Origem: Revista O Cristão – Pedras

A Pedra de Betel

“E esta pedra, que tenho posto por coluna, será Casa de Deus” (Gn 28:22). À primeira vista, esse parece um pensamento raso e muito pobre, ao qual, certamente, a ideia de Davi sobre o que era adequado à casa de Deus foi um grande avanço: a contribuição para a construção que ele preparou “com penoso trabalho” totalizou 5.000 toneladas de ouro e 50.000 toneladas de prata, além de bronze, ferro, madeira, pedra, etc., que “nem foram pesados” (1 Cr 22:14 – ARA). E, assim como é a simples pedra de Jacó comparada com o esplendor, a magnificência e a grandeza solene do templo de Salomão, também é o próprio templo, ou a mais elevada das concepções humanas, comparado ao que é finalmente revelado como a verdadeira e eterna casa de Deus.

Porém, apesar de tudo isso, o pensamento de Jacó está correto, pois não era essa pedra – que havia sido seu travesseiro de descanso e agora era seu pilar de testemunho – o próprio Cristo? E, mesmo que uma pessoa que possua a Cristo tenha um pensamento pequeno acerca d’Ele, ainda assim, por possuí-Lo, ela tem toda “a plenitude d’Aquele que enche tudo em todos” (Ef 1:23 – KJV). E é algo que todo discípulo tem, estando ou não consciente disso; mas é preciso olhos ungidos pelo Espírito para percebê-lo.

A Pedra cortada sem auxílio de mãos 

Daniel fala da pedra cortada sem auxílio de mãos, que cai nos pés da estátua, destruindo-a e substituindo-a. O “homem, que é da terra”, começando com a cabeça de ouro (o domínio babilônico), e se deteriorando para baixo pelo peito e os braços de prata (a dinastia medo-persa), e depois pela fase do bronze do domínio grego, atinge o ferro ou o tempo do império romano, que, dividido em duas pernas, finalmente chega à sua condição atual, subdividido em dez dedos (reinos). A pedra cai nos pés (isto é, o Ancião de Dias desce em juízo nesse estágio final) e “enche toda a Terra”.

A pedra sagrada do Islã 

A Caaba, ou pedra sagrada do Islã, é negra, pois a lenda diz que, embora tenha vindo do céu clara como cristal, os lábios dos pecadores tocaram-na tantas vezes que ela assim se transformou. Quão diferente é essa concepção de uma pedra daquilo que a santa Palavra nos revela – a natureza d’Aquele que poderia tocar o leproso sem Se contaminar. A Caaba contrai a poluição do pecador ao tocá-lo, mas a Pedra Viva, ao tocar um pecador, não é contaminada.

E não somente isso, mas quando cremos n’Ele, Ele transmite Sua própria natureza e características de tal maneira que o Espírito Santo pode dizer que “qual Ele é, somos nós também neste mundo” (1 Jo 4:17). Como resultado, somos chamados de pedras vivas, e, dispensacionalmente, tudo o que é verdadeiro para Cristo é verdadeiro para nós. Por isso, quando a arca passou pelo Jordão, doze pedras, representando o povo de Deus, são colocadas no leito do rio, e doze são retiradas do Jordão e colocadas na Terra Prometida. Somos, assim, vistos como ressuscitados juntamente com Ele e assentados “nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” (Ef 2:6). O termo “pedra viva” é muito peculiar, pois não existe nada tão “morto como uma pedra”: ele nos dá a ideia da imutabilidade da pedra combinada com a vitalidade e energia das naturezas superiores. Elias resgatou essa ideia quando construiu um altar de doze pedras no Carmelo, e o interesse especial ali é que, embora as tribos estivessem divididas e não mais existissem doze, ele ainda as representa – como Deus as vê e como a fé as apreende – “perfeitas n’Ele”.

J. C. Bayley (adaptado)

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