Origem: Revista O Cristão – Pedras

Pedras Preciosas – A Nova Jerusalém

Naquele dia em que a Igreja se manifestar em glória no Milênio com Cristo, o mundo conhecerá o fato maravilhoso de que “Eu dei-lhes a glória que a Mim Me deste” (Jo 17:22). É a glória que Deus deu a Seu Filho, como Homem, e não a glória incomunicável da Divindade, que pertence ao Senhor Jesus e que jamais pode ser dada. Mas a glória que o Filho do Homem adquiriu, com base na redenção, Ele pode e compartilha com Sua noiva comprada com sangue. Mas Ele diz mais: “Pai, aqueles que Me deste quero que, onde Eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a Minha glória que Me deste; porque Tu Me hás amado antes da criação do mundo” (Jo 17:24). Nós iremos ver essa glória, e mais do que isso, também iremos aparecer com Ele em glória. Você e eu, como pecadores, não somos aptos para essa glória, mas, em Romanos 5:1-2, temos: “Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo Qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de Deus”. Somos agora tornados perfeitamente aptos para ela por meio da obra do Senhor Jesus Cristo; então devemos nos apoderar e desfrutar dela.

“A sua luz era semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente” (Ap 21:11). A pedra de jaspe é usada na Escritura para aquilo que é expressivo da glória de Deus (Ap 4:3) e pode ser visto pela criatura. “A fábrica do seu muro era de jaspe” (v. 18). Seu muro e o primeiro fundamento (v. 19) são de jaspe. A glória de Deus é o fundamento e a proteção, bem como a luz e a beleza da cidade celestial, pois a Igreja é glorificada com Cristo na glória de Deus. Ela pertence a Deus. O Cristão é nascido de Deus e recebe a natureza divina concedida pelo novo nascimento. Somente o que é fruto da graça é visível neste capítulo; tudo é “como o cristal resplandecente”.

Os portões 

A cidade também é divinamente protegida, pois “tinha um grande e alto muro com doze portas, e, nas portas, doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos de Israel […] E o muro da cidade tinha doze fundamentos e, neles, os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (vs. 12, 14). Alguém escreveu: “Ela tem doze portas. Os anjos se tornam os porteiros da grande cidade, o fruto da obra de redenção de Cristo em glória. Isso marcou também a posse por parte do homem – colocado na assembleia para glória – do lugar mais alto na criação e da ordem providencial de Deus, administrada anteriormente pelos anjos. As doze portas são a perfeição humana no poder administrativo de governo. A porta era o lugar de julgamento. […] Havia doze fundamentos, mas estes eram os doze apóstolos do Cordeiro. Eles foram, em seu trabalho, o fundamento da cidade celestial. Assim, a criativa e providencial demonstração de poder, o poder administrativo de governo e a assembleia que um dia foi fundada em Jerusalém são colocados todos juntos na santa cidade, o trono estabelecido do poder celestial. Não é apresentada como a noiva, embora seja a noiva, a esposa do Cordeiro. Não está no caráter paulino de proximidade de bênção com Cristo. É a Igreja fundada em Jerusalém sob os doze – a sede organizada do poder celestial, a nova e agora capital celestial do governo de Deus”.

Os anjos 

O lugar que os anjos ocupam aqui é interessante. Eles são agora, e sempre foram, servos dos santos, conforme lemos: “Não são, porventura, todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” (Hb 1:14), e quando a Igreja for vista em glória refulgente, eles terão prazer em ser os porteiros da cidade celestial. Deus também não esquece Seu povo terrenal (Israel), nem os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro. O mundo não deve esquecer que os doze apóstolos que serviram ao Senhor e sofreram na Jerusalém terrenal são aqueles que, por seu ministério, fundaram a Jerusalém celestial, e, portanto, é apropriado que os nomes dos apóstolos apareçam nos doze fundamentos da cidade. Em Efésios nos é dito que somos “edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal Pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor” (Ef 2:20-21), o que corresponde plenamente à nova Jerusalém.

