Origem: Revista O Cristão – Eva, Sara e Rebeca

Pela Fé, Também a Mesma Sara

Quanto à dispensação em que ele viveu, a perspectiva apropriada de Abraão era semelhante à do crente hoje, embora, é claro, sem o conhecimento ou a posse de qualquer uma das bênçãos que são nossas no Cristianismo. Nos dias de Abraão, como nos nossos dias da graça, Deus não estava reivindicando este mundo de maneira externa; ao contrário, ele estava chamando aqueles que andariam diante d’Ele em caráter de peregrino, renunciando à vantagens do presente para terem ganhos futuros. Como tal, sua fé era exemplar e sua conduta típica daqueles que eram “estrangeiros e peregrinos na terra” (Hb 11:13). Ele seguiu o chamado de Deus ao deixar Ur dos caldeus e, como está registrado, “saiu, sem saber para onde ia” (Hb 11:8). Ao nos colocarmos em suas circunstâncias, percebemos que deve ter sido uma prova real de sua fé no começo, deixar uma cidade relativamente bem desenvolvida daqueles dias e sair para viver uma vida pastoral em uma terra povoada por um povo que ele não conhecia e que também eram maus em suas crenças e comportamentos. Mesmo assim, ele foi obediente ao chamado de Deus, e sua fé serviu de exemplo para todos os que o seguiram na crença em Deus e em Sua Palavra. “De sorte que os que são da fé são benditos com o crente Abraão” (Gl 3:9).

Não é deste mundo 

O mundo de hoje, em seu caráter e comportamento, é praticamente o mesmo em que Abraão viveu. Aqueles de nós que vivem em áreas onde o evangelho tem sido pregado há muitos anos e onde o Cristianismo é bem conhecido, podem ser gratos por essa herança. No entanto, continua a ser verdade que, para o crente, “no mundo tereis aflições” (Jo 16:33). Além disso, ao orar a Seu Pai pelos Seus, nosso Senhor pôde dizer: [Eles] não são do mundo, assim como eu não sou do mundo” (Jo 17:14). Muitos queridos crentes, através dos tempos, tiveram que enfrentar a oposição de suas famílias, vizinhos e do mundo ao seu redor, sofrendo perseguição e até o martírio por causa de sua fé. Isso está acontecendo hoje em muitos lugares do mundo, e mesmo nos países ocidentais, a oposição ao Cristianismo e aos princípios Cristãos está crescendo. O mundo que rejeitou o Senhor Jesus quase 2.000 anos atrás não mudou em sua perspectiva.

Unidos 

Por tudo o que Abraão foi chamado a passar em sua vida diante do Senhor, é bonito e encorajador ver que Deus providenciou uma ajudadora para ele – alguém que compartilhava de sua fé e estava feliz em segui-lo em sua vida como peregrino e estrangeiro. É verdade que houve fracasso em sua vida, como ocorreu com Abraão, pois quando ela não foi capaz de ter um filho da maneira natural, foi Sara quem propôs dar sua criada Hagar a Abraão como esposa, para que ele pudesse ter um filho com ela. Quando o próprio Senhor, com dois anjos, visitou a casa de Abraão (Gênesis 18), é verdade que Sara riu sem acreditar quando ouviu a profecia do Senhor a respeito do filho que ela daria à luz. No entanto, ela agiu com o marido, mostrando hospitalidade aos estrangeiros que tinham vindo visitar sua casa, e, como lemos em Hebreus 13:2, eles “não o sabendo, hospedaram anjos”. Nós aprendemos com Hebreus 11:11 que ela “pela fé, também a mesma Sara recebeu a virtude de conceber e deu à luz já fora da idade; porquanto teve por fiel aquele que lho tinha prometido”. Mais tarde, quando estava na mente do Senhor enviar Hagar e Ismael para longe da casa, Sara estava mais na corrente dos pensamentos de Deus do que o marido, Abraão, e o Senhor lhe disse: “ouve a sua voz” (Gn 21:12). Em todas essas coisas, encontramos uma mulher que viveu na corrente dos pensamentos de Deus, assim como seu marido Abraão.

Submissão 

Mais do que isso, Pedro comenta sobre sua submissão ao marido, registrando que “Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor” (1 Pe 3:6). Como Sara era meia-irmã de Abraão, teria sido fácil, de maneira natural, considerar Abraão mais como um irmão do que como marido, mas reconheceu o comportamento adequado ao relacionamento em que havia entrado, e ela agiu em conformidade. Além disso, é interessante que, em conexão com Sara, Pedro continue dizendo: “da qual vós sois filhas, fazendo o bem e não temendo nenhum espanto” (1 Pe 3:6). Como já comentamos, o mundo ao redor de Abraão e Sara era perverso, e Deus acabaria por usar a nação de Israel para expulsá-los da terra por causa de sua extrema iniquidade. Pode ter sido tentador para Sara se envolver com seus maus caminhos, pois é uma tentação para as mulheres Cristãs de hoje adotar o pensamento e o estilo de vida do mundo ao seu redor. Mas Sara evidentemente tinha a mesma opinião que Abraão, pois olhou além do mundo atual e procurou “a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus” (Hb 11:10). Pedro, por sua vez, nos adverte a não ter medo de obedecer ao Senhor e caminhar diante d’Ele, fazendo o que é certo e não temendo as consequências.

Uma companheira 

A história de Abraão e Sara deveria ser um incentivo para nós hoje, quando Deus o chamou para deixar seu país de origem e caminhar diante d’Ele como peregrino e estrangeiro, Ele providenciou uma companheira para compartilhar de sua vida e caminhar com ele. Certamente, o Senhor é capaz de fazer a mesma coisa hoje e fornecer um parceiro de vida com quem possamos andar com o Senhor e servi-Lo. Nós também estamos cercados por um mundo hostil e que está rapidamente se tornando cada vez pior. No entanto, a Palavra de Deus permanece a mesma, e Ele é capaz, não apenas de fazer um caminho limpo para nós, mas de fornecer um cônjuge que também queira agradá-Lo.

Ao dizer isso, não estamos sugerindo que o Senhor sempre forneça uma esposa ou um marido simplesmente porque queremos. Não, Deus tem Seus próprios caminhos com cada um de Seus filhos, e nem sempre nos dá o que achamos que precisamos. Mas temos a certeza de que “não negará bem algum aos que andam na retidão” (Sl 84:11). Ao confiar no Senhor, como Abraão e Sara fizeram, também podemos ter a certeza de que Ele nos dará da melhor maneira possível, para Sua glória e para nossas bênçãos.

W. J. Prost

Compartilhar
Rolar para cima