Origem: Revista O Cristão – Orgulho e Humildade

A Necessidade da Humildade

Sempre houve uma necessidade entre os homens pela humildade, pois o orgulho tem sido uma característica proeminente do homem desde a queda. Foi o orgulho que incitou a rebelião original de Satanás contra Deus e um apelo ao orgulho, pelo menos em parte, que Satanás usou para seduzir Eva para desobedecer a Deus. Assim, lemos em 1 Timóteo 3:6 sobre alguém que está em perigo de se ensoberbecer, e assim cair na “condenação do diabo”. Assim, o orgulho é uma das raízes do pecado original do homem, e tem estado desenfreado no mundo desde aquela época.

Formas de orgulho 

Nosso orgulho pode assumir diversas formas. Podemos nos ocupar com nós mesmos de maneira positiva ou negativa, e mesmo assim o orgulho pode ser a raiz de ambos. Podemos estar ocupados conosco mesmos, pensando em como somos bons ou, de outra forma, podemos pensar em nós mesmos sobre o quanto somos maus. Embora seja correto perceber nossa verdadeira condição aos olhos de Deus, Ele nunca nos ocupa com o pecado, exceto para julgá-lo. Constante ocupação com a nossa maldade não é a verdadeira humildade, pois o orgulho pode ser alimentado até mesmo quando falamos sobre o quanto somos maus. Mais do que isso, o orgulho pode entrar em coisas espirituais, pois nosso ego pecaminoso, mesmo depois de sermos salvos, não fica melhor do que antes. É esse orgulho espiritual que talvez seja o mais sério.

Em Provérbios 6:17, descobrimos que os “olhos altivos” estão no topo de uma lista de sete coisas que o Senhor odeia e que são uma abominação para Ele. Por que o orgulho é tão sério aos olhos de Deus e por que é tão odioso para com Ele? Eu sugeriria que a principal razão é que o orgulho do homem toma a glória que pertence somente a Deus e a entrega para si mesmo. O lugar apropriado da criatura é o da submissão e obediência, enquanto o orgulho promove a rebelião e a desobediência. Assim, é correto dizer, à luz da Palavra de Deus, que toda forma de orgulho está errada e deve ser condenada.

Aonde o mundo está indo 

Nestes últimos dias da graça de Deus com este mundo, vemos o orgulho exemplificado em pelo menos duas maneiras. Em primeiro lugar, o orgulho do homem natural e do mundo em geral, sem dúvida, atingirá seu apogeu durante o período da tribulação. A rebelião será abundante em todos os lugares, e mesmo na presença do inconfundível poder de Deus, é registrado naquele tempo que os homens “mordiam a língua de dor. E, por causa das suas dores e por causa das suas chagas, blasfemaram do Deus do céu e não se arrependeram das suas obras” (Ap 16:10-11). Em vista de tudo isso, Deus predisse “que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos” (2 Tm 3:12). Num sentido mais amplo, também nos disse que devemos olhar “para a figueira e para todas as árvores” (Lc 21:29). Embora isso, sem dúvida, será cumprido depois que a Igreja for chamada ao lar, ainda assim vemos o começo dela agora. A figueira representa Israel como nação e todas as árvores falam de outras nações. Cada grupo étnico e raça está exigindo autonomia e insiste em ter sua voz ouvida no cenário mundial. Quando comecei a universidade há quarenta e cinco anos, havia cerca de 120 países nas Nações Unidas. Hoje, são mais de 190, representando uma média de mais de um novo país por ano. O orgulho religioso é frequentemente misturado com isso e resulta em um fanatismo que frequentemente se manifesta em atos de violência para apoiar falsas religiões, bem como ambições nacionalistas. Embora essa situação possa resultar de múltiplas causas e de uma interação de forças econômicas e políticas, o orgulho do homem certamente está na raiz de tudo isso.

