Origem: Revista O Cristão – A Defesa da Família

O Pai da Mentira

“O diabo ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira” (Jo 8:44 – AIBB). Satanás é homicida como também o pai da mentira. Sua interação com a raça humana começou com uma mentira e levou à morte. “Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal” (Gn 3:4-5). Essa era uma meia-verdade – o tipo de mentira em que caímos facilmente. Adão e Eva não morreram fisicamente no dia em que eles comeram o fruto proibido e ganharam uma consciência que sabe o bem e o mal. No entanto, o resultado de sua desobediência teve consequências devastadoras – consequências que são sentidas por toda a criação até hoje. Adão e Eva experimentaram a morte em um sentido espiritual. A pergunta de Deus a Adão foi: “Onde estás?” (Gn 3:9). Essa era uma separação de Deus, insolúvel, exceto pelo próprio Deus. Por fim se seguiu a morte física, que é a separação entre o espírito e o corpo (Tg 2:26), assim como aconteceu com os descendentes de Adão e Eva desde então. Nascemos na posição de Adão e com sua natureza caída; a mortalidade é a nossa porção. Deus provou ser verdadeiro e Satanás, mentiroso. “Sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso” (Rm 3:4). Os sussurros de Satanás não mudaram. Ele nos faz duvidar de Deus. “É assim que Deus disse?” (Gn 3:1). Além disso, Satanás sugere que Deus negou à humanidade o que é bom – algo que nos fará felizes e completos.

A chamada revolução sexual 

A chamada revolução sexual do século XX tornou “normal” uma ampla gama de atividades que eram vistas como imorais, assim definidas por padrões Cristãos de longa data. Em muitos aspectos, foi um retorno aos costumes pré-Cristãos. A liberdade sexual, no entanto, não resultou na bênção prometida. O movimento Me-Too dos anos 2000 revelou que 80% das mulheres nos Estados Unidos sofreram alguma forma de assédio ou agressão sexual. Os Centros de Controle de Doenças (CCD) dos Estados Unidos nos dizem que estamos no meio de uma epidemia de doenças sexualmente transmissíveis. E, mesmo assim, o caminho em que estamos não é questionado. A agenda agora promovida derruba a própria noção de sexo e gênero – este último, dizem, é distinto do nosso sexo biológico e representa os aspectos sociais, psicológicos, culturais e comportamentais da nossa identidade. A insatisfação com a identidade sexual resulta em quase o dobro da taxa de suicídio entre os adolescentes. A solução proposta é considerar normais condições formalmente reconhecidas como desvios.

Algumas distinções precisam ser feitas. Pessoas intersexo (que representam entre 0,02% e 0,05% da população) têm uma apresentação ambígua de características masculinas e femininas no nascimento ou uma apresentação que difere de seu sexo cromossômico. Alguém pode, por exemplo, ter cromossomos XY, mas possuir características físicas femininas (por exemplo, síndrome de Swyer). Essas pessoas são assim devido a condições médicas preexistentes. Pessoas transgêneros, por outro lado, são aquelas que desejam expressar um gênero que não corresponde ao seu sexo cromossômico. O termo orientação sexual descreve a atração sexual de alguém, seja pelo sexo oposto ou pelo mesmo sexo. Essas breves descrições não abrangem o espectro todo. É preciso distinguir entre condições médicas diagnosticáveis e aquelas de natureza psicológica – não que tais distúrbios devam ser desconsiderados. Há muito tempo se procura uma causa biológica subjacente, especialmente a genética, para explicar vários comportamentos, como a atração homossexual, por exemplo; nenhuma evidência nesse sentido foi encontrada.

Felicidade e contentamento 

Será que os resultados da grande convulsão social que estamos vivenciando trarão felicidade e contentamento? O tratamento com hormônios bloqueadores da puberdade, a cirurgia de mudança de gênero e assim por diante resultam em mudanças irreversíveis no corpo. Mulheres jovens que recebem tratamentos hormonais masculinos podem sofrer danos cardíacos irreparáveis. Os efeitos negativos, sejam físicos, psicológicos ou sociais, muitas vezes surgem muito mais tarde. Quando a felicidade prometida não se materializa e há o reconhecimento de que se foi enganado por aqueles em quem antes se confiava, o resultado é invariavelmente muito pior do que a condição original. As mentiras de Satanás promovem resultados positivos e nunca expõem os negativos. Quer aceitemos ou não a Deus e Sua Palavra, não podemos escapar das consequências do nosso próprio comportamento. Quando desconsideramos os princípios morais que Deus estabeleceu para o nosso bem, sempre corremos perigo. Não se trata de um Deus irado impondo castigo aos ímpios (chegará o tempo para isso), mas sim da mais que evidente consequência da obstinação. No início da história humana, a humanidade optou por não manter Deus em seu conhecimento, e Ele os entregou aos seus desejos: “Pelo que também Deus os entregou às concupiscências do seu coração, à imundícia, para desonrarem o seu corpo entre si Pelo que Deus os abandonou às paixões infames recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro” (Rm 1:24-27). A luz do Cristianismo foi rejeitada, e o resultado será um retorno a essa mesma condição.

