Origem: Revista O Cristão – Dispensações
Pensamentos Sobre a Natureza Espiritual da Presente Dispensação
Tem sido o método invariável de Deus aproveitar a ocasião de cada falha sucessiva da criatura para manifestar mais claramente Suas próprias perfeições. Ao fazê-lo, Ele Se aproximou do homem e, ao mesmo tempo, aumentou progressivamente a responsabilidade do homem. A falha sempre foi da rebeldia do homem, enquanto a glória de tirar o bem do mal tem sido prerrogativa exclusiva de Deus. “Onde o pecado abundou, superabundou a graça”, embora isso seja verdade em bênçãos individuais para os eleitos de Deus, é especialmente verdade em cada sucessiva dispensação. Isso se estende desde a queda do homem até que na “plenitude dos tempos” quando “Deus enviou Seu Filho” (Gl 4:4), e espera o pleno desenvolvimento “na dispensação da plenitude dos tempos”, quando Ele “para a administração da plenitude dos tempos; encabeçará todas as coisas em o Cristo, as coisas nos céus e as coisas sobre a Terra” (Ef 1:10 – JND).
O progresso das dispensações
O progresso das dispensações divinas é assim resumidamente declarado pelo apóstolo na Epístola aos Hebreus – “Havendo Deus, antigamente, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos, nestes últimos dias, pelo Filho [na Pessoa do Filho – JND]” (Hb 1:1-2). O contraste aqui não é apenas entre os profetas e o Filho, mas também entre a plenitude da manifestação de Deus no Filho em comparação com o caráter parcial das manifestações anteriores. Elas eram apenas parciais. Em um momento houve uma revelação de misericórdia, em outro de poder, em outro de fidelidade; e também de formas que eram indicativas de sua obscuridade – em uma visão ou um sonho. Mas Jesus era “o resplendor da Sua glória” (Hb 1:3).
Esse progresso tem sido para uma maior intimidade (se a expressão puder ser usada reverentemente) entre Deus e o homem. Ele Se fez conhecido aos pais pelo nome de “Deus Todo-Poderoso” (Êx 6:3). Aos israelitas Ele foi dado a conhecer por Seu nome “Jeová”, um Deus santo e zeloso. O último testemunho para eles foi o de João Batista, e então outra dispensação foi anunciada. “A Lei e os Profetas duraram até João; desde então, é anunciado o [as boas novas do – JND] Reino de Deus, e todo homem emprega força para entrar nele” (Lc 16:16). Mas a dispensação não poderia passar sem a reivindicação da sabedoria de Deus nela, que era santa, justa e boa. Cristo a assumiu, e o que no homem havia falhado foi n’Ele magnificado.
A reivindicação da lei
Tendo estabelecido Sua exigência de ser “o Justo”, Ele ainda justificou a Deus na lei ao sofrer sua terrível maldição, e assim colocou-a de lado. É importante observar que a antiga dispensação foi completamente colocada de lado, não renovada ou alterada. Mas antes que o reino de Deus fosse estabelecido em poder, a morte de Cristo e o cumprimento da lei proporcionaram uma oportunidade para uma demonstração adicional do caráter de Deus. No final (no dia do Milênio), haverá o exercício do poder ativo e da justiça retributiva em Seu reino por Aquele que é digno de receber poder.
A dispensação que estamos é a intermediária. “Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1:17). Para que houvesse a manifestação pública da graça de Deus, era necessário que o homem fosse exibido em seu total desamparo e apostasia, mas também que a lei fosse colocada de lado. Agora vemos Deus apresentado em Cristo como “reconciliando Consigo o mundo”; e em vez de manter os pecadores distantes d’Ele, o vemos “anunciando a paz por Jesus Cristo”.
Dessa forma, aqueles que são atraídos pela graça de Deus devem exibir a presença de Deus no mundo. Como Deus Se manifesta na proximidade com o homem agora? Em Israel, Ele foi manifestado para estar perto deles por Sua proteção, mas não é assim agora. A dispensação é mudada da justiça ativa para a graça; Deus está deixando o homem caído sozinho, ao não interferir agora na vingança sobre os pecadores. Mas Deus, em toda a proximidade da graça, é realmente menos reconhecido do que em toda a distância que a lei havia feito entre Ele e o homem.
Deus conosco – Deus em nós
A razão é clara. A presença de Deus era então manifesta aos sentidos, mas agora no poder da libertação do mundo. Enquanto Jesus permaneceu na Terra, a presença de Deus era sentida, embora não reconhecida: “Deus Se manifestou em carne”. No entanto, era conveniente para Seus discípulos que Ele fosse embora – conveniente para eles! Era possível que eles tivessem Deus mais perto deles do que a Sua presença, cujo nome era “EMANUEL, (EMANUEL traduzido é: Deus conosco)”? Sim, até isso era possível e, portanto, era conveniente que Jesus ascendesse. Mas isso também foi para trazer mais proximidade de Deus ao homem. Tendo Deus com ele, ele deveria agora ter Deus nele.
“Exaltado… e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que agora vedes e ouvis” (At 2:33). Lá estava a Palavra cumprida, “E Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê, nem O conhece; mas vós O conheceis, porque habita convosco e estará em vós” (Jo 14:16-17). Esse, então, é o progresso da manifestação de Deus, marcado, de fato, não apenas pelo poder exterior, mas mais por Sua própria presença pressionando a consciência dos homens. Aqui mostramos claramente a maravilha de Deus em lidar com o mundo em graça e, no entanto, mostrar-Se em Seus santos que, “o Senhor é justo e ama a justiça” (Sl 11:7).
O Espírito Santo
Se Deus não está aqui, onde Ele está? E daí a profunda e solene importância de estar são na fé da divindade e personalidade do Espírito Santo. “porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado” (Jo 7:39). Certamente o Espírito Santo sempre foi o Agente de testemunho e graça, mesmo no Velho Testamento, pois Estêvão pôde dizer: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais” (At 7:51). Mas agora Ele é dado e habita na Terra. O entendimento disso revela o caráter e as bênçãos da presente dispensação.