Uma atitude babilônica 

Em outra maneira e talvez mais séria, porém, estamos vendo orgulho entre o povo de Deus. Estamos no final de uma dispensação arruinada, no que diz respeito à responsabilidade do homem. O que Deus deu no princípio tem sido negligenciado, e os pensamentos e ações do homem corromperam, no testemunho exterior, o que Deus pretendia. Se levarmos isso a sério, percebemos que nosso lugar é mais do que nunca o de nos humilharmos diante de Deus, buscando Sua mente e não fingindo ser o que não somos. No entanto, descobrimos que, como sempre, o pecado que mais prevalece no mundo é aquele em que a Igreja de Deus tende a cair. Tendo sido libertada moralmente do Egito, a Igreja está sujeita a cair em uma atitude babilônica e o orgulho associado a ela. Essa atitude é revelada na carta endereçada a Laodiceia, em Apocalipse 3, onde o Senhor tem a dizer àqueles que professam Seu nome: “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Ap 3:17).

Mais uma vez, essa atitude, sem dúvida, atingirá seu auge na falsa Igreja, que continuará fingindo ter o nome de Cristo mesmo depois que a verdadeira Igreja for chamada para casa. A falsa Igreja é na verdade chamada de Babilônia, por causa de seu orgulho e rebelião final contra Deus. No entanto, é uma voz para cada um de nós hoje, pois o espírito de orgulho e autossuficiência se mostra agora.

Deterioração do testemunho 

Podemos apontar o dedo para os outros, mas é uma coisa solene lembrar que, no Velho Testamento, o orgulho era talvez mais evidente entre aqueles que ainda estavam adorando em Jerusalém – no centro de Deus. Mais que isso, à medida que seu testemunho e poder se deterioravam, seu orgulho parecia aumentar em proporção. Assim encontramos Israel dizendo: “Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este” (Jr 7:4), exatamente no ponto em que Deus estava prestes a levá-los para o cativeiro. Mais tarde, quando o Senhor em graça permitiu que um pequeno número retornasse do cativeiro e restaurasse Sua adoração em Jerusalém, seu orgulho tomou a forma do farisaísmo e eles acabaram crucificando seu Messias.

Estamos sujeitos a esse mesmo espírito em nossos dias, e devemos nos lembrar de que quanto mais Deus nos deu, mais necessidade existe de manter isso em humildade. Se Cristo estiver diante de nós, não teremos problema, pois seremos mantidos humildes ao percebermos constantemente quão pouco somos como Ele e quão pouco andamos em Seus caminhos. Se começarmos a olhar para os outros, no entanto, o orgulho em nós mesmos começará a nos inchar, e então Deus estará descontente conosco.

O ponto de referência correto 

Vemos essa atitude nos discípulos, enquanto nosso bendito Senhor estava na Terra. Enquanto alguns deles estavam no monte da transfiguração com Ele, foi pedido aos outros discípulos que curassem um menino que estava possuído por um demônio, mas eles não podiam. Mais tarde, eles discutiram um com o outro sobre quem seria o maior, e então João relatou que eles tinham visto um homem expulsando demônios em nome do Senhor. Eles o proibiram, dando como a razão para isso o fato de que ele “não nos segue” (Mc 9:38). O Senhor repreendeu esse espírito, pois, sem dúvida, a ênfase estava em “nós” e não no Senhor. O orgulho havia chegado, e aqui encontramos aqueles que não conseguiram expulsar um demônio proibindo outro que estava evidentemente fazendo isso, porque ele não estava com eles.

Mais tarde, o Senhor Jesus coloca a ênfase correta neste assunto quando Ele diz: “Quem Comigo não ajunta espalha” (Lc 11:23). Aqui o Senhor é o ponto de referência e, portanto, nosso desejo deve ser de ajuntar com Ele e não conosco. Ao fazer isso, seremos preservados da frouxidão, e também seremos mantidos longe do orgulho.

À medida que o mundo se tornar mais sombrio, sem dúvida veremos o orgulho do homem se agravar e, entre os crentes também haverá uma tendência ao orgulho, mesmo que seja orgulho do que Deus nos deu. Como é inapropriado nesses dias se orgulhar de ter feito grandes coisas, exatamente no momento em que a luz de Deus mostrou quão pouco realmente fizemos. Não! A humildade é o nosso lugar, bem como a confiança em Deus, que nunca Se deixa a Si mesmo sem testemunho e que honra a fé sempre que é exercida diante d’Ele.

W. J. Prost

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