Origem: Revista PALAVRAS DE EDIFICAÇÃO 01

SOBRE O LIVRO DOS ATOS DOS APÓSTOLOS

Capítulo 22:12-29

“E um certo Ananias, varão piedoso conforme a lei, que tinha bom testemunho de todos os judeus que ali moravam, vindo ter comigo e apresentando-se, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. E naquela mesma hora o vi. E ele disse: O Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças a Sua vontade, e vejas aquele Justo, e ouças a voz da Sua boca. Porque hás de ser Sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido. E, agora por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor” (vs.12-16).

Paulo, contando aos judeus irados a história da sua conversão mediante a aparição do Senhor Jesus, fez menção de Ananias, um varão piedoso com bom testemunho entre os judeus de Damasco, e disse-lhes como Ananias lhe confirmara a ordem divina de evangelizar “a todos os homens”, dada pelo próprio Senhor Jesus Cristo (At 26:15-18).

Paulo acrescentou também como Ananias o exortara: “Por que te deténs? Levanta-te e batiza-te e lava os teus pecados, invocando o Nome do Senhor” (At 22:16). Considerando essa circunstância, não temos nela uma fórmula universal de batismo Cristão, senão um caso excepcional.

Saulo de Tarso era conhecido como um inimigo implacável de Cristo, um perseguidor feroz do povo Cristão. Era então necessário que o seu arrependimento e mudança de posição e de atitude neste mundo fossem tornados públicos. Como seria isso levado a efeito? No caso de Saulo de Tarso, pelo batismo com água: ele lavou-se dos seus pecados diante dos homens (não perante Deus, pois foram-lhe perdoados todos os seus pecados quando o Senhor Jesus sofreu por eles na cruz). O ato de batizar-se e de confessar assim publicamente o Nome de Jesus Cristo era uma renúncia definitiva da sua carreira de oposição tenaz e violenta contra Cristo e o Seu povo. Dessa maneira decisiva ele lavou-se dos seus pecados.

O batismo na água jamais lavou nem lava pessoa alguma da impureza dos seus pecados diante de Deus. Nunca! “Sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9:22). Somos “resgatados, com o precioso sangue de Cristo” (1 Pe 1:18-19), e não com água. “O sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo o pecado” (1 Jo 1:7), não apenas de alguns deles, mas de todos!

“E aconteceu que, tornando eu para Jerusalém, quando orava no templo, fui arrebatado para fora de mim. E vi aquele que me dizia: Dá-te pressa e sai apressadamente de Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho acerca de Mim. E eu disse: Senhor, eles bem sabem que eu lançava na prisão e açoitava nas sinagogas os que criam em Ti. E, quando o sangue de Estevão, Tua testemunha, se derramava, também eu estava presente, e consentia na sua morte, e guardava os vestidos dos que o matavam” (vs.17-20).

Paulo, tinha ainda vivo na sua memória tudo quanto fizera no seu zelo religioso, quantos Cristãos tinha encarcerado e consentido na sua morte, inclusive a de Estevão (At 7:51-60). Arrependera-se profundamente de tudo isso. E eis que se recordou de que – sendo arrebatado fora de si – o Senhor Jesus o mandou sair de Jerusalém, porquanto os judeus não receberiam o seu testemunho d’Ele. Porque estava então Paulo de novo em Jerusalém? Porque não obedeceu aos avisos do Espírito Santo.

“E disse-me: Vai, porque hei de enviar-te aos gentios de longe. E ouviram-no até esta palavra e levantaram a voz, dizendo: Tira da Terra um tal homem, porque não convém que viva!” (vs.21-22).

Os judeus orgulhosos e zelosos da sua religião não podiam suportar o fato de que o seu Deus também fosse anunciado como o Deus Salvador dos gentios.

“Não agradam a Deus, e são contrários a todos os homens. E nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvação, a fim de encherem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim” (1 Ts 2:15-16).

“E, clamando eles, e arrojando de si os vestidos, e lançando pó para o ar, o tribuno mandou que o examinassem com açoites, para saber por que causa assim clamavam contra ele. E, quando o estavam atando com correias, disse Paulo ao centurião que ali estava: É-vos lícito açoitar um romano, sem ser condenado? E, ouvindo isto, o centurião foi e anunciou ao tribuno, dizendo: Vê o que vais fazer, porque este homem é romano. E, vindo o tribuno, disse-lhe: Dize-me, és tu romano? E ele disse: Sim. E respondeu o tribuno: Eu com grande soma de dinheiro alcancei este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu sou-o de nascimento. E logo dele se apartaram os que o haviam de examinar; e até o tribuno teve temor, quando soube que era romano, visto que o tinha ligado” (vs.23-29).

Com a crueldade característica de um militar, o tribuno mandou açoitar a Paulo, mas este aproveitou a sua cidadania romana para perguntar ao centurião se era lícito esse procedimento, sendo que Paulo era romano. Chegando-se logo o tribuno, interrogou a Paulo e descobriu que este era de uma maior dignidade do que ele, visto que era cidadão romano de nascimento, enquanto que o militar, talvez algum mercenário anteriormente, pagara com grande preço para alcançar essa cidadania. Diz-se que Tarso, onde Paulo nasceu, era uma cidade que ajudara os romanos nas suas conquistas, e por isso o Imperador outorgara a todas as famílias de Tarso da Cilícia, uma província longe da Itália, a cidadania romana.

Que bom saber que o nosso Deus tudo sabe e aproveita para cumprir os Seus propósitos! Foi por um “decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo se alistasse” (Lc 2:1) que José e Maria foram a Belém, porque a Escritura tinha dito profeticamente que Cristo nasceria em Belém (Mq 5:2; Mt 2:4-6). Foi pois também um decreto de um imperador romano que fez com que Paulo nascesse cidadão romano, uma circunstância da qual o Senhor Se aproveitou em benefício do Seu fiel servo Paulo.

(continua, querendo Deus)

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