Origem: Revista O Cristão – Perdão

O Perdão Fraternal

O devedor dos dez mil talentos 

O devedor dos dez mil talentos em Mateus 18 nos instrui sobre a maneira como somos perdoados e recebidos no reino dos céus. Todos nós fomos perdoados mais do que jamais poderíamos, em nossa responsabilidade, pagar. Por esta razão, é nosso lugar sempre perdoar em nosso coração aqueles que nos ofendem.

A pergunta de Pedro: “Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei?” provocou uma resposta do Senhor na forma de uma parábola. A parábola nos ensina porque devemos perdoar e com que frequência. “Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas até setenta vezes sete”. Sete é o número da perfeição e setenta (dez vezes sete) é a perfeição em responsabilidade. O verdadeiro significado da resposta do Senhor não é apenas até 490 vezes, mas o número perfeito de vezes, que é sempre.

“Por isso, o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos” (v. 23). A parábola é uma descrição geral de todos os que estão no reino dos céus, não foi apenas uma resposta para Pedro e os discípulos.

Uma parábola com aplicação ampla 

A parábola tem uma ampla aplicação. Todos os que professam conhecer o Rei no céu são parte do reino dos céus. Todo aquele que entra no reino dos céus é recebido ali com base em ele ter sido perdoado. Todos os que estão no reino dos céus são como o devedor que foi perdoado. Nenhum entra com base no mérito. A recepção ao reino inclui aqueles que são verdadeiros crentes e aqueles que são meros professos. Ambos estão no lugar de terem recebido perdão governamental. Aqueles que são verdadeiros crentes e têm o Espírito Santo habitando neles também têm perdão eterno. Mas aqui ele está falando do perdão que todos recebem do Rei no céu. Eles são todos como o devedor que devia dez mil talentos.

“E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos” (v. 24). Uma pessoa serve como um exemplo de todos, porque “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Estamos todos reduzidos ao mesmo nível. E Deus oferece perdão a todos por meio do Senhor Jesus, que morreu por todos.

Quando o rei exigiu o pagamento, “Então, aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei” (v. 26). As consequências de não pagar a dívida, bem como sua incapacidade de pagar uma dívida tão grande, forçaram o devedor a implorar por mais tempo. Este foi pelo menos um reconhecimento do que ele devia. O rei perdoou o devedor porque ele foi “movido de íntima compaixão”, não porque o devedor pudesse pagar a dívida. Isso o fez devedor da misericórdia e do perdão do rei, em vez dos dez mil talentos. Ele ainda devia muito ao rei. A percepção disso nos ensina porque devemos perdoar. Embora Pedro achasse difícil considerar o perdão de muitas ofensas, isso o tornaria consciente de quanto Deus o havia perdoado e de sua obrigação de perdoar os outros por causa de Deus.

Uma atitude imperdoável 

A seriedade de manter uma atitude de não perdoar a outros é revelada nos versos seguintes, em que o servo não perdoaria ao seu conservo uma dívida muito menor. As mesmas palavras implorando por misericórdia foram agora dirigidas a ele: “Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei” (v. 29), mas ele não perdoou. Ele lançou-o “na prisão, até que pagasse a dívida”. Tal atitude era imprópria, embora os cem dinheiros lhe fossem realmente devidos. Ele se apropriou de forma errada do perdão que recebeu do rei e, portanto, deturpava a ele tratando assim seu conservo.

“Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então, o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti?” (vs. 31-33). O Senhor deseja que aqueles que estão em Seu reino mostrem a outros a mesma compaixão e perdão que eles mesmos receberam d’Ele. Se não perdoamos, estamos agindo de maneira contrária ao caráter e propósito do Seu desejo.

O remédio para um espírito não perdoador 

O verso seguinte descreve o remédio para aqueles que não são perdoadores para com os seus companheiros. “E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia” (v. 34). Esta é a maneira administrativa que Deus age, permitindo que “atormentadores” disciplinem aqueles que não perdoam outras pessoas. Isto pode ser feito em várias formas diferentes, como doença, perda de posses, perda do trabalho ou até mesmo ser levado pela morte. Não é uma questão de se eles são verdadeiramente Cristãos ou não. O rei soberano controla todas as coisas e pode trazer castigos para fazer com que Seus servos parem de usar de forma errada sua compaixão e perdão.

O Senhor Jesus termina a parábola com a admoestação: “Assim vos fará também meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas” (v. 35). Esta palavra é dirigida ao nosso coração. Embora seja verdade que é inapropriado mostrar perdão até que um erro seja confessado, este versículo fala do perdão do coração, independentemente da atitude do ofensor. Quando chega a hora em que o ofensor reconhece seu erro, o perdão pode ser estendido publicamente. Devemos ter o perdão vindo do coração, como expresso em Efésios 4:32, “sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo”.

D. C. Buchanan

Compartilhar
Rolar para cima