A cidade é igualmente vasta e perfeita, medida e pertencente a Deus. “E mediu a cidade com a cana até doze mil estádios; e o seu comprimento, largura e altura eram iguais” (v. 16). Ela era um cubo. Ora, um cubo é a mais perfeita figura, com todos os lados iguais – a expressão da perfeição. Não digo que seja uma perfeição divina, mas uma perfeição divinamente dada; por isso, é mencionada como um cubo. O Espírito de Deus Se deleita em mostrar a absoluta perfeição do lugar em glória que os santos têm diante de Deus na base da justiça divina.

O muro de jaspe 

“E a fábrica do seu muro era de jaspe, e a cidade, de ouro puro, semelhante a vidro puro. E os fundamentos do muro da cidade estavam adornados de toda pedra preciosa. O primeiro fundamento era jaspe; o segundo, safira; o terceiro, calcedônia; o quarto, esmeralda; o quinto, sardônica; o sexto, sárdio; o sétimo, crisólito; o oitavo, berilo; o nono, topázio; o décimo, crisópraso; o undécimo, jacinto; o duodécimo, ametista. E as doze portas eram doze pérolas: cada uma das portas era uma pérola; e a praça da cidade, de ouro puro, como vidro transparente.” (Ap 21:18-21)

Novamente para citar as palavras de outro: “A cidade foi formada, em sua natureza, na justiça e santidade divinas – ouro transparente como vidro. Aquilo que foi, agora, pela Palavra, operado nos homens aqui embaixo, e aplicado a eles, era a própria natureza de todo o lugar (compare Ef 4:24). As pedras preciosas, ou multiforme exibição da natureza de Deus, que é luz, em conexão com a criatura (vista na criação, Ez 28:13; em graça, no peitoral do sumo sacerdote, Êx 28:15-21), agora brilhava em glória permanente e adornava os fundamentos da cidade. As portas tinham a beleza moral que atraía – Cristo na assembleia, e de uma maneira gloriosa. Aquilo em que os homens andavam, em vez de trazer perigo de contaminação, era em si mesmo justo e santo. As ruas, tudo aquilo com que o homem tinha contato, eram santidade e justiça – ouro transparente como vidro”. O ouro, por toda a Escritura, é a justiça divina. O linho branco (ou resplandecente) é a justiça prática do homem. Quando a noiva veste o traje branco (“linho finíssimo, resplandecente e puro” Ap 19:8 ARA), trata-se de sua justiça prática. Se você colocasse um pedaço de linho branco no fogo, ele logo seria destruído; agora ponha um pedaço de ouro, e ele resistirá ao teste. Esse é o ponto. O ouro é a justiça divina, e você e eu estamos diante de Deus na base da justiça divina, em Cristo.

As pedras preciosas 

Como vimos, temos essas pedras preciosas na Escritura três vezes. No Jardim do Éden, elas estão relacionadas com a criação; depois em Êxodo 28, onde são vistas no peitoral do sumo sacerdote, trata-se evidentemente da graça concedida a um povo falho. Mas quando vemos essas mesmas pedras no fundamento da cidade celestial, o pensamento sugerido é a glória permanente. Essas pedras de variados matizes expressam as variadas qualidades de Deus, reveladas por meio do Seu povo. Haverá diferentes raios de Sua glória refletidos através do Seu povo, ilustrados por essas diferentes pedras preciosas, que são os emblemas empregados para manifestar o brilho dos santos de Deus em glória celestial e a forma como Ele exibe a beleza variada que Ele vê neles. Seria uma grande pena se todos os santos fossem como uma carga de tijolos – todos da mesma forma e cor. Assim como não existem duas folhas iguais em uma floresta, também não existem dois santos de Deus iguais. Todos são iguais em relação a serem salvos pela graça, mas são diferentes na expressão dessa graça.

W. T. P. Wolston (adaptado)

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