Origem: Revista O Cristão – Paz

Paz Mundial

No momento da redação deste artigo, os EUA e a Rússia acabaram de assinar outro tratado de desarmamento, buscando reduzir o arsenal de armas nucleares em cada país. Outras nações como o Japão aplaudiram esse movimento e, mais uma vez, há otimismo de que estão sendo feitos progressos em direção à paz mundial. No entanto, tudo isso está sendo feito em um cenário de contínua ansiedade sobre o Irã, a ameaça constante de ataques terroristas em muitas áreas e relações muito tensas entre algumas das grandes potências do mundo. Há vários anos, os EUA usaram seu poderio militar para lidar com Saddam Hussein e o Iraque, mas agora se veem confrontados com um estado de coisas instável e explosivo, para o qual não há uma boa solução. Esses são problemas graves, mas existem muitos outros “pontos problemáticos” menores no mundo, qualquer um dos quais com potencial de surgir e causar sérias dificuldades. Uma coisa que mantém tudo sob controle é a constatação de que a economia mundial de hoje é muito interdependente e que qualquer conflito sério prejudicaria o bem-estar de todas as nações. Além disso, as grandes potências sabem que não haveria vencedores em tal conflito, pois uma guerra total seria travada com armas terríveis de destruição em massa.

Retórica e ideais 

Ao longo dos séculos, muitos homens emitiram as chamadas “palavras de sabedoria” sobre o assunto da paz, com eloquência altissonante e ideais elevados. No entanto, Mark Twain, um homem ímpio, fez a seguinte observação com uma visão singular:

“A paz por persuasão tem um som agradável, mas acho que não seremos capazes de realizá-la. Teríamos que domar a raça humana primeiro, e a história parece mostrar que isso não pode ser feito”.

Outro observou apropriadamente que muito poucas pessoas escolhem a guerra. Em vez disso, eles escolhem o egoísmo, e o resultado é guerra. Infelizmente, esta tem sido a história da humanidade, pois desde a queda do homem, ele se caracteriza pelo egoísmo, um egoísmo que entrará em guerra para alcançar seus fins. A Palavra de Deus também reconhece isso, pois lemos em Eclesiastes 3:8: “tempo de guerra e tempo de paz”. Isso de forma alguma implica a aprovação de Deus da guerra, mas é a observação de Salomão quanto ao curso normal dos eventos neste mundo, à medida que os homens procuram fazer sua própria vontade.

As guerras mundiais 

À medida que o mundo desenvolve armas mais devastadoras e letais, as tentativas de paz mundial se tornam mais árduas. Quando o terrível massacre da Primeira Guerra Mundial chocou o mundo (as vítimas militares foram mais de trinta milhões, para não falar de mortes de civis), o presidente dos EUA, Woodrow Wilson, liderou a criação da Liga das Nações para tentar resolver disputas entre nações em um maneira pacífica. Quando fracassou e a Segunda Guerra Mundial resultou em baixas ainda maiores (mais de sessenta milhões, incluindo mortes de civis e militares), as Nações Unidas foram formadas.

É preciso admitir que as Nações Unidas parecem ter tido algum sucesso, pois as principais potências do mundo não se envolvem em conflitos armados diretos desde a sua formação. Eles chegaram perigosamente perto, como na crise de mísseis cubanos de 1962, mas evitaram a guerra real. No entanto, é questionável se as Nações Unidas foram o principal impedimento. O conhecimento de que qualquer conflito provavelmente envolveria armas nucleares provavelmente fez mais para impedir as grandes potências de uma guerra total, e a formação de organizações como a OTAN, com seu enorme poder militar, tendeu a impedir qualquer nação de agressão significativa.

Tudo isso, no entanto, não mudou o coração do homem. De tempos em tempos, guerras menores acontecem e, mais recentemente, nações como Iraque, Irã e Coréia do Norte indicaram sua disposição de praticar a “brinkmanship”[1] em suas tentativas de deixar sua marca no mundo. Em alguns dos eventos dos últimos quinze ou vinte anos, fica claro que apenas a intervenção de Deus impediu que um desastre ocorresse.
[1] N. do T.: “Brinkmanship” é a técnica ou prática na política externa de manipular uma situação perigosa até os limites da tolerância ou segurança, a fim de obter vantagem, especialmente por meio da criação de crises diplomáticas.

