos” (Pv 6:16-17). Tenhamos cuidado de não nos estabelecermos como algo, ou de reivindicar sermos superiores a outra pessoa. Vamos dar uma palavra de cautela: Existe um caminho para a fé, um caminho de obediência, e se andarmos nesse caminho, que possamos andar de maneira consciente do fato de que somos parte do fracasso que aconteceu. Há um modo de manter a verdade nestes últimos dias, mas precisamos de cabeças baixas no sentido de que somos parte do fracasso da Cristandade.

Abnegação própria 

“Naqueles dias, eu, Daniel, estive triste por três semanas completas. Manjar desejável não comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com unguento, até que se cumpriram as três semanas” (Dn 1:2-3)

Companheiro Cristão, o que sabemos sobre verdadeira oração e intercessão diante de Deus? Às vezes perguntas são feitas sobre o “jejum”. No capítulo anterior, o jejum é mencionado. E aqui no versículo 3, ele estava no espírito de jejum e luto. A pergunta que frequentemente é feita é se “existe jejum hoje?” Será que não podemos dizer que, se fôssemos sinceros diante de Deus, poderíamos conhecer mais de abnegação própria? Neste dia de prosperidade e luxo, quanto sabemos sobre a abnegação própria? Não é essa a razão pela qual raramente ouvimos falar de orações respondidas? Tiago nos diz: “nada tendes, porque não pedis” e, novamente, “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”. Mas existe tal coisa como estar em estado de jejum diante de Deus – andando em humilhação e julgamento próprio, reconhecendo o fracasso em particular, com abnegação própria.

Daniel esperou três semanas inteiras. Por anos, um querido santo de Deus pediu por algo que ele não viu nessa vida. Deus não prometeu responder às nossas orações durante a nossa vida. A resposta aqui veio no devido tempo de Deus. Nós não podemos apressar Deus.

Que saibamos algo sobre andar no espírito que caracterizou Daniel – percebendo nossa triste porção no fracasso, intercedendo pelo povo de Deus e buscando a graça para seguir em obediência à Sua Palavra. A obediência à Palavra de Deus que nos leva ao caminho da separação, é uma coisa, mas se levantarmos a cabeça e procurarmos ser algo, isso é outra coisa. Que coloquemos o orgulho longe de nós.

Que procuremos graça para ter propósito de coração e devoção, se deixados aqui, para sermos mantidos no caminho da fé até o momento em que ouvirmos o alarido. Não está longe!

Adaptado de Oração e o Mundo Invisível

P. Wilson

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