Origem: Revista O Cristão – Pastores

O Pastor Entra pela Porta

Em João 10, temos um ministério maravilhoso sobre pastoreio que é ensinado e demonstrado pelo Pastor de todos os pastores. A primeira coisa que nos é dito é que aquele que entra pela “porta” é “o pastor das ovelhas”. Essa é a maneira apropriada de se aproximar das ovelhas. Aqueles que não entram pela porta são “ladrões e salteadores”. Subir pelo muro é a indicação de que tal pessoa não é o pastor. Para ser um pastor, a primeira coisa necessária é tratar de conhecer as ovelhas, e que as ovelhas conheçam o pastor. É somente depois de conhecer o pastor é que as ovelhas o seguirão, e somente depois de o pastor conhecer as ovelhas é que ele será capaz de liderá-las. O Senhor Jesus veio onde estavam as ovelhas: “Ele veio para os Seus” (Jo 1:11); Ele veio para conhecer as ovelhas, como Ele diz: “Conheço as Minhas ovelhas”, e as ovelhas vieram para conhecê-Lo, como Ele diz, “e das Minhas Sou conhecido” (Jo 10:14). Que experiência Ele passou enquanto vivia na Terra fazendo isso! Ele, sendo sempre Santo e sem pecado, veio a aprender “a obediência pelas coisas que padeceu” (Hb 5:8). Ele aprendeu por experiência própria o que era ser Homem e conhecer as necessidades e sentimentos de todos ao Seu redor. Há um grande significado para aquele que entra pela porta do aprisco (curral); esse é o ponto de partida de como ser um bom pastor.

Moisés aprendeu esta lição enquanto cuidava de ovelhas. Foi por 40 anos que ele aprendeu a lição depois de perceber seu próprio fracasso em cuidar dos irmãos no Egito. Seu primeiro esforço para ajudar seus irmãos terminou em desastre. Mas esse primeiro fracasso não o desqualificou para sempre. O Senhor transformou as circunstâncias resultantes em um meio de ensiná-lo a se familiarizar com as ovelhas, aprender a conhecê-las e ensiná-lo a cuidar delas. Então, depois, Moisés foi capacitado a fazer o mesmo com seus irmãos – as ovelhas de Israel. Ele fez isso por 40 anos com apenas um fracasso principal. Não vamos desistir de cuidar uns dos outros por causa dos fracassos, mas sim aprender a conhecer melhor uns aos outros por meio dessas experiências e, assim, fazê-lo melhor depois.

O porteiro 

Em seguida, em João 10, temos o papel do porteiro. Ele guarda as ovelhas enquanto elas estão no aprisco. Isso é para protegê-las durante a noite em suas paredes fechadas. As ovelhas precisam de proteção contra adversários; elas não são capazes de se defender. O porteiro serve enquanto as ovelhas estão no curral. Então, durante o dia, quando o pastor vem, as ovelhas são levadas pelo pastor para o pasto aberto. Um porteiro só permite o pastor designado (aquele qualificado para cuidar bem das ovelhas) a levar as ovelhas para o campo aberto. O Senhor Jesus desde o início de Seu ministério em Israel demonstrou esse cuidado de Pastor para com aqueles ao Seu redor, mesmo em Seu último ato, quando Ele entregou o cuidado de Sua mãe a João (Jo 19:27). Somente Ele era o Fiel como Pastor, e agora, como o Sumo Pastor, Ele, por meio da comissão a Pedro, diz a todos nós: “apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho” (1 Pe 5:2-3).

A causa 

Muito pode ser aprendido sobre pastoreio, conforme nos é apresentado na vida de Davi. Ele teve que passar por vários anos de espera antes de ser autorizado a servir como rei de Israel. Quando ele finalmente se tornou rei, já havia aprendido a ser um pastor. Não podemos dizer que é evidente na história dele que o Porteiro não permitiu que ele assumisse as ovelhas imediatamente. Ele teve que aprender a cuidar das ovelhas de Israel primeiro. Vemos esse processo da aprendizagem do pastoreio avançar, do cuidado de ovelhas para o cuidado de pessoas, quando ele foi enviado por seu pai para levar suprimentos e procurar seus irmãos. Ele obedeceu diligentemente a seu pai, como diz que ele “deixou as ovelhas a um guarda, e carregou-se, e partiu, como Jessé lhe ordenara”. Além disso, quando ele chegou ao local, o teste foi mais difícil, pois ele estava lidando com mal-entendidos e falsas acusações. Seu irmão mais velho disse: “Por que desceste até aqui? E a quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção e a maldade do teu coração, que desceste para ver a peleja” (1 Sm 17:28). A resposta de Davi não foi em defesa de si mesmo, mas ele apenas se referiu à “razão” pela qual veio. Havia uma razão. E às vezes cantamos:

“Que razão maravilhosa poderia mover Teu coração
Para tomar sobre Ti nossa maldição e esperteza,
Sabendo bem que iríamos ser
Tão frios, tão negligentes Contigo?

