Origem: Revista O Cristão – Perdão
O Perdão Administrativo
A Escritura considera a assembleia como aquela que administra o perdão neste mundo àqueles que estão fora, e este perdão é administrado na recepção de pessoas na Igreja professa. Esse caráter de perdão está ligado ao batismo. Foi dito a Paulo para que se levantasse e fosse batizado para ser lavado de seus pecados. Pedro, a quem foram confiadas as chaves do reino dos céus e dada a autoridade de ligar e desligar na Terra, admitiu judeus no reino em Atos 2 e gentios em Atos 10. A autoridade dada aos discípulos em João 20:23 parece também estar ligada à sua missão e ministério no mundo. “Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós” (Jo 20:21).
O ligar e desligar de Mateus 18:18 está mais em conexão com a Igreja atuando em disciplina, mas a distinção deve ser feita entre a assembleia e os discípulos administrando perdão àqueles que estão fora, em sua recepção dentro da casa, e a disciplina na casa de Deus, sob a autoridade de Cristo, pela manutenção da santidade entre aqueles que estão dentro.
Os Cristãos que estão dentro da casa já receberam o perdão administrativo e estão em lugar de responsabilidade, onde todos os privilégios desta dispensação são encontrados e desfrutados. Agora, o que aprendemos das epístolas aos coríntios quanto à disciplina, ou a responsabilidade da assembleia em relação aos pecados cometidos por aqueles que estão dentro? Em 1 Coríntios 5:12-13, o apóstolo declara: “Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora”. O mal não julgado na assembleia constituiu fermento no qual os coríntios estavam celebrando a festa, e o rumo da assembleia em relação a isso é claramente estabelecido: “Alimpai-vos, pois, do fermento velho”, “Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo”. Os santos foram identificados com o pecado e deveriam ter lamentado e se humilhado por causa disso, o que eles fizeram posteriormente (veja 2 Coríntios 7:7-11). Mas a casa de Deus não era lugar para esse pecado. “Com o tal nem ainda comais” marca a separação social; colocando-o fora do meio daqueles que estavam “dentro” marca a separação eclesiástica que deveria ser feita entre os santos e o que cometeu tal ato. Agora está perfeitamente claro que se a assembleia tivesse ligado o pecado, ou afastado e julgado um malfeitor, quando ele se arrependesse a assembleia deveria ter se regozijado em restaurá-lo, confortar e perdoar. Assim, em 2 Coríntios 2, o apóstolo instrui os coríntios a agir em graça, consolar e perdoar, com base na suficiência do castigo infligido.
A Escritura é repleta de exortações aos santos para que se relacionem uns com os outros em fidelidade e amor. Nós devemos lavar os pés uns dos outros, amar uns aos outros com um coração puro fervorosamente, a ser gentilmente amáveis uns aos outros em amor fraternal, em honra preferindo uns aos outros, a exortar um ao outro diariamente, a confortar uns aos outros, sermos amáveis uns aos outros, ternos, perdoar-nos uns aos outros, a advertirmos o indisciplinado, a consolarmos os débeis, a apoiarmos os fracos e a sermos paciente com todos, a carregar os fardos uns dos outros, e assim cumprir a lei de Cristo. Tudo isso vem sob o título da atividade individual no poder da graça de Deus. Se houvesse apenas um aumento dessas atividades santas e saudáveis de amor na vida privada, haveria muito menos tristeza pública ou necessidade de trazer casos diante da assembleia.
The Christian Friend, 1882 (adaptado)
