Origem: Revista O Cristão – Ovelhas e Cordeiros

O Pastor do Dia de Nuvens e de Escuridão

Em Ezequiel 34, o Senhor aborda a questão dos pastores de Israel, que evidentemente abusaram da confiança e autoridade deles sobre o povo e que se alimentaram em vez de alimentar o rebanho. Como resultado, as ovelhas “se espalharam, por não haver pastor” (v. 5). Parece que havia pelo menos três razões pelas quais as ovelhas se espalharam.

Em primeiro lugar, como já observei, os pastores tinham sido egoístas, de modo que o Senhor tinha que dizer que eles “se apascentam a si mesmos e não apascentam as Minhas ovelhas” (v. 8). A negligência com o rebanho fez com que as ovelhas se desgarrassem, provavelmente em busca de pasto. Elas “andam desgarradas por todos os montes e por todo o alto outeiro, sem haver quem as procure” (v. 6).

Em segundo lugar, algumas das ovelhas estavam doentes, quebradas ou “espalhadas”, e os pastores não lhes deram o cuidado especial de que precisavam. Eles não haviam dedicado tempo para procurar aquelas que estavam perdidas e trazê-las de volta.

Terceiro, as ovelhas foram espalhadas “no dia de nuvens e de escuridão” (v. 12). Se o tempo estivesse claro e ensolarado, elas poderiam ter permanecido como um rebanho completo, mas quando a visão delas estava embaçada sob nuvens e escuridão, era fácil para elas se afastarem e se perderem.

O Senhor estava muito descontente com os pastores que haviam tratado Seu rebanho assim, e Ele disse: “Eis que sou contra os pastores; das suas mãos requererei as Minhas ovelhas, e farei que cessem de apascentar as Minhas ovelhas” (v. 10 – TB). Então o próprio Senhor buscaria Seu rebanho, as traria de volta e “em bons pastos” as apascentaria “nos altos montes de Israel” (v. 14).

Não há dúvida de que tudo isso se refere ao julgamento inicial de Deus sobre Israel por sua infidelidade, e depois Sua reunião novamente com eles em bênção milenar. A indignação de Deus aqui é principalmente contra os pastores, mas como sabemos da história de Israel, as ovelhas não eram melhores do que os pastores na maioria dos casos, e eram muito suscetíveis a serem desviadas. As ovelhas tiveram que arcar com parte da responsabilidade por estarem perdidas.

Eu diria que tudo isso tem um paralelo nos nossos dias, na história da Igreja. Deus levanta líderes entre Seu povo e lhes dá responsabilidade e autoridade como “subpastores”, para alimentar Seu rebanho, cuidar daqueles que estão doentes e procurar aqueles que podem ter se afastado. Suas responsabilidades são trazidas diante de nós particularmente em 1 Pedro 5, mas também em outras passagens da Escritura. Em Atos 20:28, Paulo exorta os anciãos da Igreja em Éfeso a “apascentardes a Igreja de Deus, que Ele resgatou com Seu próprio sangue”. Como Ele fez em Israel, na Igreja, o Senhor responsabiliza os pastores pela maneira como fizeram o trabalho que lhes foi dado.

Em particular, precisamos perceber que os pastores podem ser aqueles que causam o “dia de nuvens e de escuridão” e que deixam as ovelhas em uma posição de não saber qual caminho tomar. Alguém descreveu isso muito bem: “Enquanto os líderes estão ocupados escurecendo o céu com suas controvérsias, o inimigo está ocupado espalhando as ovelhas. Enquanto os pastores discutem, as ovelhas vagueiam. Podemos espalhar, mas que pouco poder temos para livrar!” (H. S.).

Surge então a pergunta: As ovelhas não têm nenhum recurso quando se encontram em dia de nuvens e de escuridão? Devem estar à mercê de pastores que não se importam com elas? Não, elas não estão sem um recurso, pois o próprio Senhor, o Sumo Pastor, nunca deixa de cuidar de Suas ovelhas. Se os líderes escureceram o céu e as nuvens dificultam o caminho, há sempre Aquele que está acima de tudo. Assim como o Senhor intervirá e reunirá Israel e as fará “voltar de todos os lugares por onde andam espalhadas no dia de nuvens e de escuridão” (v. 12), assim os olhos do Senhor estão sempre sobre Suas ovelhas. Ele não apenas as buscará e as trará de volta, mas também é capaz de impedir que sejam espalhadas, mesmo na escuridão.

Muitos anos atrás, alguns do povo do Senhor foram dispersos em “dia de nuvens e de escuridão”, e o Senhor graciosamente permitiu que um deles fosse trazido de volta por meio de um fiel subpastor que o procurou e foi uma ajuda para ele. Alguns anos depois, quando outra dificuldade séria confrontou o povo de Deus, o filho do irmão que havia sido trazido de volta perguntou: “Pai, o que vamos fazer?” O pai, tendo aproveitado sua experiência anterior, respondeu sabiamente: “Filho, neste momento não sei. Mas oremos para que, quando chegar a hora de tomar uma decisão, estejamos perto o suficiente do Pastor para ouvir Sua voz”.

Sim, aqueles que estão em posições de responsabilidade devem responder a Deus, se foram os instrumentos usados para escurecer o céu, mas as ovelhas não precisam ser espalhadas, se elas olharem para Aquele que nunca as esquece e que sempre liderará e guiará, por mais escuro que seja o dia.

W. J. Prost

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