Origem: Revista O Cristão – Jerusalém

Perspectivas de Jerusalém

Nenhuma outra cidade é o ponto focal de tantos conflitos como Jerusalém. Judeus, Cristãos e muçulmanos reivindicam esta cidade como parte de sua religião. Desde 691 d.C. Os muçulmanos têm seu santuário sagrado, o “Domo da Rocha, no lugar do templo de Herodes, a nação de Israel agora tem o muro das lamentações, e próximo dali está a “Rotunda da Ressurreição” na Igreja do Santo Sepulcro. Sendo considerada como sagrada pelas três religiões, muitas guerras têm sido travadas para ganhar o controle do monte do templo. Com todas as contendas, é difícil conceber que o nome Jerusalém signifique “A cidade de Paz”. Os jebuseus a chamava de “Jebus”, e foi uma das últimas cidades a ser tomada deles nos tempos do rei Davi. Ela tem vários nomes nas Escrituras: “Sião”, “A cidade de Davi”, “Monte Moriá”, “Ariel” e “Oásis de Justiça”, apenas para citar alguns. Isaías fala de Jerusalém recebendo o “cálice da vacilação [atordoamento – ARA]da mão do Senhor, ainda depois, no mesmo capítulo, ele é retirado dela (Is 51:17, 22). Então em Zacarias 12:2 a profecia afirma que o Senhor irá fazer de Jerusalém um “copo de tremor” para os inimigos de Israel que fazem cerco contra Jerusalém. Na verdade, Jerusalém é o ponto focal dos projetos de Deus para o mundo.

A destruição de Jerusalém 

Após Sua rejeição em Jerusalém, o Senhor Jesus chorou sobre a cidade e pronunciou sua destruição, “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados! Quantas vezes quis Eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” (Mt 23:37). Em seguida, no evangelho de Lucas, Ele acrescentou sobre o templo, “Quanto a estas coisas que vedes, dias virão em que se não deixará pedra sobre pedra que não seja derribada” (Lc 21:6). O templo foi destruído cerca de 40 anos mais tarde. Deus permitiu que o templo durasse tempo o suficiente para que um testemunho claro de Cristo fosse pregado naquela cidade. Então, porque os Cristãos foram perseguidos, eles espalharam o Cristianismo por todo o mundo. Os Cristãos deixaram Jerusalém e levaram o evangelho para novas áreas, estendendo-se por todo o mundo. A rejeição do Messias trouxe julgamento – a destruição de Jerusalém. Somente nos últimos anos, já na minha geração, Deus permitiu que os Judeus tivessem a cidade de volta com uma certa medida de controle. O Senhor disse que ela iria ser pisada pelos gentios até que os “tempos dos gentios” fossem cumpridos (Lc 21:24). Muita especulação é feita, tanto entre os Cristãos quanto entre os Judeus sobre a construção de um novo templo.

A profecia de Ezequiel 

Ezequiel profetizou que o templo de Jerusalém seria derrubado três vezes: “Eu o transtornarei, transtornarei, transtornarei; também o que é não continuará, até que venha Aquele a Quem pertence o direito; e Lho darei a Ele” (Ez 21:27 – TB). O templo foi destruído duas vezes. Será que não podemos concluir que o templo será construído novamente e destruído mais uma vez, antes que o Senhor venha, que é Quem tem o direito sobre ele? O cenário está sendo montado para que tudo isso aconteça; o principal obstáculo é o santuário que os muçulmanos têm neste local.

Outros artigos desta publicação irão relatar a história das guerras e ocupações da cidade de Jerusalém por várias nações. No ano de 1099 os Cristãos tomaram Jerusalém dos muçulmanos pela primeira vez. Anos depois outras cruzadas foram feitas pelos Cristãos para retomar a cidade dos muçulmanos e reivindicá-la para a fé Cristã. Anos mais tarde, após a reforma Cristã, muitos reis e pessoas de grande riqueza fizeram peregrinações à Jerusalém como um símbolo de homenagem à cidade. Isso leva à questão de como nós Cristãos devemos considerar a cidade de Jerusalém. Será que ela deve ser considerada por nós como um local sagrado, ou ela é somente para os Judeus? Cristãos devem tomar para si a causa de remover o santuário sagrado dos muçulmanos do monte do templo? Jerusalém tornou-se realmente o ponto de discórdia entre estas três religiões. Eventos dos dias atuais indicam que não estamos longe do tempo quando esse tema se tornará um assunto de guerra. Para responder a estas perguntas, é necessário entender a diferença entre a vocação terrenal de Israel e a vocação celestial da Igreja.

