Origem: Revista O Cristão – Paz e a Aparição do Senhor
A Paz Conforme Apresentada no Evangelho de Lucas
Paz profetizada
“hás de ir ante a face do Senhor … para dar ao Seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados, pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, com que o oriente do alto nos visitou, para alumiar os que estão assentados em trevas e sombra de morte, a fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz” (Lc 1:76-79).
Foi assim que Zacarias, sendo cheio do Espírito Santo, falou de seu filho João. Quão grandes e maravilhosas são as bênçãos que ele profetizou que viriam aos homens pelo advento do Senhor Jesus Cristo ao mundo; bênçãos tendo como fonte a ENTRANHÁVEL MISERICÓRDIA DE NOSSO DEUS.
Essas bênçãos são:
- LUZ para os que estão nas trevas e na sombra da morte.
- REMISSÃO DE PECADOS.
- O CONHECIMENTO DA SALVAÇÃO, e estas três conduzem ao que não pode ser conhecido sem elas, a saber:
- O CAMINHO DA PAZ.
Sabemos que nossos pecados estão todos perdoados, com o seguro conhecimento disso? Se assim for, fomos guiados no caminho da paz! Poderia algo ser mais abençoado do que ter certeza da posse de todas essas coisas, no Senhor Jesus Cristo? Era missão de João anunciar o advento do Senhor Jesus, Aquele que traria essas bênçãos aos homens.
Proposta de paz (Lc 2:1-20)
Todo o mundo foi colocado em movimento por um decreto de Augusto, mas ele pouco imaginava que era para trazer o cumprimento da Palavra de Deus por Seu profeta, pois Jesus nasceria em Belém de acordo com Miqueias 5:2.
Aquele Bebê desprezado e despercebido era o Filho Eterno do Pai – o Filho de Deus – o Criador e Sustentador de todas as coisas! Deus desceu aos homens, e para ser um Homem para alcançá-los!
Aos humildes pastores nas encostas da Judeia apareceu uma multidão de anjos louvando a Deus e dizendo: “Glória a Deus na maior altura, e na Terra paz, bom prazer nos homens” (Lc 2:14 – JND).
Glória é atribuída a Deus na maior altura, e PAZ é anunciada para a Terra em conexão com a vinda do Senhor Jesus Cristo. Mas “na Terra, paz” dependia da Terra aceitar o Senhor Jesus como Salvador e Senhor, e a paz duradoura é impossível de outra forma. Tem Ele sido recebido desta forma pelo mundo? Certamente não. Em suma, “Sua vida é tirada da Terra” (At 8:33). E com Ele também foram levadas todas as esperanças de paz para a Terra, até que Ele venha novamente em julgamento. Só então Ele estabelecerá a paz com base na justiça.
A paz possuída (Lc 2:25-32)
Mas permanece o fato de que a paz que o mundo recusou pode ser obtida e desfrutada por todo indivíduo pronto para receber o Senhor como Salvador. Como exemplo disso, a paz entrou na alma de Simeão, quando o Menino Jesus foi levado pelos pais ao templo. Simeão O tomou em seus braços e louvou a Deus e disse: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o Teu servo, segundo a Tua Palavra, pois já os meus olhos viram a Tua salvação” (Lc 2:29-30). Assim será com todos os que recebem o Senhor Jesus como seu Salvador. N’Ele se encontram tanto a salvação como a paz.
A paz fingida (Lc 11:14-22)
Apesar de os judeus não O receberem, Jesus andava fazendo o bem entre eles, mas os fariseus atribuíam Seus milagres ao diabo. Mas o fato é que o homem estava sob o poder de Satanás, e o Senhor Jesus veio para destruir o poder de Satanás. “Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem. Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava e reparte os seus despojos” (Lc 11:21-22).
Aprendemos com isso que existe um tipo de paz que o diabo ministra a seus enganados. Ele é “o valente… armado”, o mundo é “a sua casa” e os pecadores perdidos são “tudo quanto tem”. O Senhor Jesus veio para dar paz, mas eles blasfemaram contra Ele. A verdade é que “Os ímpios, diz o meu Deus, não têm paz” (Is 57:21).