A razão foi o amor – nos dobramos de vergonha
Diante do nome do nosso bendito Jesus,
Ele que teve que sangrar e sofrer assim,
Porque Ele nos amou e teve compaixão de nós.

Hino 85 do apêndice do Hinário Little Flock

Mudança de coração 

O tempo de aprendizado deveria ser prolongado e a perseguição contra Davi intensificada. O rei Saul tentou matá-lo e foi forçado a fugir. Tornou-se um fugitivo faminto e cansado. Naquele tempo, Nabal, com a sua abundância, recusou-se a dar comida aos homens de Davi. Isso provocou Davi a se levantar em vingança contra a injustiça de Nabal. No entanto, este não era o momento para Davi corrigir a injustiça; ele ainda não havia recebido esse papel. A lição a ser aprendida neste momento era sobre como pastorear as ovelhas de Israel. O Senhor usou Abigail, uma mulher prudente, para ensinar a Davi esta bela lição. Ela enviou comida para os homens famintos e carentes e suplicou a Davi. “Perdoa, pois, à tua serva esta transgressão, porque certamente fará o SENHOR casa firme a meu senhor, porque meu senhor guerreia as guerras do SENHOR, e não se tem achado mal em ti por todos os teus dias” (1 Sm 25:28). O coração de Davi foi mudado. Ele tomou isso vindo do Senhor e respondeu: “Bendito o SENHOR, Deus de Israel, que, hoje, te enviou ao meu encontro. Bendita seja a tua prudência, e bendita sejas tu mesma, que hoje me tolheste de derramar sangue e de que por minha própria mão me vingasse” (vs. 32-33 – ARA). Davi seria um rei melhor agora que havia aprendido com a experiência. O capítulo seguinte nos ensina outras lições que Davi aprendeu, mas passamos para uma história notável perto do fim da vida de Davi, que mostrou como é um bom pastor.

Intercessão 

Quando Israel pecou a ponto de o Senhor permitir que Davi contasse o povo sem pagar o dinheiro da redenção, o anjo do Senhor começou uma praga de destruição. Naquela época, o verdadeiro coração de pastor de Davi se manifestou. Ele intercedeu junto a Deus, dizendo: “Não sou eu o que disse que se contasse o povo? E eu mesmo sou o que pequei e fiz muito mal; mas estas ovelhas que fizeram? Ah! SENHOR, meu Deus, seja a Tua mão contra mim e contra a casa de meu pai e não para castigo de Teu povo” (1 Cr 21:17). Que grande demonstração de amor e cuidado! Isso é o que nosso Senhor fez por nós como o Bom Pastor, dando a Sua vida por nós. Que Exemplo para nós fazermos um pelo outro! “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a Sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (1 Jo 3:16 – ARA).

Em Ezequiel 34, temos muitos ensinamentos morais sobre pastoreio como uma profecia de um dia futuro. O exemplo de Davi é mencionado. “Portanto livrarei as Minhas ovelhas, para que não sirvam mais de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas. E suscitarei sobre elas um só pastor, e ele as apascentará; o Meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor. E Eu, o SENHOR, lhes serei por Deus, e o Meu servo Davi será príncipe no meio delas; Eu, o SENHOR, o disse” (Ez 34:22-24 – ACF). Vemos nesses versículos que Davi é mencionado primeiro como sendo um pastor sobre eles, e depois um príncipe. Essa é a ordem, que foi perfeitamente seguida por nosso Senhor, que veio primeiro como Pastor, chegando ao ponto de dar Sua vida por nós. Só então Ele assume o papel de Rei. Que o Senhor nos ensine a nos tornarmos melhores pastores enquanto esperamos servindo até a Sua vinda em breve.

D. C. Buchanan

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