Uma nova Jerusalém 

Nós, genuinamente, apreciamos o zelo de nossos antepassados Cristãos, que não entendiam a diferença entre a Jerusalém terrenal para Israel e a Jerusalém celestial para a Igreja. Eles procuraram, em nome de Cristo, possuir e preservar a cidade na Terra para àqueles que criam na fé Cristã sem este entendimento. Mas agora, no último século e meio, Deus nos deu mais esclarecimento. Temos um ensino claro sobre o chamado celestial da Igreja como distinto dos caminhos dispensacionais de Deus para com Israel. Devemos muito àqueles que buscaram essas verdades que nos elevam acima da esfera terrenal, para que possamos apreciar a cidade celestial para a qual somos chamados. Isto muda completamente a perspectiva das coisas pelas quais lutamos. “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima e não nas que são da Terra” (Cl 3:1-2). “Mas chegastes ao monte Sião [o monte de graça], e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos milhares de anjos” (Hb 12:22). Nosso Salvador subiu ao céu e nos prometeu a Jerusalém celestial. Enquanto cremos que o Senhor irá trazer todo Israel de volta para serem abençoados ao redor de Si mesmo em Jerusalém na Terra, Cristãos não são chamados para lutarem em guerras santas de combate físico, pela Jerusalém na Terra. Temos uma cidade melhor, uma Jerusalém celestial. Nossa guerra é espiritual (Ef 6:12). Ao dizer estas coisas, não estamos de nenhuma maneira, buscando desanimar o povo escolhido de Deus, os Judeus. Ele prometeu abençoar àqueles que os abençoar e amaldiçoar àqueles que os amaldiçoar. Mas não confundamos as promessas para Israel com aquelas dirigidas aos Cristãos. Que possamos nos apossar daquilo que o Senhor nos deu para desfrutarmos.

A volta dos Judeus 

A providência de Deus está permitindo que muitos Judeus retornem para a terra que foi prometida a eles. Isso foi predito na Escritura quando é mencionada a figueira, que é uma figura de Israel como nação. “Aprendei, pois, esta parábola da figueira: quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão. Igualmente, quando virdes todas essas coisas, sabei que ele está próximo, às portas” (Mt 24:32-33). A restauração dos Judeus à sua terra é do nosso interesse, não porque nos envolve, mas porque esses eventos precedem as bênçãos que virão para Israel. Mas isto não é incentivo para que os Cristãos construam um templo para uma nação que ainda rejeita a Jesus Cristo como o seu Messias. Ninguém, além do próprio Senhor Jesus, será capaz de torná-la novamente em uma cidade de paz.

Poucas nações são favoráveis ao Estado de Israel hoje. Quase todos os anos resoluções são levadas às Nações Unidas contra Israel. Entre as denominações protestantes existem diversas opiniões sobre a nação de Israel. Entre muitas denominações Cristãs, entretanto, existe um grande apoio a Israel. Algumas vão longe o bastante até chegarem ao ponto de querer ajudá-los a reconstruir o templo em Jerusalém.

Outro templo 

Eventos mostram que provavelmente um templo será reconstruído em Jerusalém, e a Escritura aparenta indicar que isto realmente ocorrerá. Se isso acontecer com os Judeus sendo ainda incrédulos, podemos ter certeza que este templo será derrubado, como vimos em Ezequiel. Deus não permitirá que esta obra prospere, já que ela não dará ao Senhor Jesus Cristo o Seu devido lugar. Porém o nosso lugar como Cristãos não é o de ficar construindo edifícios em uma cidade na Terra, temos a doce certeza de que a qualquer momento o Senhor Jesus virá buscar o Seu povo celestial, a Igreja, para a casa do Pai no arrebatamento (1 Ts 4:16-17).

A Jerusalém celestial 

Existe uma visão profética da Igreja de Deus durante o reino milenar de Cristo em Apocalipse 21:9-27. Ela é apresentada como uma cidade descendo do céu para administrar, em justiça, através das doze portas. Esta será a porção dos santos celestiais. Embora a linguagem em Apocalipse seja simbólica, é fácil entender em nossa mente qual é o tipo de relacionamento celestial que teremos com Cristo, enquanto Ele reina sobre a Terra. Também haverá uma cidade da Jerusalém terrenal, onde todas as nações irão trazer suas glórias para honrar ao Senhor, e águas de bênçãos fluirão para todos que vierem adorar ao Senhor na Jerusalém terrenal (Zc 14). Então ela será a “cidade de paz”. Que Ele possa nos ajudar a andar de acordo com nosso chamado celestial.

D. C. Buchanan

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