Origem: Revista O Cristão – Paz e a Aparição do Senhor

Paz – Sua Paz

Em João 14:27, há duas características de paz apresentadas a nós: “Deixo-vos a paz” e “A Minha paz vos dou”. Precisamos de paz, antes de tudo, para a consciência, e este foi o principal objetivo da vinda de nosso Senhor aqui – especialmente em Sua morte. Como nos é dito em outro lugar, Ele fez “a paz pelo sangue da Sua cruz” (Cl 1:20). E assim, quando Ele ressuscita dos mortos, Ele diz a Seus discípulos: “Paz seja convosco!” – uma paz que transborda tanto que nosso Senhor a repete quando os estava enviando. “Paz seja convosco! Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós” (Jo 20:19, 21).

A primeira paz bendita é entre Deus e nossa alma, paz no que diz respeito à questão de nossos pecados. Mas isso não é tudo. Quando a encontramos, é absolutamente necessário para o bem-estar de nossa alma que conheçamos a paz de Cristo. Isso imediatamente mostra a diferença. Cristo nunca precisou da paz que precisávamos por estarmos em inimizade com Deus, mas Ele a teve para desfrutar de uma paz que nunca havia antes. Portanto, Ele acrescenta: “A Minha paz vos dou” – a paz que reinou n’Ele e iluminou tudo ao Seu redor.

A Paz de Cristo 

Em Colossenses 3:15 (AIBB), temos a expressão: “E a paz de Cristo, para a qual também fostes chamados em um corpo, domine em [governe – JND] vossos corações”. Ele, a cabeça do corpo, estava sempre no gozo perfeito e ininterrupto dessa paz, como Aquele que nada jamais poderia inquietar. Ele pôde sofrer, lamentar, gemer, chorar – tudo isso Ele conhecia – mas ainda em tudo isso Sua paz habitou n’Ele.

Sem dúvida, na cruz houve uma experiência totalmente diferente. Não podemos falar de paz lá. Mas o que Ele provou lá, nunca somos chamados a saber mesmo no menor grau. Houve um sofrimento ali que era totalmente peculiar a si mesmo, e aquela hora permanece sozinha para sempre. Mas em Seu trato comum com Deus, havia uma coisa que nunca mudava. Tudo estava em seu devido lugar, porque nosso bendito Mestre esperou em Deus e recorreu aos infinitos recursos de Deus para cada momento.

Assim, embora Ele pudesse ocasionalmente arder de indignação, mostrar terna compaixão sobre tristeza, repreender os discípulos por sua incredulidade ou mostrar justo descontentamento com o orgulho e a hipocrisia dos homens, havia uma coisa que nunca falhava: Sua paz. Que pensamento que tal é a paz que Ele nos dá! Jesus a deixa conosco, como um último legado que nos vem de Sua morte, a paz – a porção conquistada com justiça para a alma que crê em Seu nome.

“Minha paz” 

Mas “Minha paz” parece ser uma mais profunda, pessoal e revigorante bênção de Seu próprio coração, que sempre foi cheio dela até transbordar. Isso compreende a paz que Ele fez para nós pelo sangue de Sua cruz a qual nos deixou, mas também nos coloca maravilhosamente em comunhão com Ele, desfrutando agora da paz que Ele mesmo desfrutou. Ele nos dá Sua paz – Ele, o Senhor da paz, que andou nela como ninguém jamais andou. Oh, que possamos valorizar Sua paz!

O Senhor da Paz 

Há outra Escritura à qual gostaria de me referir brevemente – 2 Tessalonicenses 3:16: “Ora, o mesmo Senhor da paz vos dê sempre paz de toda maneira”. Ouvimos repetidamente que Deus deu a Si mesmo o título de Deus de paz, mas “o Senhor da paz” é uma expressão muito mais incomum. Não creio que signifiquem exatamente a mesma coisa, por mais que estejam intimamente ligados. “O Deus de paz” aponta para Ele como a fonte dela, pois somente Ele O poderia ser. A paz é o que uma criatura pecadora não conhece, pois tem medo de ver as coisas como elas são. Ele se afasta do Deus que ele desprezou e para cuja presença ele não é adequado. Que mudança quando Deus é conhecido por aquela alma como o Deus de paz! Ele é libertado de seu antigo eu e, portanto, é colocado em Cristo – Aquele que baniu todo o seu mal e o trouxe para o Seu próprio bem.

Mas “o Senhor da paz” é outra fase da verdade que tem sua própria bendita importância, pois nos direciona ao próprio Cristo. Não é apenas que “Ele é a nossa paz”, o que é bem verdade, mas Ele é “o Senhor da paz” também. Com isso entendo que Ele é Aquele que sabe trazer a paz – Aquele que está acima de todas as circunstâncias que tendem a perturbar.

Neste capítulo, então, o Senhor Jesus nos deixou a paz como fruto de Sua morte – a paz que recebemos pela fé n’Ele. Mas então Ele nos dá o mesmo caráter de paz que Ele mesmo desfrutou. A paz que Cristo dá é a paz em comunhão com Ele depois que recebemos a paz por meio de Sua morte. É uma coisa maravilhosa que coração como o nosso seja capaz de tal comunhão com Ele, naquilo que naturalmente contrasta com a nossa própria condição. A razão é esta: sabemos que Deus agora substituiu o primeiro homem pelo Segundo, e quanto mais simplesmente aplicarmos isso a nossa própria alma, mais calmos ficaremos em meio a coisas que tendem a perturbar. Podemos contar com Ele.

O Deus de Paz 

Se há coisas fora do nosso controle, nas mãos de Quem elas estão? Sabemos que estão nas mãos de Deus, e o nosso Deus é o Deus de paz. Do que temos que nos guardar é da nossa própria vontade, não agirmos com base em nossa própria natureza, pois não devemos ser governados pelas circunstâncias. Somos trazidos à luz da presença de Deus; é lá que caminhamos, e crer nisto e repousar nela é precisamente o ponto de fé para nós dia após dia. Que libertação de tudo como engano ou caminhos não Cristãos, nos quais certamente cairemos se O perdermos de vista. Se não estivermos andando conscientemente com Ele, então o eu certamente se manifestará nas várias formas do Adão caído.

Temos o Senhor da paz para fixar nosso olhar, que está no comando do leme e que não apenas preserva o navio, mas controla os elementos. Não contamos com as circunstâncias, nem com as pessoas, pois muitas vezes temos a mais profunda tristeza daqueles com quem mais contamos. Deus não permitirá que façamos um ídolo de algo ou de alguém. Temos Deus acima de tudo, e não apenas isso, temos um Homem acima de tudo – um Homem glorificado e colocado sobre todas as obras das mãos de Deus. Esse Homem é nosso Senhor, e nosso Senhor é o Senhor da paz. Que benção! Certamente está em Seu poder, e “Fiel é O que vos chama, O qual também o fará” (1 Ts 5:24).

Bible Treasury, vol. 8 (adaptado)

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