Origem: Revista O Cristão – A Ressurreição
O Poder da Ressurreição
Quão pouco nós, como santos, percebemos que um novo poder já entrou neste mundo de morte! O homem tem um vago pensamento de ressurreição em um dia futuro. Nós também podemos frequentemente falar disso como uma doutrina, mas há mais – o poder foi realmente manifestado aqui.
O poder da morte
Estamos bem familiarizados com outro poder operando ao nosso redor – o poder da morte. É um poder temido pelo homem, mas familiar a ele, que muitas vezes prende sua atenção. As flores e grinaldas colocadas sobre o caixão e a sepultura são símbolos da atenção que a morte recebe. É apenas o conhecimento do novo poder que pode desviar nossa atenção, mas muitas vezes somos realmente tão ignorantes quanto as pobres mulheres afetuosas que foram com suas especiarias e unguentos ao sepulcro. Em Lucas 23:55-56, nós as vemos ocupadas com a morte – morte em uma forma nada comum, mas ainda assim com a morte; elas “viram o sepulcro e como foi posto o Seu corpo”. Então elas voltaram e prepararam especiarias e unguentos, mas o resto do dia de sábado impede que elas façam o que seria totalmente fora de caráter. Deus ordenou que o Senhor fosse ungido para Seu sepultamento não no túmulo, mas na casa em Betânia, onde a presença de Lázaro atestava o poder da ressurreição e onde o cheiro do unguento que Maria derramou sobre Aquele que é a ressurreição e a vida encheu a casa.
Um novo poder
Essas queridas mulheres ainda estão ocupadas com o poder adverso ao irem ao sepulcro no início da manhã do primeiro dia da semana. Lá elas descobrem que esse novo poder tinha sido exercido – a pedra foi removida, e elas não encontram o corpo do Senhor Jesus. Mas elas ainda não estão familiarizadas com isso; pelo contrário, elas estão “perplexas a esse respeito”. E certamente podemos nos perguntar se, em meio à perplexidade causada pelo poder adverso que opera aqui, sabemos o que é ter confiança no Deus da ressurreição. Como poderia o poder da morte reter Aquele que vive? E, no entanto, essas mulheres devotas buscavam o Vivo entre os mortos. Elas não precisavam ter sido ignorantes, pois os anjos lembram as palavras que Ele havia dito na Galileia: “Convém que o Filho do Homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e, ao terceiro dia, ressuscite”.
Incredulidade
As mulheres se lembram das palavras d’Ele e se retiram do sepulcro para levar as notícias aos onze e aos demais. Com que incredulidade elas são recebidas! “E as suas palavras lhes pareciam como desvario”, pois eles ainda não estavam conscientes do poder que já havia operado nessa cena de morte. Há uma estranha incredulidade no coração do homem quanto à operação do Deus da ressurreição, e, no entanto, sem se elevar em pensamento aos conselhos de Deus assegurados nela; quão frutífera ela já tem sido para nós. Ela nos devolveu Jesus, um Homem vivo e abençoado, tal como os discípulos O haviam conhecido nos dias de Sua carne – em vida de ressurreição, é verdade, mas o mesmo Jesus, que já não morrerá mais. Isso é retratado para nós no que se segue.
Jesus andando e falando
Dois discípulos estão indo para Emaús, falando de tudo o que havia acontecido, quando “Jesus Se aproximou e ia com eles”. Assim como no início deste evangelho, foi dito aos pastores: “vos nasceu hoje o Salvador” – e o sinal para eles era “o Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura”. “Uma vez deitado em uma manjedoura, para que Tu pudesses estar conosco”, assim, no final da narrativa, Aquele que mãos iníquas haviam tirado daqueles tristes discípulos é devolvido a eles pelo poder da ressurreição. Ele anda e conversa com os viajantes abatidos até que o coração arde dentro deles, embora ainda não O reconheçam, pois questionamentos ainda ocupavam a mente deles. Uma visão de anjos havia sido vista, dizendo que Ele estava vivo. Se esses dois tivessem acreditado nesse relato, isto os teria detido em Jerusalém em atitude de expectativa. O fato é que outro motivo os leva para outro lugar. Que ternura de amor foi essa que se aproximou e caminhou com eles! Ele tem que chamá-los de insensatos e incrédulos, e podemos trazer Suas palavras para o nosso próprio coração quando deixamos de compreender, em alguma medida, o caminho que Ele trilhou. Como na Galileia, agora Ele precisa falar da necessidade de Seus sofrimentos. Porventura não convinha que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na Sua glória? Mas Ele Se detém no caminho antes de entrar na glória, para poder andar, conversar, comer e beber com eles após a ressurreição. O mesmo Jesus lhes é conhecido no ato familiar de partir o pão. Que poder já entrou nessa cena! Que companhia nova com Jesus ele concedeu, ainda que de uma nova ordem! Que promessa temos do que será desfrutado para sempre com Ele próprio. Que Ele interprete isso ao nosso coração.