O ensino de Jesus 

Existe um argumento de que a Bíblia não condena as coisas das quais estamos falando. Em 2022, um membro da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos compareceu perante o Congresso e disse: “Apenas pensei em repetir para vocês o que Jesus Cristo disse sobre a homossexualidade.” Um silêncio de cerca de 20 segundos se seguiu! A profundidade da afirmação foi amplamente divulgada. Será ela verdade? Na melhor das hipóteses, é uma meia-verdade. Os Evangelhos não usam a palavra homossexual, nem esse comportamento é abordado diretamente. No entanto, Jesus, como Homem, veio a este mundo como Alguém sob a lei (Gl 4:4) – uma lei dada por Deus que era justa e santa e perfeitamente adequada ao Seu povo terrenal. “Assim, a lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom” (Rm 7:12). Jesus não era o transgressor radical da lei como Ele é popularmente retratado. O Sermão da Montanha (Mt 5-7), por exemplo, não substituiu a lei. Jesus pregou que a mera conformidade exterior com a lei, sem um estado interior adequado, não dá a alguém entrada no reino dos céus. Se os mandamentos que abordam a homossexualidade estivessem errados, Jesus teria falado deles – Seu silêncio é digno de nota. Em se tratando de identidade sexual e casamento, Jesus reafirma aquilo que tem sido desde o princípio: “Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher: e serão dois numa só carne?” (Mt 19:4-5). O homem é um ser tripartido – espírito, alma e corpo (1 Ts 5:23). O corpo não deve ser tratado com menos seriedade do que a alma ou o espírito. “Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui [comete fornicação – TB] peca contra o seu próprio corpo” (1 Co 6:18).

Satisfação dos nossos desejos 

Dizem-nos que devemos ser o nosso “eu autêntico” – que fomos criados de uma determinada forma e devemos ser fiéis a isso. Por esse raciocínio, culpamos a Deus e justificamos o nosso próprio comportamento. No entanto, o que Deus procura de nós – justiça e santidade – não se baseia na natureza. Sob a lei, Deus exigiu de Seu povo essas virtudes, e Israel prontamente aceitou o padrão de Deus (Êx 19:8). É verdade que o homem se demonstrou totalmente incapaz de produzir justiça e santidade, mas isso não o desculpou naquela época e nem o desculpa agora (Rm 3:1-6). Deus nos deu desejos naturais, mas nós não somos livres para satisfazer esses desejos da maneira que escolhermos. A concupiscência procura satisfazer o desejo com algo que não é meu, daí a sua ligação com a cobiça (Rm 7:7). Não podemos apontar para Deus e dizer: Você me fez assim; portanto, é Sua culpa. “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura, a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?” (Rm 9:20). Agir fiel ao nosso eu autêntico é uma coisa terrível. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17:9). Como Cristãos, reconhecemos que temos uma natureza caída, que age contrária a Deus. Ela se corrompe segundo as enganosas concupiscências. Temos atributos e habilidades que podem ser usados para o benefício mútuo de nós mesmos, da família e da sociedade, mas também há características que são destrutivas. Não posso justificar o uso delas porque estou sendo fiel a mim mesmo.

Protegendo os nossos filhos 

Como protegemos os nossos filhos? Não podemos nos isolar do mundo, “pois, neste caso, teríeis de sair do mundo” (1 Co 5:10). Na Escritura, encontramos exemplos de jovens, tanto homens como mulheres, que se encontraram em circunstâncias verdadeiramente horríveis – a jovem serva de Naamã, Daniel, Ester e assim por diante – e Deus os preservou. “Instrui o menino no caminho em que deve andar; e, até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv 22:6). É muito importante que estabeleçamos a autoridade da Escritura em nosso lar, não apenas para nossos filhos, mas também para nós mesmos. Eva ouviu os sussurros de Satanás e sucumbiu. O Senhor Jesus Cristo também foi tentado por Satanás, mas Ele respondeu com a Palavra de Deus (Mt 4:1‑11). O povo de Israel foi instruído: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as intimarás (diligentemente – KJV) a teus filhos” (Dt 6:6-7). As crianças precisam de orientação e limites. É importante não satisfazer suas fantasias, especialmente quando estas vão contra os princípios estabelecidos na Palavra de Deus. É uma coisa séria fazer tropeçar uma criança. As crianças têm sido levadas a duvidar de sua sexualidade numa idade em que a confusão não é totalmente incomum. Deus responsabilizará aqueles que assim procedem: “Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que creem em Mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar” (Mt 18:6 – ARA). Por outro lado, quando existe uma causa, deve-se demonstrar bondade. As pessoas não querem pena; elas querem empatia. Amor, bondade e compaixão são virtudes Cristãs, porém o amor, no sentido Cristão, nunca aprova aquilo que é injusto ou profano. “Conserva-te a ti mesmo puro” (1 Tm 5:22).

N. S.

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