Origem: Revista O Cristão – Sabedoria

O Orgulho do Homem

Em 31 de outubro de 2018, o primeiro-ministro Narendra Modi, da Índia, líder do partido BJP hindu-nacionalista, revelou uma estátua de Sardar V. Patel, no que teria sido seu 143º aniversário de nascimento. Patel foi um dos pais fundadores da Índia, e por isso o Governo quis erguer uma estátua em sua homenagem. O que tornou o evento mais do que uma mera homenagem a um grande nacionalista indiano foi o fato de a estátua ter 597 pés de altura. Chamada de “Estátua da Unidade”, é quase quatro vezes mais alta que a Estátua da Liberdade e 177 pés mais alta que a do Templo da Primavera de Buda na China, que era anteriormente a estátua mais alta do mundo. A mensagem enviada foi inconfundível. O próprio comentário de Modi foi: “Esta estátua é uma resposta para todos aqueles que questionam o poder e a força da Índia”. Um animado defensor da estátua comentou: “Tome nota da mensagem que estamos enviando ao mundo com esta estátua. Só o pensamento disso me dá arrepios na espinha”.

As reações dos outros foram previsíveis. O Washington Post observou que a estátua “diz tanto sobre as aspirações globais da Índia quanto sobre o ego político de seu líder”, enquanto a oposição do Partido do Congresso na Índia zombou do fato de que o revestimento de bronze da estátua foi feito na China. Outros pobres reclamaram amargamente do custo (mais de US $ 400 milhões), enquanto muitos na Índia vivem em extrema pobreza. Os agricultores locais no estado de Gujarat, na área onde a estátua foi construída, também protestaram contra a expropriação de suas terras que foi necessária.

A competição 

Enquanto alguns no Ocidente também podem zombar do que parece ser uma demonstração inútil de grandeza, devemos reconhecer que “Como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem” (Pv 27:19). Há alguns anos existem competições para ver qual nação pode construir a estrutura mais alta ou a estátua mais alta. O Templo da Primavera na China (construído em 2002) foi construído especificamente para ser a estátua mais alta do mundo na época, enquanto o imenso Burj Khalifa em Dubai, Emirados Árabes Unidos, a 2.722 pés, era certamente uma questão de orgulho quando tornou-se o edifício mais alto do mundo em 2010. No entanto, em breve será eclipsado pela torre de Jeddah na Arábia Saudita, prevista para ser revelada em 2021. Da mesma forma, até mesmo a ‘Estátua da Unidade’ provavelmente será superada em poucos anos por uma estátua ainda mais alta, que o governo planeja construir ao largo da costa de Mumbai, na Índia.

Para o crente, tudo isso apenas nos lembra a torre de Babel, que começou há mais de 4.000 anos. A ambição do homem naquela época era “edificar para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus e façamo-nos um nome” (Gn 11:4). Como sabemos, Deus confundiu a língua deles e os espalhou, de modo que “eles pararam de construir a cidade”. Mas enquanto o homem estava disperso, suas ambições permaneciam. A diferença agora é que eles estavam concentrados no interesse nacional e colocados um contra o outro.

Invenções e tecnologia 

Nestes últimos dias, vemos o orgulho do homem atingindo seu apogeu, já que várias descobertas, invenções e tecnologias levam cada vez mais a um sentimento, não apenas de independência de Deus, mas, em última instância, a deificação do homem. Depois que a Igreja for chamada para casa, na vinda de nosso Senhor Jesus para nós, o resultado será a adoração ao homem, na forma da besta romana e do anticristo. Tudo isso será apoiado por “poder, e sinais, e prodígios de mentira”, todos orquestrados “segundo a eficácia de Satanás” (2 Ts 2:9). Mais do que isso, o próprio Deus “lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira” (2 Ts 2:11). Homens que recusaram a verdade serão condenados a serem seduzidos por uma mentira.

Com isso, haverá uma expansão do que já vemos, ou seja, a atividade inquieta das nações do mundo, como cada um procura se gabar em detrimento dos outros. Já estamos vendo “a figueira [Israel] e todas as árvores” começando a “brotar” (Lc 21:29-30), e também estamos vendo um pouco dos “sinais no Sol, e na Lua, e nas estrelas, e, na Terra, angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas; homens desmaiando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mundo” (Lc 21:25-26). Sem dúvida, essa descrição é de eventos que acontecerão depois que a Igreja for chamada para casa, mas estamos vendo o cenário sendo montado hoje, com avisos para o homem, se ele quiser ouvir.

Os sinais de aviso 

Em tudo isto há também uma advertência para os crentes, pois também nós devemos ter cuidado, para que nosso coração não “se carregue de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida” (Lc 21:34). É fácil para nós sermos apanhados no patriotismo, junto com as coisas deste mundo. Mesmo os “cuidados necessários desta vida” podem obscurecer nossa visão da glória vindoura de Cristo, se for permitido que isso vá além do necessário para passar por este mundo.

Saber onde tudo isso vai acabar dá paz ao crente. A torre de Babel nunca foi terminada, mas está chegando o dia em que “uma pedra” será “cortada, sem mãos,” e quebrará toda a glória do homem em pedaços (Dn 2:35). Naquele tempo “a altivez do homem será humilhada, e a altivez dos varões se abaterá, e só o SENHOR será exaltado naquele dia” (Is 2:17). A “Pedra” cortada da montanha é o Senhor Jesus Cristo vindo em glória, e quando tudo que se opõe a Ele for julgado, “a Pedra” se tornará “uma grande montanha” e encherá “toda a terra” (Dn 2:35). Para aqueles que foram fiéis a Ele durante Sua ausência, haverá uma recompensa e especialmente “uma coroa de justiça” para “todos os que amarem a Sua vinda” (2 Tm 4:8). Pela fé podemos esperar ansiosamente por esse dia!

Little Flock Hymnbook (# 40 Appendix)

W. J. Prost