Paz impedida (na Terra – Lc 12:49-53)
A rejeição manifesta do Senhor em Lucas 11 nos prepara para a surpresa em Lucas 12:49-53, onde parece haver uma contradição do anúncio do anjo em Lucas 2, “Paz na Terra”. “Cuidais vós que vim trazer paz à Terra? Não, vos digo, mas, antes, dissensão [divisão – ARA]”.
Isso é surpreendente, mas confirma que a rejeição do Senhor é totalmente incompatível com a realização da paz na Terra. Portanto, quando Sua rejeição veio claramente à vista, o Senhor repudia claramente qualquer ideia de que a paz na Terra como sendo possível. Para aqueles que O recebem, há de fato paz para ser desfrutada, mas esta pobre “Terra” pode procurá-la em vão até que o julgamento tenha removido de Seu reino “tudo o que causa escândalo e os que cometem iniquidade” (Mt 13:41). É somente “havendo os teus juízos na Terra, os moradores do mundo aprendem justiça” (Is 26:9).
Paz perpetuada (no céu – Lc 19:37-44)
“E, quando já chegava perto da descida do monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a dar louvores a Deus em alta voz, por todas as maravilhas que tinham visto dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! PAZ NO CÉU e glória nas alturas!”.
Agora não era mais “paz na Terra”, mas “paz no céu”. E por que essa mudança marcante? Porque o Senhor estava indo para lá depois que ressuscitou dos mortos. A paz O segue, e onde quer que Ele seja recebido, a paz deve estar.
Paz adiada (Lc 19:41-44)
“E, quando ia chegando, vendo a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence! Mas, agora, isso está encoberto aos teus olhos … pois que não conheceste o tempo da tua visitação”.
Pobre Jerusalém! A hora de sua visita pelo Príncipe da Paz havia chegado, mas ela permaneceu obstinada e inacessível. Ela não conheceu a hora de sua visitação, e nisso ela era como o mundo de hoje! O terno coração do bendito Senhor encheu-se de pesar quando Ele olhou do Monte das Oliveiras para a cidade culpada, e chorou por ela.
Mas podemos confortar nosso coração com a contemplação do fato de que em um dia futuro será diferente, e Jerusalém não apenas conhecerá o Senhor (a cidade onde Ele foi crucificado) como Senhor e Rei, mas daquele local abençoado fluir a paz para o mundo inteiro?
Então, certamente Jerusalém saberá “AS COISAS QUE PERTENCEM À TUA PAZ”.
Paz proclamada (Lc 24:36)
Antes de Jesus proferir as alegres palavras “paz seja convosco”, Ele fez a paz “pelo sangue da Sua cruz”, satisfazendo todas as reivindicações justas de um Deus santo. Deus, em consequência disso, O ressuscitou dentre os mortos. Ele foi entregue por nossas ofensas e ressuscitou para nossa justificação, para que, sendo justificados pela fé, tenhamos PAZ COM DEUS por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Para que o que o mundo perdeu pela rejeição do Senhor, o crente individual possa ter e desfrutar pela fé no bendito Salvador, que subiu ao céu e Se assentou à direita da Majestade nas alturas.
Para resumir, então, o que temos diante de nós, conforme extraído do evangelho de Lucas:
PAZ:
- Foi profetizada por Zacarias,
- Foi proposta pelos anjos,
- Foi possuída por Simeão,
- É fingida por Satanás,
- É excluída da Terra durante a rejeição de Cristo,
- É perpetuada no céu,
- É adiada para Jerusalém até que ela receba o Rei que voltará,
- É proclamada aos crentes agora que Cristo ressuscitou;
- E pode-se acrescentar, é personificada no céu, onde a paz é estabelecida, pois “ELE É A NOSSA PAZ” (Ef 2:14).
J. C. Trench (adaptado)