O Filho de Deus veio ao mundo 

Mas quando o Senhor Jesus nasceu neste mundo, os anjos puderam dizer: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade [bom prazer – JND] para com os homens” (Lc 2:14). Deus não teve prazer no homem desde a queda, pois o homem era um pecador, mas agora que Cristo tinha vindo ao mundo, os olhos de Deus podiam, pela primeira vez desde a queda, descansar com prazer em um Homem neste mundo. Mais do que isso, Deus havia proposto em uma eternidade passada que Cristo herdasse todas as coisas como Homem, pois como Filho do Homem, Deus Lhe sujeitou “todas as coisas debaixo dos Seus pés” (Hb 2:8 – TB). Como o homem na primeira criação fracassou totalmente, Deus iria colocar Seu Filho como Cabeça da nova criação.

Mas o homem rejeitou o Filho de Deus e disse: “Não queremos que Este reine sobre nós” (Lc 19:14). O Senhor Jesus Se ofereceu como o Rei legítimo para a nação Judaica e, finalmente, para este mundo, mas a resposta foi: “Não temos rei, senão César” (Jo 19:15). As palavras proclamadas pelos anjos em Seu nascimento são frequentemente cantadas hoje nas chamadas canções de Natal, mas, em vista da guerra contínua do homem, elas têm um tom vazio. Mas será que deve ser negada a Deus e ao homem a paz que Seu Filho veio para dar ao homem? Terá sido tudo em vão?

Paz no céu 

Não, pois Deus nunca será frustrado em Seus propósitos. À medida que a rejeição de Cristo se tornava cada vez mais evidente, Ele teve que dizer aos seus discípulos: “Cuidais vós que vim trazer paz à Terra? Não, vos digo, mas, antes dissensão” (Lc 12:51). Pouco antes de ir para a cruz, quando o Senhor Jesus entrou em Jerusalém montado num jumentinho, a multidão de Seus seguidores expressou louvor, sem dúvida sob a condução do Espírito de Deus, dizendo: “Paz no céu, e glória nas alturas” (Lc 19:38). Este seria o resultado imediato de Sua obra na cruz, pois, para que houvesse paz na Terra, a questão do pecado precisava ser resolvida primeiro. Graças a Deus, como resultado dessa obra, “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram” (Sl 85:10). A paz foi feita no céu, pois as justas reivindicações de um Deus santo foram totalmente satisfeitas.

Pregando a paz 

Como resultado dessa propiciação feita a Deus, Ele enviou Seus servos “anunciando a paz por Jesus Cristo (Este é o Senhor de todos)” (At 10:36). Ele “havendo por Ele feito a paz pelo sangue da Sua cruz” para que “por meio d’Ele reconciliasse Consigo mesmo todas as coisas” (Cl 1:20), mas, enquanto isso, Deus está pregando paz aos que virão, que se reconhecem como pecadores e aceitam o Seu Filho como Salvador. Com o bendito resultado de haver “paz no céu”, todos os que creem podem ter “paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1). Aqueles que pertencem a Cristo neste dia de Sua graça herdarão as bênçãos celestiais e passarão a eternidade com Ele lá.

Paz mundial 

Mas e a paz mundial? O mundo continuará em conflito e derramamento de sangue? Sim, até que a iniquidade esteja totalmente madura e Deus intervenha. Lemos em Isaías 26:9: “Havendo os Teus juízos na Terra, os moradores do mundo aprendem justiça”. Deus decretou, a respeito de Seu Filho, que uma vez foi rejeitado como Rei: “Eu, porém, ungi o Meu Rei sobre o Meu santo monte Sião” (Sl 2:6). Quando chegar a hora, o Senhor Jesus tratará com este mundo em juízo, um tempo frequentemente referido na Escritura como “o dia do Senhor”. Será um dia de solene julgamento, pois Deus trata com aqueles que se rebelam contra Seu Filho. Mas então, como resultado desse julgamento, “os habitantes do mundo aprenderão a justiça” (TB) e “E o efeito da justiça será paz, e a operação da justiça, repouso e segurança, para sempre” (Is 32:17).

Esta é a única solução para os problemas deste mundo – problemas que aumentam ano após ano e desafiam a capacidade do homem de resolver. Mas quando Cristo tiver Seu lugar de direito, Ele trará uma paz duradoura que ninguém será capaz de perturbar.

Para nós, que agora vivemos no tempo de Sua rejeição, podemos ter paz em relação aos nossos pecados e paz em relação a todas as nossas circunstâncias, enquanto esperamos que o Príncipe da paz traga a paz na Terra que é o resultado de Sua obra na cruz.

W. J. Prost

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